A aurora boreal – também conhecida como as luzes do norte – é uma demonstração vívida do campo magnético da Terra interagindo com partículas solares carregadas. De uma beleza incrível, o fenômeno vale enfrentar uma noite fria de vigília quando estiver visitando as latitudes mais ao norte (ou sul, mas por aqui não conseguimos nos aproximar tanto do pólo sem deixar terras razoavelmente civilizadas).
Auroras são centradas nos pólos magnéticos da Terra e ficam visíveis em uma região ligeiramente circular em torno deles. Uma vez que os pólos magnéticos e geográficos não são os mesmos, por vezes, as auroras são visíveis mais ao sul do que se poderia esperar, enquanto em outros lugares podem aparecer mais ao norte.
No hemisfério norte, a zona auroral corre ao longo da costa norte da Sibéria, Escandinávia, Islândia, na ponta sul da Groenlândia e norte do Canadá e do Alasca – elas podem ocorrer mais ao sul que isso, mas fica mais difícil à medida que você se distancia destes pontos. A zona auroral do hemisfério sul está principalmente sobre a Antártica ou o Oceano Antártico. Para ver a aurora austral, você tem que ir para a Tasmânia e há avistamentos ocasionais no sul da Argentina ou nas Ilhas Malvinas, mas são raros.
Agora que você já sabe o básico, vamos dar uma olhada em alguns fatos fascinantes sobre estes espetáculos de luz.
8. Íons diferentes fazem cores diferentes
Auroras são criadas quando os prótons e os elétrons escorrem da superfície solar e batem no campo magnético da Terra. Uma vez que as partículas estão carregadas, elas se movem em espirais ao longo das linhas do campo magnético, os prótons em uma direção e os elétrons na outra. Essas partículas, uma de cada vez, atingem a atmosfera. Como seguem as linhas do campo magnético, a maioria delas entra nos gases atmosféricos formando um anel em torno dos pólos magnéticos, nos quais as linhas do campo magnético se juntam.
O ar é composto em grande parte de átomos de nitrogênio e oxigênio, com o oxigênio se tornando um componente mais presente nas altitudes em que estes fenômenos acontecem – a partir de cerca de 100 quilômetros e indo até aproximadamente 1.000 quilômetros. Quando as partículas carregadas se chocam com estes átomos, elas ganham energia. Eventualmente, relaxam, emitindo a energia e liberando fótons de comprimentos de onda específicos. Átomos de oxigênio emitem luz verde e às vezes vermelha, enquanto o nitrogênio é mais laranja ou vermelho.
7. São visíveis do espaço
Os satélites em órbita podem tirar fotos da aurora – e as imagens que registram são bastante impressionantes. Na verdade, as auroras são brilhantes o suficiente para que sejam visíveis com clareza no lado noturno da Terra, mesmo se estivessem sendo observadas de outro planeta.
A órbita da Estação Espacial Internacional (EEI) está inclinada o suficiente para que passe através das luzes celestiais. Na maioria das vezes ninguém percebe, já que a densidade de partículas carregadas é muito baixa. Segundo Rodney Viereck, da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos), o evento só recebe mais atenção durante tempestades solares intensas, particularmente quando os níveis de radiação são altos.
Então, tudo o que os astronautas têm que fazer é mudar para uma área da estação mais protegida. Ironicamente, tempestades solares intensas podem reduzir a quantidade de radiação ao redor da estação espacial, por causa das interações de partículas carregadas com o campo magnético da Terra. Enquanto isso, os astronautas da EEI podem fotografar lindos panoramas de auroras.
6. Outros planetas também têm
Voyagers 1 e 2 foram as primeiras sondas a trazer imagens de auroras em Júpiter e Saturno e, posteriormente, Urano e Netuno. Desde então, o Telescópio Espacial Hubble também já fotografou auroras fora daqui. Tanto em Júpiter quanto em Saturno, as auroras são muito maiores e mais poderosas do que na Terra, porque os campos magnéticos desses planetas têm ordens de magnitude mais intensas.
Já em Urano, as luzes polares são mais estranhas, porque o campo magnético do planeta é orientado grosseiramente na vertical, mas o planeta gira sobre o seu lado. Isso significa que ao invés dos anéis brilhantes que vemos em outros mundos, em Urano elas se parecem mais com pontos brilhantes únicos – pelo menos foi isso que o Hubble registrou em 2011. Porém, não está claro se este é sempre o caso, porque nenhuma nave espacial viu o planeta de perto desde 1986.
5. As luzes podem se mover para o sul
Ocasionalmente, as auroras são visíveis mais longe dos pólos do que o habitual. Em tempos de alta atividade solar, o limite sul para ver auroras boreais pode ir até o sul de Oklahoma e Atlanta – como ocorreu em outubro de 2011. Um recorde foi provavelmente definido na Batalha de Fredericksburg, na Virgínia, em 1862, durante a Guerra Civil norte-americana. Muitos soldados documentaram o fenômeno em seus diários.
Viereck ainda explica que é realmente mais difícil agora do que há um século dizer quando auroras são muito brilhantes, uma vez que as luzes das cidades ofuscam o fenômeno. “Poderia haver uma grande tempestade auroral em Nova York e ninguém notar”, disse ele.
4. Sinais divinos?
Falando da aurora da Guerra Civil, alguns observadores interpretaram o show de luzes como um mau presságio (notadamente Elizabeth Lyle Saxon, que escreveu sobre o fenômeno em seu livro de 1905, “As Reminiscências De Uma Mulher do Sul do Tempo de Guerra”), embora a maioria das pessoas só o tenha entendido como uma exibição incomum e impressionante.
Em áreas onde as auroras são raras, muitas vezes elas são vistas como maus presságios, como os antigos gregos achavam. O povo inuit, que vê auroras mais vezes, acredita que as luzes são espíritos brincando no céu. Alguns grupos dizem às crianças para não brincar fora de casa à noite, evitando que a aurora desapareça e os leve junto. Habitantes da Lapônia achavam que as luzes eram os espíritos dos mortos. No Hemisfério Sul, os Maori e os povos aborígines da Austrália associavam as luzes do sul com incêndios no mundo espiritual.
Estranhamente, as literaturas nórdica e islandesa antigas não parecem mencionar auroras muito frequentemente. Os Vikings acreditavam que elas podiam ser fogos ferozes que rodeariam a borda do mundo, uma emanação da chama do gelo do norte, ou reflexos do sol à medida que ele ia para o outro lado da Terra.
3. Fogo frio
As luzes do norte se parecem com fogo, mas, ao toque, não teriam nada a ver com isso. Mesmo que a temperatura da atmosfera superior possa atingir milhares de graus centígrados, o calor é baseado na velocidade média das moléculas – afinal, é isso que a temperatura é. Contudo, sentir o calor é outra questão. A densidade do ar é tão baixa a 96 quilômetros de altitude que um termômetro registraria temperaturas muito abaixo de zero onde a aurora ocorre.
2. Câmeras a vêem melhor
Auroras são relativamente fracas e a luz mais vermelha está, muitas vezes, no limite do que as retinas humanas podem capturar. Câmeras, porém, são frequentemente mais sensíveis, e com um ajuste de longa exposição e um céu escuro e limpo, você pode fazer algumas fotos espetaculares.
1. Você não pode prever uma aparição
Um dos problemas mais difíceis na física solar é conhecer a forma de um campo magnético em uma ejeção de massa coronal (EMC), que é basicamente uma grande bolha de partículas carregadas ejetadas pelo sol. Tais EMCs têm os seus próprios campos magnéticos. O problema é que é quase impossível dizer em que direção o campo EMC está apontando até que ele seja atingido. Uma batida cria ou uma tempestade magnética espetacular e aurora deslumbrantes, ou um fiasco. Atualmente, não há nenhuma maneira de saber antes do tempo. [LiveScience]