6 inimigos que se aliaram e fizeram excelentes conquistas
Fazer amigos é fácil quando você é criança: você acaba formando uma amizade com quem está sentado ao seu lado, ou usando a mesma camiseta, ou brincando com algo que parece muito legal.
Isso obviamente muda quando você é um adulto. Algo fútil em comum já não é um bom motivo para manter relações com alguém, especialmente se ela for racista, traficar drogas ou estiver literalmente em guerra com seu país.
E, no entanto, apesar de todas as probabilidades, algumas amizades verdadeiramente notáveis começaram entre pessoas que não deveriam ser outra coisa a não ser inimigos. Confira:
6. Homossexual fica amigo de skinhead que tentou lhe matar
Em 1981, um jovem skinhead chamado Tim Zaal se deparou com um adolescente gay chamado Mateus Boger. Zaal e seus amigos bateram muito em Boger, deixando-o inconsciente para morrer em um beco.
Este ano, Zaal e Boger assistiram ao Oscar juntos. De propósito. Como amigos.
Obviamente, a reconciliação não aconteceu do dia para a noite – Zaal e Boger só se encontraram novamente 24 anos depois. Nesse meio tempo, Zaal tornou-se um supremacista branco e trabalhou como diretor de recrutamento e propaganda para a resistência ariana. Mais tarde, no entanto, Zaal renunciou ao estilo de vida neonazista depois de passar algum tempo na cadeia e descobrir que não queria o mesmo para seu filho.
Enquanto isso, Boger se recuperou da pancadaria, mas não de seus sentimentos de medo e raiva em relação a pessoas não gays. Para lidar com isso, ele começou a fazer trabalho voluntário no Museu da Tolerância em Los Angeles, EUA – o mesmo lugar onde Zaal ia para conversar com os alunos sobre o seu passado. Quando eles se conheceram, Zaal e Boger pensaram que eram estranhos.
Eventualmente, os dois descobriram a verdade sobre sua convivência brutal, e ficaram sem se falar por algumas semanas. Eventualmente, Boger estendeu a mão para Zaal e convidou-o para almoçar. Zaal pediu desculpas, que Boger aceitou porque Zaal agora era um homem bom.
Hoje, eles são amigos próximos que se encontram regularmente para educar os outros sobre a tolerância. Um documentário sobre sua história foi mostrado no Oscar.
5. Nelson Mandela fica íntimo de seu guarda de prisão
Ao comemorar o 20º aniversário de sua libertação da prisão política, Nelson Mandela descreveu como um amigo reforçou sua fé na humanidade escondida dentro de cada um. Esse amigo? Um agente penitenciário que trabalhou para o mesmo regime opressivo e racista que manteve Mandela trancado em uma pequena cela de prisão por 27 anos.
O nome do guarda é Christo Brand, que conheceu Mandela quando tinha apenas 18 anos e vigiava presos políticos. Apesar de ter sido totalmente absorvido pelo ódio do Apartheid, os preconceitos de Brand lentamente recuaram diante do comportamento humilde de Mandela. Pouco tempo depois, Mandela já dava conselhos paternais sobre o valor da educação a Brand, que secretamente passou a conseguir-lhe coisas como comida, seu shampoo favorito e, especialmente, ajudou Mandela a ver seu neto recém-nascido.
Brand e Mandela mantiveram sua amizade secreta durante os anos, inventando um código especial que lhes permitia contornar as tentativas do governo de extrair informações do ativista. Enquanto isso, Brand também ensinou Mandela como falar africâner, o que permitiu que o futuro estadista discursasse para os brancos sul-africanos em sua própria língua no dia da sua libertação.
4. O músico negro que “desconverteu” vários membros da Ku Klux Klan
O músico Daryl Davis tem uma coleção de mais de 20 vestes da Ku Klux Klan (KKK) em sua casa. Os símbolos racistas representam quantos membros da organização ele conseguiu reformar por pura força da amizade.
Mas como é que Davis acaba fazendo amizade com pessoas que, imaginamos, preferem matá-lo pata do que apertar a mão dele? Tudo começou em um bar.
No início dos anos 80, Davis tocava em um bar para apenas brancos. Depois de sua performance, um rapaz se aproximou dele para dizer que estava impressionado que um negro podia tocar piano tão bem quanto Jerry Lee Lewis. Davis respondeu que não só Lewis aprendeu a tocar rock ‘n’ roll imitando os negros, como ele era um amigo pessoal do músico. O homem, por sua vez, surpreendeu Davis ao mencionar que era um membro da Ku Klux Klan.
De alguma forma, os dois opostos se deram bem, e Davis nunca se esqueceu da noite em que conquistou mais um homem racista com seus dedos mágicos. Quase oito anos depois, o músico rastreou seu amigo de bar na esperança de obter um depoimento para um livro que estava escrevendo. Através de seu amigo, Davis organizou reuniões com outros membros da KKK, às vezes, sem deixá-los saber que ele era negro. Alguns o atacaram, mas outros ficaram tão confortáveis na presença de Davis que o deixaram participar de suas reuniões. Por fim, muitos deixaram a organização por causa desse pianista encantador.
3. Advogado e sem-teto montam Clube do Livro juntos
Um dia, o advogado Peter Resnik foi cumprimentado na rua por um veterinário sem-teto chamado Rob. Ao invés de continuar caminhando como a maioria das pessoas faria, Resnik parou para conversar com Rob e eles se tornaram amigos.
Tudo começou quando Resnik, que batia papo com Rob todos os dias em seu caminho para o trabalho, decidiu comprar-lhe um livro depois de fazer a descoberta surpreendente de que pessoas sem-teto também gostam de ler. Rob devorou o livro e o passou a outro sem-teto. Esse cara deu o livro para outra pessoa, e assim por diante – eventualmente, Resnik descobriu que a história tinha sido passada ao redor de toda a cidade de Boston, nos EUA. Resnik e Rob decidiram então que seria divertido reunir esses moradores de rua para conversar sobre o livro.
E eles continuaram fazendo isso toda terça-feira. Com a ajuda de uma terceira pessoa que conduzia as discussões, a dupla juntou uma dúzia de moradores de rua, todos ansiosos para falar de literatura. Resnik até se ofereceu para dar almoço a eles uma vez semana, mas os sem-teto recusaram. Eles tinham onde conseguir uma refeição gratuita, mas serem ouvidos e tratados como seres humanos lhes pareceu melhor do que uma sopa quente.
A ideia do Clube do Livro deu tão certo que pelo menos outros 26 abriram por todo os EUA e pela Europa. Quanto ao clube original, ele agora tem um membro a menos: Rob, que não é mais sem-teto. A falta de sua moradia era em parte motivada pelo fato de que uma multa de trânsito o impedia de se qualificar para o auxílio-moradia do governo. Com um advogado como melhor amigo, Rob foi capaz de resolver esse problema e conseguir um lugar para morar.
2. Juiz que recebeu os apelos de um preso fica amigo dele e o ajuda a se livrar de seu vício em drogas
Spencer Letts é um juiz federal indicado ao Tribunal Distrital da Califórnia pelo próprio Ronald Reagan. Michael Banyard é um ex-membro de gangue, vendedor de drogas e viciado em crack que, após uma série de pequenos delitos, recebeu uma sentença de 25 anos de prisão.
Seis anos de prisão levaram Banyard a pensar de forma mais clara, e ele decidiu que não queria passar o resto de sua vida naquela espelunca. Então, se dirigiu para a biblioteca da prisão e preparou seus próprios recursos. O juiz ficou impressionado com a esperteza dos argumentos jurídicos de Banyard.
Então, Letts contratou advogados para ajudar Banyard a polir sua defesa legal, e o tribunal em última instância anulou o seu caso. Ao perceber que Banyard era a validação de sua filosofia de vida que as pessoas não são assim tão terríveis se você lhes der uma chance, Letts decidiu orientar o ex-preso a fazer algo de bom com sua vida.
Os dois fizeram uma amizade que sobreviveu até os momentos mais árduos da recuperação contínua de Banyard da dependência de drogas. Quando ele teve uma recaída e desapareceu, Letts literalmente andou por ruas perigosas armado com nada além de uma foto de seu amigo e determinação para encontrá-lo. Valeu a pena. Banyard se recuperou e substituiu seu hábito de crack por uma faculdade.
Mais tarde, Banyard fundou uma organização que treina adultos para orientar os filhos de presidiários. Banyard está totalmente reabilitado agora, graças a fé que um juiz pôs nele.
1. Japonês que bombardeou os EUA vira cidadão honorário da cidade
Em 1942, o aviador japonês Nobuo Fujita bombardeou o continente americano iniciando incêndios florestais maciços na região de Brookings, Oregon, sob a lógica de que os EUA precisariam se ocupar com isso, o que atrapalharia sua estratégia na Segunda Guerra Mundial. O impacto não foi exatamente o esperado, mas Fujita se tornou, obviamente, inimigo do país.
Anos mais tarde, no entanto, esse inimigo foi homenageado pela mesma cidade que bombardeou. Como diabos isso aconteceu?
Através do poder do perdão e do dinheiro. No início dos anos 60, a economia japonesa estava em expansão e Fujita tornou-se o proprietário de uma loja de sucesso. Assim, a Câmara de Comércio de Brookings teve a brilhante ideia de convidá-lo para voltar a Brookings e angariar atenção para o próximo festival da cidade. Veteranos de guerra locais, no entanto, odiaram isso.
Duas coisas os fizeram mudar de opinião, no entanto: os planejadores do evento tentaram disfarçar o ângulo do dinheiro dizendo que, na verdade, o motivo da visita de Fujita era um esforço para promover a boa vontade entre o Japão e os EUA, além do próprio Fujita ter oferecido doar a espada samurai de 400 anos de sua família para a cidade como um ato de “rendição final”.
De acordo com a filha de Fujita, o ex-piloto estava tão envergonhado do que tinha feito que estava preparado para usar a mesma espada para cometer suicídio se a cidade o recebesse mal. Isso não foi necessário, porém, porque o povo de Brookings recebeu o japonês com entusiasmo. Se sentindo ao mesmo tempo bem pela acolhida e mal pelo que fez, Fujita prometeu que pagaria viagens ao Japão para três estudantes de Brookings. Infelizmente, ele foi à falência e perdeu sua loja, de forma que economizou dinheiro por 20 anos até que finalmente foi capaz de cumprir sua promessa, em 1985.
As visitas de Fujita a Brookings se tornaram uma tradição amada e, quando a cidade soube que ele tinha ficado doente em 1997, fez dele um cidadão honorário. A seu pedido, algumas das suas cinzas foram enterradas na mesma floresta que ele uma vez atacou. [Cracked]
3 comentários
Hoje em dia é bem mais comum e prático criar uma inimizade do que cultivar bons modos e ser amigável. Nos tempos modernos, perdoar e/ou oferecer a outra face (metaforicamente) é uma raridade sem igual. Não é atoa que bons samaritanos são estranhamente incompatíveis com muitos ciclos de amizades.
Sempre que ouço “hoje em dia” lembro que o mesmo foi dito em todas as épocas.
O Daryl Davis não apenas se tornou amigo dos ex-KKK, ele foi convidado para ser padrinho do filho de um deles.