O lado negativo de ‘juntar os trapos’ antes de casar

Por , em 1.05.2012

Juntar os trapos e ir morar com o parceiro antes do casamento pode parecer uma boa forma de “testar” se o relacionamento vai dar certo. Mas muitos casais que passam anos juntos morando debaixo do mesmo teto se divorciam pouco tempo depois do casamento.

Morar junto com um parceiro sem estar casado é uma prática cada vez mais comum. Só nos Estados Unidos, a coabitação aumentou em mais de 1.500% no último meio século. Em 1960, cerca de 450 mil casais não casados viviam juntos no país. Hoje, o número é de mais de 7,5 milhões.

Estatísticas apontam que a maioria dos jovens adultos na faixa dos 20 anos vai viver com um parceiro romântico pelo menos uma vez na vida, e mais da metade dos casamentos acontecem depois que o casal já mora junto. Essa mudança tem sido atribuída à revolução sexual e ao eficiente controle de natalidade. Além disso, dividir as contas torna a coabitação atraente.

Em uma pesquisa realizada em 2001 nos EUA, quase metade dos adultos na faixa dos 20 anos concordaram que só dá para casar com alguém se essa pessoa tiver aceitado morar com você antes, para que seja possível descobrir se o casal vai se dar bem dormindo sob o mesmo teto. Cerca de dois terços dos entrevistados disseram que morar juntos antes do casamento era uma boa maneira de evitar o divórcio.

Mas essa crença é contrariada pela experiência. Os casais que coabitam antes do casamento (e especialmente antes de um noivado ou compromisso) tendem a ser menos satisfeitos com seus casamentos, e mais propensos ao divórcio. Esses resultados negativos são o chamado “efeito coabitação”.

Pesquisadores originalmente atribuíam o efeito coabitação a ideia de que os casais que moravam juntos tinham ideias menos convencionais sobre o casamento, sendo, portanto, mais abertos ao divórcio. No entanto, como a coabitação virou uma coisa comum, estudos indicam que o efeito não é totalmente explicado por características individuais como educação, religião ou política. Pesquisas sugerem que pelo menos alguns riscos podem estar na coabitação em si.

Em parte isso acontece porque a coabitação é algo que “simplesmente aconteceu” durante o namoro, sem uma decisão pensada de um dos lados. O casal começa a ir dormir um na casa do outro para ficarem juntos e porque é mais barato e conveniente. O divórcio também pode ser prático quando o relacionamento não dá mais certo.

Os parceiros geralmente têm visões diferentes da coabitação, mesmo que inconscientemente. As mulheres são mais propensas a ver a coabitação como um passo para o casamento, enquanto os homens são mais propensos a ver isso como uma maneira de testar o relacionamento ou de adiar um compromisso mais sério.

Essa diferença pode criar menores níveis de compromisso mesmo depois que a relação progride para o casamento. Mesmo assim, homens e mulheres concordam que os padrões de vida em um casamento devem ser mais regrados do que enquanto eles apenas moram juntos.

A coabitação é divertida e econômica, mas pode trazer riscos. Depois de anos vivendo juntos entre colegas jovens da mesma idade, o casal pode começar a compartilhar tudo o que leva para a casa, desde animais de estimação até móveis. Mais tarde, isso pode gerar um grande impacto na probabilidade de separação. Quando se tem os mesmos amigos, mobília e animais, é muito difícil romper com a relação.

Algumas pessoas afirmam que nunca teriam se casado se não tivessem vivido juntos em um relacionamento de alguns meses. Outros querem se sentir comprometidos com os parceiros, mas preferem não assumir o compromisso do casamento.

A coabitação está aqui para ficar, mas há coisas que os jovens casais precisam discutir para proteger seus relacionamentos dos seus males. É importante discutir a motivação de cada pessoa e o nível de comprometimento quando passam a morar juntos. Ou seja, é necessário ver se a coabitação será um passo intencional em direção ao casamento, e não apenas um teste. [NY Times]

Agradecimento: ao Diego Willrich, pela dica de artigo.

6 comentários

  • Lulu:

    Essa parte do animal de estimação é a mais difícil… por um tempo precisei compartilhar a guarda do meu cachorro rs

  • Angel M.:

    Se a experiência de morar junto com o parceiro (a) for boa ou ruim só depende das pessoas em questão, afinal ninguém é igual!

    Meu namorado e eu praticamente vivemos juntos e eu acho maravilhoso. Adoro passar meus dias ao lado dele e tenho certeza que assim será sempre.

  • Persefone:

    No meu caso foi ótimo morar com meu marido antes de casar, já namorávamos e éramos noivos há um tempo e quando ele voltou para nossa cidade, ou comprávamos o apartamento ou fazíamos a festa de casamento e optamos pelo apartamento, que ao meu ver e dele a prioridade era a moradia própria que uma festa, que para a família dele era muito importante. Sendo assim, fomos morar juntos e aí começamos a capitalizar para o casamento e em dois anos nos casamos no civil, com um almoço e uma festa de noite.
    Para mim não mudou nada, estamos juntos há nove anos, casar não perdeu a graça, ao contrário, e temos uma filhinha linda.
    Então, no meu caso pelo menos, foi uma questão de escolha e planejamento e não um “test drive”. Se tivéssemos condições na época teríamos nos casado também.

  • Gustavo:

    Eu coabito há 5 anos e digo que nessa situação, casar com o mesmo parceiro perde a graça. Pois o casamento não iria acrescentar nada de novo… Casamento é legal se realizado como antigamente, quando o casal só se conhecia na intimidade após o mesmo.

  • Alexandre:

    Ter que ficar andando de loja em loja de shoppings lotados para a patroa experimentar roupa só prá ver como fica (ao invés de andar de bike), ter horários extremamente controlados prá tudo para a patroa não ficar zangada (patroa zangada = não vai ter sexo!), ter que agir como um príncipe do século 18 caso contrário seria deselegante, e o pior de tudo: Ser obrigado a ‘emprestar’ grana pro ‘sogro’…
    Apenas essas simples coisinhas faz com que eu adore ser solteiro por toda a minha existência!

  • luysylva:

    intimidade é um ó mesmo!

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