Na última quarta-feira, dia 20, cientistas revelaram que 2015 foi, de longe, o ano mais quente no registro histórico, quebrando uma marca definida logo no ano anterior – uma explosão de calor que tem continuado neste novo ano e está turvando os padrões climáticos em todo o mundo.
Segundo o jornal “The New York Times”, os cientistas começaram a prever um recorde de temperaturas globais meses atrás, em parte porque um padrão climático do El Niño, um dos maiores em um século, está lançando uma imensa quantidade de calor do Oceano Pacífico na atmosfera. Porém, a maior parte do calor recorde, dizem os pesquisadores, é uma consequência do aquecimento planetário a longo prazo causada por emissões humanas de gases de efeito estufa.
“Todo o sistema está aquecendo incansavelmente”, afirmou Gerald A. Meehl, cientista do Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica em Boulder, nos Estados Unidos, em entrevista ao “The New York Times”.
Pausa temporária
Ainda vai levar mais alguns anos para sabermos ao certo, mas os registros consecutivos de 2014 e 2015 podem ter colocado o mundo de volta em uma trajetória de rápido aquecimento global, após um período de aquecimento relativamente lento datando até o último El Niño intenso, em 1998.
Os políticos que tentam alegar que gases de efeito estufa não são um problema aproveitaram esse período de lentidão para argumentar que “o aquecimento global parou em 1998”, sendo que afirmações semelhantes reapareceram recentemente na campanha presidencial republicana, nos Estados Unidos.
No entanto, as análises estatísticas sugeriam o tempo todo que as alegações eram falsas e que essa desaceleração foi, no máximo, um ligeiro desvio em uma tendência inexorável, talvez causada por um aumento temporário na absorção de calor pelo oceano Pacífico.
“Há alguma evidência de uma pausa na taxa de aquecimento global a longo prazo? A resposta é não. Isso era verdade antes do ano passado, mas é muito mais evidente agora”, disse Gavin A. Schmidt, chefe da unidade científica do clima da NASA, do Instituto Goddard de Estudos Espaciais.
Padrão crítico
Michael E. Mann, cientista climático da Universidade Estadual da Pensilvânia, calculou que, se o clima global não estivesse aquecendo, as chances de registrarmos dois anos recorde consecutivos seriam remotas, cerca de uma chance em cada 1.500 pares de anos. Dada a realidade de que o planeta está se aquecendo, as chances tornam-se muito maiores, cerca de uma em 10, de acordo com cálculos de Mann.
Duas agências do governo americano – NASA, a Agência Espacial Norte-Americana, e NOAA, a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional – compilaram análises separadas da temperatura global, baseadas em milhares de medições de estações meteorológicas, navios e boias oceânicas espalhadas ao redor do mundo. Agências meteorológicas na Grã-Bretanha e no Japão fizeram o mesmo. Ainda que sigam métodos um pouco diferentes para lidar com problemas nos dados, todas as agências obtiveram resultados semelhantes.
Na última quarta-feira, as agências americanas divulgaram números mostrando que 2015 foi o ano mais quente em um ranking mundial que teve início em 1880. Já os cientistas britânicos divulgaram números mostrando 2015 como o mais quente em um registro datando de 1850. Por fim, a Agência Meteorológica do Japão já tinha resultados preliminares divulgados mostrando 2015 como o ano mais quente em um registro que começou em 1891. [The New York Times]