Os maiores jatos de buraco negro descobertos tem o tamanho de 140 Vias Lácteas

Por , em 18.09.2024
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Astrônomos acabam de identificar um par colossal de jatos de buraco negro, o maior já registrado na história da ciência. Esses fluxos de energia titânicos, gerados há bilhões de anos, viajam por uma distância equivalente a 140 galáxias da Via Láctea. Para colocar em perspectiva, imagine alinhá-las uma atrás da outra – o resultado seria uma cadeia estonteante de 23 milhões de anos-luz de comprimento. Chamado Porphyrion, em homenagem a um gigante da mitologia grega, essa estrutura cósmica representa um dos maiores mistérios do universo.

Os cientistas acreditam que Porphyrion tenha surgido quando o universo ainda estava na adolescência cósmica, com apenas 6,3 bilhões de anos de idade (hoje ele tem aproximadamente 13,8 bilhões de anos). Naquela época, a formação de galáxias e buracos negros estava a todo vapor. Esses jatos imensos podem fornecer pistas valiosas sobre como galáxias como a nossa surgiram e evoluíram. E se isso parece impressionante, espere: os especialistas afirmam que o que vimos até agora pode ser apenas a ponta do iceberg.

Viagem ao Passado

Observar algo tão distante como Porphyrion é, na verdade, espiar o passado. As imagens que os astrônomos estudam hoje são de eventos que ocorreram há aproximadamente 7,5 bilhões de anos. Esse olhar no tempo é o que torna a astronomia tão fascinante: estamos literalmente vendo os primórdios do universo em ação. Os cientistas estão ansiosos para usar essas observações e expandir o conhecimento sobre as forças que moldaram estrelas, galáxias e planetas.

Imagem capturada pelo radiotelescópio LOFAR (LOw Frequency ARray) da Europa revela o par de jatos de buraco negro mais extenso já registrado. Batizado de Porphyrion, em referência a um gigante da mitologia grega pelo co-descobridor Aivin Gast, da Universidade de Oxford, o sistema de jatos se expande por impressionantes 23 milhões de anos-luz, equivalente a alinhar 140 galáxias da Via Láctea consecutivamente. A galáxia que abriga o buraco negro supermassivo, localizada a 7,5 bilhões de anos-luz da Terra, aparece apenas como um minúsculo ponto no centro da imagem. A maior mancha próxima ao centro corresponde a um outro sistema de jatos menor e separado. Crédito: Colaboração LOFAR / Martijn Oei (Caltech).

George Djorgovski, do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), afirma que galáxias e seus buracos negros centrais crescem em conjunto, e que os jatos de buracos negros podem espalhar enormes quantidades de energia que afetam não apenas a galáxia hospedeira, mas também suas vizinhas. Em outras palavras, esses jatos cósmicos são como agitadores no caldo primordial das galáxias.

O Gigante da Via Láctea

O radiotelescópio LOFAR, da Europa, foi a ferramenta responsável por revelar a magnitude de Porphyrion. Essa estrutura colossal, descoberta por Aivin Gast, da Universidade de Oxford, estende seus jatos por 23 milhões de anos-luz. A galáxia que abriga o buraco negro supermassivo central é quase imperceptível à distância de 7,5 bilhões de anos-luz da Terra, aparecendo como um mero pontinho nas imagens capturadas.

Mas não se deixe enganar pelo tamanho discreto da galáxia. Os jatos de Porphyrion são impressionantes e deixam até os astros mais longínquos no chinelo, espalhando energia em todas as direções e jogando uma luz sobre a maneira como o universo evoluiu ao longo do tempo. Embora os cientistas soubessem há algum tempo que jatos de buracos negros tinham papel importante na formação do universo, foi apenas recentemente que eles perceberam a real extensão dessa influência.

De Volta ao Começo

Porphyrion se formou durante uma época em que as galáxias e seus buracos negros estavam bem mais próximos do que estão hoje. Naquela época, os filamentos de energia que alimentam as galáxias, conhecidos como a teia cósmica, estavam mais conectados, permitindo que os jatos de Porphyrion se estendessem muito além do que fariam no universo atual. Ou seja, os jatos gigantes de Porphyrion percorreram terrenos cósmicos vastos, como um gigante atravessando um mar de estrelas.

Uma imagem do coração do LOFAR (LOw Frequency ARray), formado por várias subestações distribuídas em diferentes países da Europa. Crédito: ASTRON

O pós-doutorando do Caltech, Martijn Oei, acredita que esses jatos podem ter influenciado vastas regiões do universo. Afinal, se eles puderam alcançar a escala da teia cósmica em sua época, é possível que grande parte do cosmos tenha sentido o impacto dessas atividades de buracos negros.

Revelações Surpreendentes

Outra descoberta interessante é o “modo” de Porphyrion. Quando buracos negros supermassivos sugam o material ao seu redor, eles emitem energia de duas formas: como radiação ou jatos. No universo jovem, buracos negros radiativos eram comuns, mas os que emitem jatos, como Porphyrion, se tornaram mais raros com o tempo. O fato de Porphyrion, apesar de ser tão antigo, ter gerado jatos gigantescos é uma surpresa para os astrônomos. Isso indica que podem haver muitos outros gigantes cósmicos ainda por descobrir.

Como Oei brinca, o levantamento feito pelo LOFAR cobriu apenas 15% do céu. Então, quem sabe quantos outros colossos estão escondidos nos confins do cosmos, esperando para serem revelados? Em um universo vasto como o nosso, sempre há espaço para mais gigantes escondidos nas sombras das estrelas.

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