Os sistemas educacionais de cada país são atualizados a cada poucos anos para corrigir falhas e introduzir novidades de sucesso. Mas às vezes alguns problemas antigos continuam presentes mudança após mudança, enquanto algumas novidades não fazem tão bem para os alunos quanto o imaginado. Confira cinco pontos que precisam ser revistos:
5. Muita tarefa de casa pode fazer mal
De acordo com especialistas em educação, o padrão de tarefas para crianças deve seguir a regra dos dez minutos por ano escolar: um aluno do primeiro ano deve ter no máximo dez minutos de tarefas diárias, quanto um do quinto ano deve ter 50 minutos de tarefa por dia. As crianças da pré-escola não devem ter nenhuma atividade para fazer em casa.
O problema é que os professores passam muito mais tempo de tarefa do que isso. Vários estudos mostram que, especialmente no ensino fundamental I, a tarefa não melhora o rendimento acadêmico. Quando em excesso, pode até ser maléfico.
Para alunos pequenos, muita tarefa faz com que eles vejam a escola de forma negativa e tenham piores notas, autoconfiança mais baixa, habilidades sociais ruins e qualidade de vida menor, de forma geral.
4. Aulas que começam muito cedo
Segundo a Academia Americana de Pediatria, adolescentes não deveriam ser acordados antes das 8h. Isso por que o ciclo circadiano deles é diferente das crianças e dos adultos. Enquanto as crianças sentem o aumento da produção de melatonina no começo da noite, os adolescentes só começam a produzir este hormônio que induz o sono ao redor das 23h.
Como eles vão dormir ao redor da meia noite, acordar às seis da manhã significa que eles teriam menos do que seis horas de sono por noite, quando o indicado para quem tem entre 14 e 17 anos é dormir dez horas por noite.
Além de o sono ser importante para a reposições de energia, é nesse momento que as memórias do dia são consolidadas. Portanto, quem dorme mal também aprende mal.
Por isso, algumas cidades nos Estados Unidos tem atrasado o horário de início das aulas. Recentemente, todo o estado da Califórnia alterou o horário de início das escolas de ensino fundamental II para 8h e ensino médio para 8h30. O estado inteiro tem como prazo final desta mudança o dia 1o de julho de 2020.
3. Estilos de aprendizagem
Este conceito que se popularizou na década de 1970 diz que cada aluno organiza a informação de forma diferente, e cabe ao professor identificar qual é o estilo de cada aluno e adequar seus métodos de sala de aula para cada aluno.
Alguns desses estilos são o visual, auditivo, ler e escrever, ou quinestésico (através do movimento).
Mas pesquisas feitas nos Estados Unidos mostraram que isso não traz vantagens para o aluno, e pode até deixá-lo enrijecido. O que faz sentido é adaptar cada conteúdo para cada estilo, e não personalizar o estilo para cada aluno.
Insistir muito na ideia que cada aluno tem um estilo e que deve estudar usando apenas este tipo pode ser maléfico para a criança, que pode colocar na cabeça que não consegue aprender de outras formas.
2. Aulas de artes que são cortadas
Sempre que há falta de dinheiro em uma escola ou rede do governo, a primeira disciplina que é cortada ou reduzida é artes, incluindo música, teatro e dança.
Estudos mostram que alunos de baixa renda que têm aulas de artes têm melhor nota em todas as disciplinas, continuam estudando por mais anos e têm maior engajamento cívico. Eles se tornam adultos mais envolvidos com notícias, trabalho social e política, além de demonstrarem mais empatia e tolerância em relação a pessoas de outras culturas.
1. Os alunos mais novos de cada ano têm mais diagnóstico de TDAH
No Brasil, desde 2010 a idade mínima para os alunos entrarem no ensino infantil é quatro anos completos até 31 de março do ano da matrícula.
Uma criança que faz aniversário no dia 31 de março fica um ano adiantada na escola em relação a uma criança que faz aniversário no dia seguinte, 1o de abril. Por outro lado, crianças que nasceram com diferença de 363 dias acabam na mesma turma.
Uma pesquisa da Escola de Medicina de Harvard mostrou que há relação entre data de corte para entrada no ensino infantil e diagnóstico incorreto de transtorno de déficit de atenção com hiperatividade. Os mais novinhos da turma são os que mais recebem esse tipo de diagnóstico.
Isso por que 12 meses na vida de uma criança de quatro anos faz uma diferença tremenda no desenvolvimento dela.
Mas o que os professores veem é um aluno que não consegue se concentrar por muito tempo em uma atividade e que fica pulando pelas paredes. Eles passam essa observação para os pais, que por sua vez as passam para médicos que podem chegar a diagnósticos incorretos.
O estudo mostrou que crianças que nascem no último mês possível para a matrícula – aqui no Brasil, seria no mês de março inteiro –, têm 30% mais diagnóstico de TDAH do que seus amiguinhos de turma ligeiramente mais velhos. [Cracked, National Endowment for the Arts, Edify, NYTimes]