Software reconhecerá rostos em pinturas antigas

Por , em 16.05.2012

O Fundo Nacional para Humanidades (NEH, na sigla em inglês), órgão ligado ao governo dos Estados Unidos, vai liberar uma verba de 25 mil dólares (equivalente atual a 50 mil reais) para uma proposta inovadora: a criação de um programa de computador que reconhece rostos de pessoas célebres do passado em pinturas antigas.

O projeto, idealizado por pesquisadores da Universidade da Califórnia, em Riverside, EUA, une dois atributos: a antiga necessidade da História da Arte em buscar novas fontes de pesquisa em rostos humanos, com as recentes tecnologias na área.

Câmeras fotográficas modernas já são capazes, há anos, de identificar rostos em uma imagem. Esta ferramenta, aliás, é usado pelo governo americano para missões menos amistosas, tais como reconhecer rostos de terroristas ou criminosos procurados em meio a multidões.

A motivação dos pesquisadores americanos, por outro lado, é abrir um novo leque de estudos históricos. Em uma pintura de igreja da Idade Média, por exemplo, espera-se que seja possível separar rostos conhecidos de desconhecidos, descobrir porque as pessoas anônimas estavam na cena e qual a relação entre os personagens retratados.

Uma dificuldade em três dimensões

Estas tecnologias, por mais avançadas que sejam, são programadas para reconhecer rostos humanos reais, ou seja, uma imagem em três dimensões. Será que o mesmo princípio pode ser usado para detectar rostos em pinturas, feitas em apenas duas dimensões?

Felizmente, uma tradicional prática ocidental será uma mão na roda para os pesquisadores: a máscara mortuária. Desde a antiguidade, algumas civilizações têm o costume de cobrir a face de um recém-falecido com gesso ou argila, afim de fazer um molde que serve para retratos e esculturas.

Muitas destas máscaras foram preservadas (confira esta galeria de famosos “eternizados” através deste método). Como se trata de objetos tridimensionais, elas serão o teste inicial do software: se o programa conseguir reconhecer o rosto nessas condições, a equipe passará à prova de fogo, que são as imagens 2D em telas, paredes ou outras superfícies planas.

Metas ambiciosas são projetadas

Parte da dificuldade é o fato de que uma pintura, para início de conversa, pode não corresponder à realidade da época. Sabe-se, por exemplo, que a Rainha Elizabeth I, da Inglaterra (1533 – 1603), costumava pedir que a retratassem mais jovem e mais saudável (seu rosto tinha marcas da varíola contraída na juventude). Quem garante que outros nobres e plebeus não fizeram o mesmo ao longo dos séculos?

Por essa razão, os pesquisadores querem conceber um software amplo. Em um estágio mais avançado, que seja capaz de decodificar também traços arquitetônicos ou semelhanças em manuscritos.

Um método que, conforme eles explicam, pode tirar os historiadores do campo da suposição em um incontável número de pesquisas. [Live Science, Yahoo! Brasil, NEH, Never Yet Melted]

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