Um grupo de pesquisadores de vários países conseguiu encontrar uma mega colônia de pinguins-de-adélia ao observar imensas manchas de cocô em imagens de satélite. Esses animais vivem na ilhas de Danger Islands, na Antártida.
Depois de notar os sinais, os pesquisadores foram às ilhas, tiraram fotos e contaram o número de pinguins dessa colônia, e o resultado impressiona: 1,5 milhões. Isso surpreendeu os pesquisadores, uma vez que a apenas 160km dali, aves da mesma espécie estão vivendo em condições não muito promissoras.
O número de pinguins-de-adélia está em declínio há 40 anos na Península Antártica. Os pesquisadores já sabiam que eles provavelmente viviam na região norte da península, mas a dificuldade de acesso havia os impedido de chegar até lá até agora, então eles supuseram (erroneamente) que as populações dali também estivessem minguando.
O nome Danger Islands (Ilhas do Perigo) não é uma brincadeira. O explorador que a nomeou no século XIX, James Clark Ross, sabia do que estava falando. As águas ao redor do conjunto de ilhas são agitadas e contêm pedaços grandes de gelo mesmo durante o verão. Este local é de difícil acesso, e as expedições científicas para lá são raras.
Por isso, a ecologista Heather Lynch, da Universidade Stony Brook (EUA) fez uma parceria com Mathew Schwaller, que trabalha na NASA, para analisar as populações de pinguins da isolada região através de imagens de satélite. As fotos revelaram enormes manchas de cocô de pinguim, sugerindo que muitas aves viviam ali. A observação motivou uma expedição às ilhas em 2015, envolvendo profissionais das universidades de Oxford, Louisiana State, Woods Hole Oceanographic Institute e outras instituições.
Logo depois da chegada, a equipe percebeu que contar pinguim por pinguim seria impossível. Para completar essa missão monumental, eles usaram um drone modificado para conseguir imagens em ângulo olho de peixe para observar melhor o aglomerado de pássaros. As fotos foram unidas em um mosaico massivo, mostrando quatro ilhas em 2D ou 3D.
De volta ao laboratório, os pesquisadores usaram um tipo de Inteligência Artificial para analisar a montagem, contando meticulosamente cada ninho de pinguim. No total, eles encontraram 751.527 casais, sem contar os filhotes e solteiros.
Curiosos sobre a evolução da colônia, os pesquisadores tiveram acesso a imagens antigas de satélite do mesmo conjunto de ilhas e observaram que o grupo de aves vive ali pelo menos desde 1959. “Cientificamente, enquanto este é um enorme número de “novos” pinguins, eles são novos apenas para a ciência”, diz o co-autor da pesquisa, Tom Hart, pesquisador de Oxford.
Os pesquisadores estão curiosos para saber porque essa colônia continua populosa enquanto suas vizinhas do lado oeste da península estão diminuindo. A diminuição das outras colônias tem sido justificada pelo aquecimento global, segundo Mike Polito, pesquisador da Louisiana State University.
É possível que esse sucesso deva-se às condições do gelo sobre o mar na região ou quantidade de alimento disponível. Mas essas hipóteses ainda devem ser investigadas.
Mesmo assim, o estudo pede maior proteção às colônias do lado oeste, que estão mais expostas à atividade humana e que estão em declínio. O trabalho foi publicado na revista Scientific Reports. [Gizmodo]