Cientistas colocaram câmeras na cabeça de pinguins, e as imagens são incríveis

Por , em 17.08.2017

Pela primeira vez, pesquisadores capturaram imagens surpreendentes de pinguins-gentoo e suas rotinas nas águas geladas do Oceano Antártico.

Usando câmeras em miniatura do estilo GoPro, presas às cabeças das aves marinhas, a equipe descobriu que a comunicação vocal entre esses pinguins está ligada à formação grupal e não à coleta de alimentos.

A filmagem também mostrou que os pinguins fazem mergulhos mais curtos e nadam para outras áreas depois de fazer vocalizações, sugerindo que tais “chamadas” em alta mar podem ter várias funções.

Os animais

Os pinguins-gentoo (Pygoscelis papua) possuem em torno de 90 centímetros de altura e pesam até 8,5 quilos. Eles são a terceira maior espécie de pinguins do mundo.

Como seus parentes, o pinguim-de-adélia (Pygoscelis adeliae) e o pinguim-azul (Eudyptula minor), os gentoo se reúnem em grandes colônias de reprodução, de até 300 mil pares.

Além disso, os gentoo fazem vocalizações que lembram o som ardido de brinquedos para cachorros, ou uma dessas buzinas de festa. Tais chamadas agudas não são para incomodar: como outras aves, os pinguins dependem de uma grande variedade de sinais vocais para trocar informações, formar grupos e coordenar movimentos.

Os pesquisadores tinham dificuldade em entender o comportamento dos pinguins enquanto eles caçavam por krill e peixes no oceano aberto, então a solução encontrada foi usar uma câmera de vídeo de tamanho reduzido para acompanhar 26 pinguins-gentoo e gravar suas chamadas em alto-mar.

As descobertas

O pesquisador Won Young Lee, do Korea Polar Research Institute (KOPRI, na Coreia do Sul), disse que a filmagem apresenta um vislumbre raro sobre o misterioso comportamento dessas aves marinhas.

“Os pinguins passam muito tempo no oceano, mas a forma como se comunicam no mar é mal compreendida”, disse Young Lee ao portal ScienceAlert. “O que nos surpreendeu foi que eles parecem usar vocalizações para atrair outros indivíduos”.

Ao longo de duas estações de reprodução, Young Lee e seus colegas registraram um total de 598 pinguins nas costas da Ilha King George, na Antártica.

Ao reproduzir os arquivos de vídeo, os pesquisadores analisaram a acústica das chamadas e os padrões de comportamento de mergulho, forrageamento e formação de grupos dos pinguins.

Eles descobriram que quase metade dos pinguins se formaram em grupos dentro de um minuto de uma vocalização. Cada uma das vocalizações variava em comprimento e frequência, e se assemelhava às chamadas de contato observadas em pinguins africanos (Spheniscus demersus).

Dúvidas

Apesar de forragear em grupo, não havia nenhum sinal de interação vocal entre os pinguins. Houve também pequenas mudanças nos mergulhos ou na captura de presas depois que uma vocalização foi feita.

Isso sugere que as chamadas vocais podem ter mais a ver com a formação de grupos do que com interagir com os vizinhos ou ajudar uns aos outros na alimentação.

Quando a equipe examinou as filmagens, eles perceberam que os pinguins faziam mergulhos rápidos pouco profundos depois de fazer uma chamada vocal. Como a chamada custa energia, os mergulhos mais curtos provavelmente foram devidos a níveis de oxigênio diminuídos.

No futuro, a equipe espera usar as câmeras novamente para descobrir mais sobre por que os pinguins fazem chamadas vocais durante mergulhos.

“Nós não sabemos por que esses pinguins produzem chamadas ou como reconhecem essas chamadas no oceano aberto. Suspeitamos que existem outros mecanismos envolvidos na comunicação vocal”, afirmou Young Lee.

A pesquisa foi publicada na revista Scientific Reports. [ScienceAlert]

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