A Via Láctea é uma galáxia em espiral que tem um formato que lembra o de um ovo frito, com uma distribuição de estrelas no formato de um cata-vento. Mas quando as estrelas são examinadas mais de perto, é possível ver uma distribuição bastante curiosa. As estrelas formam estruturas que lembram cadeias de montanhas da Terra.
Desde 2013, a Agência Espacial Europeia tem conduzido uma missão chamada Gaia que faz um tipo de censo na galáxia, catalogando mais de um bilhão de estrelas. De 2018 para cá eles já catalogaram mais 500 milhões de objetos. Agora os astrônomos conseguem explorar a Via Láctea com uma nova dimensionalidade
Essas explorações permitiram a visualização de novas “montanhas estelares”, mas os cientistas ainda não sabem explicar como elas se formam. Uma equipe de pesquisadores liderada por astrônomos da Universidade de Sydney (Austrália) decidiu tentar recriar com modelos computacionais algumas características que vimos nessas estrelas.
Oito cadeias
Eles focaram em uma série de oito cumes na Via Láctea que se dobram como uma cadeia de montanhas. Esses montanhas ficam ensanduichadas juntas em uma camada intermediária da Via Láctea, com coleções únicas de estrelas formando os seus cumes.
Analisando a composição dessas estrelas eles constataram que elas têm formação semelhante à do nosso sol. Isso indica que elas são jovens, e ajudam a explicar a formação desses cumes.
Forças internas e externas
Teorias sobre a criação dessas cadeias caem em duas categorias: internas e externas. Algumas teorias propõem que mecanismos internos da galáxia são muito importantes para a formação da geografia galáctica. As interações da gravidade podem gerar ondas ressonantes que criam amontoados de matéria.
A fricção entre as estrelas, gases e poeira espacial também pode acabar criando essas geografia, da mesma forma que as roupas se embolam em uma máquina de lavar. Também é possível que forças externas podem ter enrugado o tecido de estrelas, como a passagem próxima de uma galáxia anã, da mesma forma que um pé se arrastando em um tapete fino faria.
O resultado das simulações foi que as cadeias observadas parecem ter se formado com um processo interno chamado mistura de fases, em que grupos de estrelas gradualmente se misturam. Aparentemente elas não se formaram por conta de forças externas, já que simulações desse tipo resultaram em cumes muito mais altos dos que os que existem.
Então a altura dos cumes “pode ajudar a discriminar entre processos internos e externos”, disse Shourya Khanna, astrônomo da Universidade de Sidney e pesquisado principal do trabalho, que foi enviado para publicação na revista Monthy Notices of the Royal Astronomical Society e que já está disponível no arquivo para preprints eletrônicos de artigos científicos arXiv.
Os pesquisadores ainda têm que adicionar em suas simulações o papel dos gases nessas interações. Ainda faltam muitas estrelas para serem catalogadas, e Gaia ainda deve continuar oferecendo aos pesquisadores mais pistas sobre as forças que modelam a nossa galáxia.
Confira detalhes sobre a missão Gaia: