O famoso Doomsday Clock (ou “Relógio do Apocalipse”) trouxe um pouco de alívio àqueles que acompanham com preocupação as transformações do planeta. Criado em 1947 pela revista Bulletin of the Atomic Scientists (BAS) com o objetivo de fazer uma campanha contrária à existência de armas nucleares, o relógio representa quão próximo o planeta está de seu fim, e os ponteiros são mudados conforme os acontecimentos do mundo (nem sempre relacionados a esse tipo de armamento) – positivos ou não para a sobrevivência da espécie humana.
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A boa notícia é que, no último dia 14 de janeiro, a equipe do periódico decidiu atrasar os ponteiros em um minuto, de modo que – pelo Relógio do Apocalipse – faltam agora seis minutos para a meia-noite (que, neste caso, representa o fim do mundo). A decisão foi tomada, segundo os membros da BAS, por causa de um estado mais esperançoso das questões globais.
Desde a sua primeira aparição, em 1947, quando marcava sete minutos para a meia-noite, o Doomsday Clock foi reajustado 18 vezes. Ele chegou mais perto da “hora final” no ano de 1953, quando os Estados Unidos e a União Soviética testaram dispositivos termonucleares durante nove meses. Naquela ocasião, o relógio marcava 23h58.
A atualização mais recente (sem ser a do último dia 14) foi em janeiro de 2007, quando o relógio passou a marcar de 23h53 para 23h55, devido às ambições nucleares da Coreia do Norte e do Irã, e principalmente pelo fato de as mudanças climáticas terem se tornado, junto com a possibilidade de aniquilação nuclear, as maiores ameaças para os seres humanos. Outro fator que pesou contra a perenidade da Terra na ocasião foi a incapacidade de se deter o tráfico internacional de materiais nucleares, como o Urânio e o Plutônio.
Hoje, no entanto, já é identificada pelo conselho diretivo da revista uma “crescente vontade política” para combater o “terror das armas nucleares” e “evitar as mudanças climáticas”.
Em uma entrevista coletiva, realizada em Nova Iorque, o mesmo conselho disse: “Ao deslocar os ponteiros para trás em relação à meia-noite em apenas um minuto, nós enfatizamos o quanto é preciso ser realizado, ao mesmo tempo em que reconhecemos sinais de colaboração entre Estados Unidos, Rússia, a União Europeia, Índia, China, Brasil e outros nos aspectos da segurança nuclear e da estabilização do clima.”
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No entanto, Lawrence Krauss, vice-presidente do conselho da BAS, avisou aos cientistas que ainda há muito por fazer. “Nós pedimos aos líderes que cumpram a promessa de um mundo livre de armas nucleares e que ajam logo para conter o ritmo das mudanças climáticas. Estamos conscientes de que o relógio está andando”, alertou.
A revista Bulletin of the Atomic Scientists, fundada pelos ex-físicos do Projeto Manhattan, milita a favor do desarmamento nuclear desde o ano de criação do relógio. Seu conselho faz uma revisão periódica de questões de segurança global e desafios para a humanidade, não apenas relacionados à tecnologia nuclear, embora a maioria desses aspectos tivessem algum envolvimento de tecnologia. [BBC]