Por milênios, seres humanos contam histórias fabulosas sobre mundos perdidos, lendas de reinos escondidos.
Os primeiros contos de excursões inacreditáveis para reinos e civilizações desenvolvidas apareceram em uma época em que grande parte do mundo era desconhecida – e tudo parecia possível. Da história de Platão sobre Atlântida aos contos de Mandeville sobre homens com cabeça de cachorro, sociedades e mais sociedades ingeriram essas lendas sem encontrar boas razões para duvidar de sua verdade.
Mesmo contos mais recentes, do século XVIII, sobreviveram e foram acreditados porque muitas partes do mundo, como a Austrália, África, América do Sul e grande parte da Ásia, permaneciam em grande extensão inexploradas.
Ainda em meados do século XIX, romances de locais perdidos explodiam através dos contos de Jules Verne, H. Rider Haggard, Arthur Conan Doyle e H.G. Wells, ainda que tenha ficado claro que os mundos dessas histórias nunca existiram.
Hoje, o fascínio desses romances parece estar em baixa, mas a força atrativa dessas lendas, embora adormecida, permanece em nossos corações. Confira 10 terras perdidas que até hoje “procuramos”:
Lendárias Terras perdidas
1. Lemúria
Lemúria, ou Mu, é um continente que teria sido engolido pelo mar, e encontra-se agora sob o Oceano Índico ou Pacífico. A ideia teve origem no século XIX, pela teoria geológica do Catastrofismo, mas desde então foi adotada por escritores do Oculto, assim como pelo povo Tâmil, da Índia.
A famosa teósofa Madame Blavatsky alegou que os lemurianos eram criaturas semelhantes a macacos gigantes que tinham o dom da telepatia. Já em um livro chamado “Continente Perdido de Mu”, um escritor afirmou que toda a humanidade tem suas origens no Mu, que tomava uma região que ia do Havaí a Ilha de Páscoa e Fiji. Supostamente, o continente foi completamente destruído 12.000 anos atrás por um terremoto enorme, e afundou no mar (um continente inteiro afundado no mar é considerado, hoje, uma impossibilidade pela maioria dos cientistas).
Atualmente, o grupo Stelle nos EUA afirma ser descendente dos lemurianos. De acordo com este grupo, os lemurianos escaparam da Terra após a catástrofe, e desde então têm vindo orientar o destino de multidões escolhidas, como eles.
2. Cibola
Os conquistadores espanhóis do século 16 procuraram as lendárias sete cidades de ouro, como Cibola, na América do Norte, conhecidas por sua riqueza e brilho.
O mito das Sete Cidades de Ouro originou-se por volta do ano 1150 quando os mouros conquistaram Mérida, na Espanha. De acordo com a lenda, sete bispos abandonaram a cidade, não só para salvar suas próprias vidas como também para prevenir os muçulmanos de obterem relíquias sagradas religiosas. Anos depois, um boato circulou que, em uma terra distante – um local desconhecido para as pessoas da época-, os sete bispos haviam fundado as cidades de Cíbola e Quivira.
A lenda diz que ambas enriqueceram-se muito, principalmente graças a pedras preciosas e ouro. Por isso, muitas expedições foram organizadas em busca das cidades ao longo dos séculos.
Eventualmente, a lenda cresceu a tal ponto que ninguém mais falava a respeito de Quivira e Cíbola apenas. Referiam-se a sete cidades magníficas feitas de ouro, uma para cada um dos bispos que deixaram Mérida.
Cibola estava possivelmente relacionada à Aztlan, a terra de sete cavernas a partir da qual os astecas teriam emigrado para o México.
Antonio de Mendoza, vice-rei da Nova Espanha, enviou a primeira expedição para encontrar essas cidades perdidas em 1539, depois que um certo frade disse ter as vislumbrado no horizonte.
Em 1540, uma segunda força expedicionária foi enviada, sob o comando de Francisco de Coronado. Ela causou um encontro com o povo Hopi, que os espanhóis foram informados ser a tribo que durante séculos esteve aguardando o retorno do Irmão Branco, Pahana. O grupo de espanhóis explorou a região até o Texas, mas não conseguiu encontrar qualquer uma das lendárias cidades de ouro. Esta lenda é comparável à de El Dorado.
3. Shambala
Shambala é o nome sânscrito de uma terra mística, localizada entre montanhas nevadas, com uma cidade de ouro em seu centro. Ela aparece em textos sagrados e está presente em diversas tradições do Oriente.
Ela tem sido procurada em quase todos os lugares. Do deserto de Gobi ao Tibete, Afeganistão e China, exploradores têm marchado em vão.
Expedições às vezes desapareceram sem deixar vestígios. Aparentemente, pode-se voar sobre Shambala em uma aeronave e ainda assim não vê-la, já que suas fronteiras são cuidadosamente guardadas e protegidas da visão humana.
Em 1928, Nicholas Roerich disse que lhe informaram que Shambala pertencia a outra dimensão, e que somente aqueles que estavam preparados espiritualmente eram capazes de encontrá-la, já que esta pode ser perdida e achada inteiramente na mente. Roerich também encontrou um misterioso lama na estrada de Darjeeling Ghum na Índia, que mais tarde monges lhes disseram ter vindo de Shambala.
4. Agharti
Lendas dizem que Agharti é um mundo subterrâneo, ligado aos quatro cantos da Terra através de uma intrincada rede de túneis. Descrevendo uma terra habitada por pessoas amantes da paz e gentileza, melhores do que as pessoas que vivem acima do solo, o mito parece ser muito antigo.
Platão falou de túneis largos e estreitos localizados debaixo da terra, governados por um líder maravilhoso, que fica no centro da Terra. Algumas centenas de anos mais tarde, Plínio mencionou pessoas que fugiram para o subterrâneo depois de Atlântida ser arruinada.
Alguns tradicionalistas esotéricos ainda alegam que Agharti realmente existe. De acordo com esses crentes, os atlantes fugiram para a Ásia por um túnel sob o Himalaia, esperando pacientemente pelo dia em que pudessem surgir mais uma vez para dominar o mundo.
5. Hy-Brasil ou Ilha Brasil
Europeus nutrem há muito tempo um fascínio sobre um país mítico supostamente localizado em algum lugar sobre o Atlântico norte.
Uma lenda irlandesa fala sobre Hy-Brasil, uma ilha coberta de névoa que só pode ser vista uma vez a cada sete anos, e que nunca foi alcançada. Expedições saíram de Bristol na década de 1480, mas sempre voltaram sem prova da ilha lendária.
Há inúmeras variações sobre essa ilha fantasma, como Ilha Brasil, Ilha do Brazil, Ilha de São Brandão, Brasil de São Brandão e Hy Brazil. Ela fica aparentemente no Oceano Atlântico, ligada à tradição de São Brandão das terras afortunadas a oeste do continente europeu.
Em 1674, um capitão de nome John Nisbet alegou que tinha visto a ilha durante uma viagem entre a Irlanda e a França. Ele afirmou que a ilha era habitada por grandes coelhos pretos, e um mágico que vivia em um castelo de pedra. Nos últimos tempos, no entanto, tem sido sugerido que Hy-Brasil é, na verdade, o banco de areia Porcupine Bank, que realmente existe e fica 200 quilômetros a oeste da Irlanda.
6. Lyonesse
Casa de Sir Tristan, um dos lendários cavaleiros da távola redonda do Rei Arthur, Lyonesse é um país fictício localizado perto de Cornwall (condado da Inglaterra). Embora a sua localização exata não seja especificada, diz-se que afundou no mar, assim como a cidade de Ys, de acordo com contos celtas. Lord Tennyson descreveu Lyonesse como o local da batalha final de Arthur, em que ele foi mortalmente ferido.
Como a lenda do naufrágio Lyonesse aparece na mitologia da região, tem sido sugerido que a história representa um exemplo extraordinário de memória popular e tradição de história oral; pensa-se que ela pode ter suas origens na enchente histórica das ilhas da Sicília e Mount’s Bay, em Penzance (Inglaterra).
Hoje, Lyonesse é firmemente enraizada nas tradições de Cornualha, e vinculá-la às ilhas da Sicilia parece o passo mais lógico. Ao redor da terra principal das ilhas, ainda é possível encontrar fósseis de uma antiga floresta, cheia de árvores carregando nozes.
7. Cantre’r Gwaelod
Cantre’r Gwaelod é um antigo reino lendário afundado, supostamente localizado na área entre as ilhas Ramsey e Bardsley, a oeste do País de Gales. Este reino aparece no folclore, literatura e música da região, e acredita-se estar sob as águas da Baía de Cardigan.
Os mais populares mitos afirmam que a terra foi fortificada contra o mar por um dique. Um príncipe chamado Seithenyn, descrito como um bêbado e mulherengo, estava no comando do dique, e, devido à sua negligência, o mar atravessou os portões e arruinou o reino. Mesmo que não haja nenhuma evidência física confiável de que Cantre’r Gwaelod esteja sob a baía, tem havido vários relatos de avistamentos de habitações humanas, muros de pedra e calçadas afundados.
8. El Dorado
Quando os espanhóis invadiram o México no século 16, ouviram rumores de uma fabulosa cidade pavimentada com ouro governada por um rei-sacerdote chamado El Dorado, ou Rei de Ouro, cujo corpo era coberto com ouro em pó.
Essa antiga lenda narrada pelos índios na época da colonização das Américas falava de uma cidade cujas construções eram todas feitas de ouro maciço, e cujos tesouros existiam em quantidades inimagináveis.
Por conta disso (dentre outras coisas), Francisco Pizarro invadiu o Peru, notoriamente dominando a civilização Inca com uma série de assassinatos, brutalidades e enganações. Ele de fato encontrou um pouco de ouro no país, mas de nada lhe adiantou, já que foi assassinado em 1541.
Séculos mais tarde, o Novo Mundo ainda estava sendo saqueado e seus habitantes assassinados, já que os europeus continuaram sua busca pela lendária cidade.
Alguns diziam que ela estava onde atualmente é o Deserto de Sonora no México, outros acreditavam que ela estava na região das nascentes do Rio Amazonas, ou ainda em algum ponto da América Central ou do Planalto das Guianas, região entre a Venezuela, a Guiana e o Brasil (no atual estado de Roraima).
Mesmo que alguns fatos suportem esta lenda – e certamente muito ouro e prata foram descobertos nas Américas em territórios como o Alto Peru, Sudeste do Brasil (Minas Gerais) e nas regiões onde viviam as civilizações asteca, inca e maia -, não existe prova real da existência de El Dorado.
Com o passar dos anos, a cidade tem se estabelecido como tradição mítica das Américas. No entanto, ainda hoje muitos acreditam que ela existe, e que está só esperando para ser encontrada pelo aventureiro certo, na hora certa.
9. Avalon
A maioria dos pesquisadores acredita que Avalon foi derivada da palavra galês “afal” ou “abal”, que significa maçã. É uma ilha lendária, o lugar onde a espada do Rei Arthur, Excalibur, foi forjada, e onde Arthur foi levado para se recuperar após a Batalha de Camlann.
Nas mitologias de Cornualha, assim como nas lendas galesas e bretãs, Arthur nunca morreu. De acordo com as tradições, ele vai voltar para conduzir seu povo mais uma vez.
Avalon tornou-se associada com Glastonbury (pequena cidade do Condado de Somerset, na Inglaterra) em 1190, quando monges da região alegaram ter encontrado os restos mortais de Arthur e sua rainha. O escritor Gerald of Wales afirmou que Glastonbury se chamou, em tempos antigos, Ilha de Avalon. Séculos atrás, a área também foi chamada de Ynys Gutrin, que em galês significa “Ilha de Vidro”, e, por estas palavras, os saxões invasores depois a nomearam “Glastingebury”.
10. Atlântida
Talvez a mais famosa cidade perdida dessa lista, Atlântida supostamente desapareceu 10.000 anos atrás, destruída do dia para a noite por terremotos e uma inundação.
Vários pesquisadores afirmam que a Atlântida realmente existiu, e que seu império abraçou partes da África, Ásia, Europa e Américas. Outros acreditam firmemente que os sobreviventes da Atlântida foram responsáveis pela construção de Stonehenge e das pirâmides.
Segundo Platão, Atlântida era governada por dez reis, tinha um palácio real com água quente e fria disponível, e um grande templo (o maior de todos, que ficava na ilha central) dedicado a Poseidon e Cleito.
A maioria dos crentes afirma que a prova dessa lenda está na ilha Antilia, que pode ser vista nos gráficos portugueses do século 15.
Outros acreditam que Platão mitificou o que foi realmente um acontecimento real: a erupção histórica de Thera, que destruiu a cultura minóica em Creta seria a origem do mito de Atlântida.
Uma vez que cada pesquisador firmemente acredita em sua própria teoria, tudo o que podemos fazer é estudar os materiais sobre o assunto e chegar a nossas próprias conclusões sobre este tema fascinante – até, quem sabe, Atlântida ser encontrada.[Listverse]