5 especialistas promissores que não entregaram resultado algum
Qual é o limite entre a genialidade e a maluquice? Esta linha é bastante difícil de traçar, e nenhum governo quer desperdiçar um bom potencial de revolução tecnológica. Por isso, alguns cientistas que não mostram muitos resultados acabam recebendo financiamentos e atenção da mídia por prometer uma revolução bombástica na ciência. Veja os cinco especialistas que mais se gabaram de seus estudos mas que até agora não mostraram grandes resultados:
<h2>5. Harry Grindell Matthews</h2>
Ele tentou vender um raio da morte falso para o exército britânico em 1924.
Matthews até chegou a conseguir o investimento para desenvolver sua tecnologia, isso por que ele já tinha realizado inovações importantes na ciência. Uma delas foi um barco controlado por ondas de rádio, outra foi um detector de submarinos, e até a criação de um “aerofone”, um protótipo do celular no ano de 1909 (apesar de não ter conseguido demonstrar o funcionamento deste último para autoridades).
Em shows em que ele demonstrava os poderes do seu raio, ele quebrou um motor de moto. Com o dinheiro necessário, dizia ele, seu raio ficaria ainda mais poderoso, ao ponto de inutilizar motores de aviões em pleno voo e dizimar exércitos inteiros.
Claro que as palavras “raio mortal” vendem muitos jornais, e publicações como o New York Times, Time, Le Matin, Popular Mechanics e Popular Science Monthly não se cansavam de escrever sobre o inventor genial.
Bom, como você já deve ter percebido, nenhum raio mortal foi desenvolvido nos anos de 1920. Matthews conseguiu o investimento do governo britânico, mas o raio apresentado como resultado foi tão fraquinho que três cientistas do exército até entraram na frente dele sem sofrer nenhum ferimento ou desconforto.
Furioso, ele abandonou a Inglaterra e anunciou sua intenção de vender sua tecnologia para países inimigos. Ele passou pela França e Estados Unidos, onde conseguiu mais investimentos, mas gastou a maior parte do dinheiro em hotéis caros. Matthews até conseguiu criar algumas bugigangas que nunca fizeram sucesso, e acabou se casando nos EUA, onde morreu de ataque cardíaco em 1941.
<h2>4. Sergio Canavero</h2>
Ele afirmou ter conseguido transplantar uma cabeça humana inteira.
Canavero Canavero se formou na Universidade de Turin (Itália). Ele é considerado um neurocirurgião de sucesso, e em 2015 chamou atenção da mídia ao prometer um transplante de cabeça completa em 2017.
Ele trocou as cabeças de dois ratos de laboratório e transplantou a cabeça de um macaco em 2016. O segundo procedimento foi feito com parceria com a universidade chinesa de Harbin Medical e com o pesquisador Xiaoping Ren, e conectou as veias e artérias, nervos e estruturas.
A medula espinhal, porém, não foi conectada, e isso nem é possível com as técnicas que possuímos atualmente. Portanto, qualquer pessoa ou animal que tivesse a cabeça transplantada ficaria tetraplégica. O macaco ficou em estado vegetativo por 20 horas, e passou por eutanásia por motivos éticos.
Já o primeiro procedimento com humanos foi feito entre dois cadáveres. Mais uma vez, os nervos e vasos sanguíneos foram conectados, mas o experimento acabou por aí.
O próximo passo pretendido por Canavero é tentar o transplante em alguém em estado vegetativo ou com doença degenerativa grave, e ele diz que já tem vários voluntários. O russo Valery Spiridinov, de 32 anos, é um deles. Ele sofre com a doença de Werdnig-Hoffmann, que não possui cura e que tem perda rápida de saúde e qualidade de vida. Esta cirurgia foi anunciada para dezembro de 2017, na China, mas ela ainda não aconteceu, e segue sem uma nova data.
Esta ideia é muito controversa e criticada pela comunidade médica, que não leva Canavero à sério
<h2>3. Andrea Rossi</h2>
Ele diz ter inventado uma energia renovável impossível. Nos anos 1980 Rossi ficou famoso na Itália por uma invenção divisora de águas: uma máquina que seria capaz de processar lixo e rejeitos industriais para transformar este material em petróleo.
Na verdade ele estava escondendo todo este material em tanques de armazenamento furados, e quando esta fraude finalmente foi descoberta o governo italiano teve que gastar o equivalente a R$193 milhões para limpar esta bagunça.
Nessa altura, Rossi já estava preso por outro crime: tráfico de ouro. Você deve estar pensando que ser condenado por traficar ouro poderia danificar a imagem séria de um cientista, mas pelo jeito isso não aconteceu. Depois de passar um tempo preso, ele foi para os Estados Unidos, onde cursou engenharia em uma universidade de péssima reputação.
Ele voltou para a mídia em 2011, quando afirmou que conseguiu realizar a tão sonhada fusão a frio, ou seja, uma reação da fusão nuclear que ocorrem em condições de temperatura ambiente ao invés dos milhões de graus necessários para reações de fusão do plasma.
A máquina foi chamada de E-Cat e passou por várias demonstrações públicas e aparentemente funciona, apesar de ser ligada em uma potência muito menor do que a prometida por Rossi e ser exibida apenas em ambientes bastante controlados.
Rossi firmou parceria com uma empresa nova chamada Industrial Heat LLC e sua máquina passou por um teste independente. Ele pediu US$100 milhões para expor sua tecnologia, e conseguiu U$11,5 milhões de adiantamento. A Industrial Heat se recusou a pagar o restante quando percebeu que não conseguia replicar os resultados de Rossi depois de três anos de tentativas.
<h2>2. Joseph Newman</h2>
Ele afirmou que criou um moto perpétuo. Em 1980 Newman afirmou que criou uma máquina capaz de produzir energia infinita, limpa e grátis. Dentro de sua cozinha.
Seu pedido de patente da máquina foi rejeitada, mas Newman não desistiu de transformar aquilo em um show. Depois de fazer tanto estardalhaço sobre sua descoberta, o Congresso dos EUA decidiu ver sua máquina em funcionamento.
Os senadores republicanos Thad Cochran e Trent Lott fizeram projetos de lei para obrigar o Escritório de Patentes a criar uma “patente pioneira” para “geração ilimitada de energia”. Mas o senador e ex-astronauta John Glenn demoliu os planos de Newman, bloqueando seu pedido de patente.
<h2>1. Shinishi Fujimura</h2>
Ele “encontrava” artefatos arqueológicos em literalmente toda escavação que fazia. Ele foi chamado de milagroso por nunca cavar um local sem encontrar nada.
Apesar disso parecer muito improvável e até um absurdo, a sociedade científica deu um voto de confiança para ele e não o acusou de fraude. Uma parte importante disso foi o fato dele ser muito popular entre as massas do país.
O público o amava porque ele fazia “descobertas” fantásticas. Uma delas é que ele teria encontrado artefatos de rocha feitos por humanos há 700 mil anos, o que significaria que o Japão teria entrado na Idade da Pedra 500 mil anos antes do resto do mundo.
No final das contas quem conseguiu pegar o falso arqueólogo foram jornalistas. No ano de 2000 ele foi flagrado enterrando artefatos para sua equipe encontrar mais tarde. Depois disso, todos os artefatos encontrados em 180 sítios arqueológicos foram tiveram sua veracidade questionada. Isso atrasou o estudo arqueológico do país por décadas, já que eles precisaram refazer muitas análises e testes.