700 espécies de insetos antigos são descobertas na Índia
Mais de 700 novas espécies de insetos antigos foram descobertas em 150 kg de âmbar produzido por uma floresta antiga na Índia há 50 milhões de anos.
Os cientistas afirmaram que os insetos são relacionados a espécies de distantes cantos do mundo, o que significa que, apesar dos milhões de anos de isolamento no mar, a região era muito mais biodiversa do que se acreditava anteriormente.
O estudo diz que a resina que mais tarde se tornou âmbar foi originada em uma antiga floresta tropical. Para determinar de onde o âmbar veio, os cientistas observaram quimicamente suas “impressões digitais”. Eles também analisaram a anatomia da madeira de galhos e troncos fossilizados no local.
O âmbar indiano vem do Eoceno Inferior (o Eoceno é a segunda época da era Cenozóica, compreendida entre cerca de 55 e 36 milhões de anos atrás) e foi provavelmente produzido por árvores de madeira de floração que predominam nas florestas do sudeste da Ásia até hoje.
Segundo os pesquisadores, tal floresta da Índia tem, pelo menos, 60 milhões de anos. Esta é a primeira evidência fóssil de um tipo moderno de floresta tropical, da família Dipterocarpaceae, na Ásia.
Mas além da idade da floresta tropical e da biogeografia da Índia, a parte mais surpreendente da descoberta é o enorme número de espécimes perfeitamente preservados de insetos, a maioria dos quais nunca vistos antes.
Diferentemente de outros tipos de âmbar encontrados em depósitos no norte, o âmbar indiano é muito mais suave. Esta propriedade única permitiu que os cientistas o dissolvessem completamente utilizando solventes – tolueno e clorofórmio – e extraíssem os insetos, plantas e fungos antigos.
Segundo os pesquisadores, agora eles têm espécimes preservadas tridimensionalmente que têm 52 milhões de anos e você pode manipulá-las quase como se estivessem vivas. Há vários exemplos onde foi possível tirar um espécime completo. E é claro que essa conservação abre uma nova dimensão nas pesquisas do material.
Segundo a teoria predominante da formação dos continentes, num primeiro momento havia apenas dois supercontinentes na Terra; o do Norte se chamava Laurásia e o localizado mais ao sul se chamava Gondwana.
Quando Gondwana se dividiu em vários pedaços menores, em meados do período Jurássico, cerca de 160 milhões de anos atrás, a maioria de suas partes ficou no hemisfério sul, mas uma começou a deslocar-se rumo ao norte.
Essa placa, tendo avançado por 100 milhões de anos a um ritmo notável de 15 a 25 centímetros por ano, acabou colidindo com a Ásia e se tornou o que hoje conhecemos como o subcontinente indiano. Nesse processo, o Himalaia foi formado.
Por ter ficado tanto tempo em completo isolamento, os cientistas acreditavam que essa placa teria uma fauna e flora potencialmente única, ou seja, encontrada somente na região. Mas o clima tropical na maior parte da Índia é conhecido por ser desfavorável para a preservação de fósseis, e não foi encontrada muita evidência para confirmar essa hipótese, que os biólogos chamam de “endemismo”.
O estudo recente afirma que o registro de vertebrados fósseis descobertos revela um pouco desse endemismo.
A maioria dos insetos descobertos tem relações tanto com insetos modernos, quanto com aqueles que viveram há milhões de anos atrás em diferentes partes do mundo, incluindo Ásia, Austrália e mesmo América do Sul.
Os pesquisadores dizem que isso pode ser explicado pelas conexões de terra – possivelmente pequenas ilhas que se formaram antes da placa colidir com a Ásia, no Eoceno. É possível que as plantas viajem centenas de quilômetros nas correntes oceânicas abertas, e, no caso de insetos, alguns podem voar.
Existem alguns que só são capazes de voar durante o acasalamento, mas eles podem fazer, pelo menos, alguns quilômetros. Não são muitos que conseguem atravessar vias marítimas abertas, mas eles podem ser carregados com vegetais, ou arrastados por correntes.
Com toneladas de âmbar à sua disposição, os pesquisadores esperam descobrir muitos segredos ainda mais peculiares do mundo, que existiram há milhões de anos. [BBC]
5 comentários
será que já criaram algo mais eficiente que o ambar em laboratório? …nunca se sabe quando vai ser a nossa vez não é?…
no jurassic park começaram assim….
Concordo Hugo, será que agora vou poder ter um raptor? *-*
Toneladas? Não eram só 150kg?
Isso me lembra ao primeiro Jurassic Park.