No quarto século antes de Cristo, Aristóteles fez a primeira menção à contracepção, ao recomendar que as mulheres “untassem a parte do ventre em que a semente cai” com azeite de oliva, para prevenir a gravidez.
Outras dicas dadas pelo filósofo para evitar a gravidez incluíam óleo de cedro, uma pomada de chumbo ou até mesmo óleos de incenso. Ele afirmava que, se o colo do útero estivesse escorregadio, a concepção seria dificultada. Os gregos da antiguidade também tentavam prevenir a concepção ao deixar a mulher de cócoras e apertando o abdômen, na tentativa de remover o sêmen da vagina.
Já na Europa do século XVI, surgiram os primeiros cintos de castidade. Eles foram criados para manter a mulher sexualmente “pura”, já que o objeto impedia completamente a atividade sexual – portanto, evitando a gravidez. Os cintos tinham pequenos orifícios para a urina e as fezes, e geralmente eram feitos em apenas um tamanho, então as mulheres maiores tinham que suportar a pressão do metal. Os cintos de castidade também foram utilizados até a década de 30 para evitar que as mulheres se masturbassem.
As camisinhas
As primeiras camisinhas foram usadas no século XVII para evitar a transmissão de sífilis. Embora estes sejam os primeiros registros confiáveis, existem relatos que os egípcios utilizavam membranas animais como uma espécie de proto-camisinha. O famoso mulherengo Giacomo Casanova foi um dos primeiros a utilizar a novidade como uma forma de prevenir a gravidez. Na época, as camisinhas eram feitas das vísceras de animais.
A biografia de Casanova também explica que ele tentou utilizar a casca de uma metade de um limão como uma forma primitiva de diafragma, contraceptivo que encobre a entrada do colo do útero, impedindo a fecundação do óvulo.
Em 1844, o inventor estadunidense Charles Goodyear patenteou a vulcanização da borracha, que permitiu a produção em massa das camisinhas. O processo da vulcanização impedia que a borracha se tornasse grudenta com o uso. Atualmente, a maior parte das camisinhas são produzidas a partir do látex.
Em 1873, o Congresso dos Estados Unidos tornou ilegal a venda de quaisquer artigos contraceptivos. Na época, o estado de Connecticut poderia punir qualquer pessoa que utilizasse meios naturais ou medicinais para evitar a gravidez com multas ou até mesmo prisão de sessenta dias a até um ano.
Métodos modernizados
Muitos dos métodos contraceptivos utilizados atualmente já eram usados por mulheres há milhares de anos. Na civilização egípcia, as mulheres utilizavam esponjas com vinagre ou suco de limão para matar os espermatozóides e evitar a fecundação. Atualmente, esponjas contraceptivas são produzidas com materiais contraceptivos modernos e espermicidas químicos.
No início do conservador século XX, a médica inglesa Marie Stopes levantou a bandeira para o controle de natalidade, e até escreveu um guia sobre o assunto em 1918. Nos Estados Unidos, a ativista Margaret Sanger começava um movimento semelhante, após ver a sua mãe ficar grávida 18 vezes e ter 11 partos. Sanger criou um jornal próprio, onde divulgava informações sobre o controle de natalidade e métodos contraceptivos, além de realizar um trabalho semelhante nas clínicas da sua região.
Com a luta dessas mulheres e com a chegada da recessão econômica de 1929, as empresas começaram a vender produtos que serviam para a “higiene feminina”, mas que também tinham efeitos contraceptivos. Um dos produtos vendidos na época causava problemas sérios à vagina, mas foi nesta mesma época que foram criados os primeiros contraceptivos que dariam origem ao DIU. Na época, ainda não eram eficientes e também causavam problemas de saúde.
Tranqüilidade em pílulas
As primeiras formulações da pílula contraceptivas foram aprovadas pelo órgão de saúde estadunidense, o FDA, em 1957, mas na época eram apenas utilizadas contra problemas menstruais e infertilidade. Em 1962, o fabricante as pílulas pediu a liberação para que as pílulas fossem usadas como forma de prevenir a gravidez indesejada. Em 1964, a pílula já era a forma mais popular de controle de natalidade nos Estados Unidos.
Em 1976 o FDA aprovou a comercialização dos DIUs, e em 1992 foi colocado no mercado o primeiro hormônio injetável para prevenir a gravidez. As primeiras camisinhas femininas foram colocadas à venda em meados dos anos 90 na Europa, e vêm ficando cada vez mais baratas e confortáveis, mas ainda são uma forma menos popular de método anticoncepcional.
Atualmente, várias inovações estão sendo feitas na área dos contraceptivos. Mulheres já podem usar adesivos que liberam doses diárias de hormônios e anéis vaginais que seguem o mesmo princípio. Injeções mensais de hormônio também são opções fáceis para as mulheres, assim como DIUs que funcionam por quase cinco anos. Uma empresa farmacêutica já até criou uma pílula anticoncepcional que faz com que as mulheres só tenham quatro menstruações anuais.
Outra criação mais recente para as mulheres que evitam ter filhos são as pílulas do dia seguinte, que devem ser tomadas até 72 horas após a relação sexual para prevenir uma gravidez indesejada. Este método libera uma grande quantidade de hormônios de uma vez, por isso só deve ser tomado em casos emergenciais, como quando a camisinha estoura, por exemplo. Apesar de todos os métodos alternativos e cada vez mais fáceis e confortáveis, especialistas lembram que apenas a camisinha (feminina ou masculina) impede a transmissão de doenças sexualmente transmissíveis.