O casal brasileiro que recriou uma floresta do nada
O desmatamento é um dos maiores problemas que a Terra tem de enfrentar para continuar abrigando a vida como a conhecemos. Por isso é tão importante quando bons exemplos são dados, principalmente por pessoas que podem influenciar outras. O portal Bored Panda fez uma matéria destacando um destes exemplos vindos aqui do Brasil. O texto fala sobre uma ação do casal formado pelo fotógrafo Sebastião Salgado e pela arquiteta e mestra em urbanismo Lélia Wanick Salgado, que trouxeram à vida uma floresta que já estava morta.
Um território florestal equivalente à Itália foi perdido em 2017
“O que fazer em face da carnificina ambiental ? Isso pode fazer com que o indivíduo se sinta pequeno e indefeso, à medida que ponderamos o impacto que podemos realmente causar. Será que alguma coisa que façamos faz a menor diferença? O fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado e sua esposa Lélia Deluiz Wanick Salgado decidiram mostrar o que um pequeno grupo de pessoas dedicadas e apaixonadas pode fazer, revertendo o desmatamento e começando um processo de reflorestamento”.
O processo ao qual a matéria se refere diz respeito a um projeto de reflorestamento no município de Aimorés, em Minas Gerais, onde Sebastião Salgado foi criado. “Nos anos 90, exausto fisicamente e emocionalmente após documentar a terrível barbárie do genocídio em Ruanda, ele voltou para casa em sua área nativa do Brasil, que era coberta por uma exuberante floresta tropical. Ele ficou chocado e devastado ao descobrir que a área era agora estéril e desprovida de vida selvagem, mas sua esposa Lélia acreditava que poderia ser restaurada à sua antiga glória”, diz o texto.
“A terra estava tão doente quanto eu – tudo foi destruído. Apenas cerca de 0,5% da terra estava coberta de árvores. Então minha esposa teve uma ideia fabulosa de replantar esta floresta. E quando começamos a fazer isso, todos os insetos, pássaros e peixes retornaram e, graças a esse aumento das árvores, eu também renasci – este foi o momento mais importante”, disse Salgado ao jornal britânico The Guardian em 2015.
18 fascinantes imagens feitas pelo fotojornalista brasileiro Sebastião Salgado
Juntos, Sebastião e Lélia fundaram o Instituto Terra, uma pequena organização que desde então plantou 4 milhões de mudas e trouxe a floresta à vida. “Talvez tenhamos uma solução. Há um único ser que pode transformar CO2 em oxigênio, que é a árvore. Precisamos replantar a floresta. Você precisa de florestas com árvores nativas, e você precisa coletar as sementes na mesma região que você plantou ou as serpentes e os cupins não virão. E se você planta florestas que não pertencem, os animais não vêm lá e a floresta fica em silêncio”, diz o fotógrafo, segundo o Bored Panda.
A área, reflorestada com plantas nativas, floresceu notavelmente nos anos que se seguiram. “A vida selvagem voltou, e onde havia um silêncio mortal há agora uma cacofonia de pássaros e insetos zumbindo ao redor. Ao todo, cerca de 172 espécies de aves retornaram, além de 33 espécies de mamíferos, 293 espécies de plantas, 15 espécies de répteis e 15 espécies de anfíbios, um ecossistema inteiro reconstruído a partir do zero”, destaca o BP. “A Mãe Natureza é uma alma resistente que sempre encontrará uma maneira de se recuperar, dadas as condições certas. Salgado é uma figura de renome, tendo ganho quase todos os grandes prêmios em fotojornalismo e publicado mais de meia dúzia de livros. O projeto inspirou milhões ao dar um exemplo concreto de ação ecológica positiva e mostrar a rapidez com que o ambiente pode se recuperar com as atitudes corretas”.
“Precisamos ouvir as palavras das pessoas na terra. A natureza é a terra e são outros seres e se não tivermos algum tipo de retorno espiritual ao nosso planeta, temo que estaremos em perigo”, define o fotógrafo.
Pesquisa: fazer isso poderia cancelar nossas emissões de CO2
“De acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), 129 milhões de hectares de floresta, uma área quase equivalente em tamanho à África do Sul, foram perdidos da Terra para sempre desde 1990. Uma área aproximadamente do tamanho do Panamá está sendo perdida todos os anos. Com cerca de 15% de todas as emissões de gases de efeito estufa advindos do desmatamento, e incontáveis espécies de plantas e animais perdendo seus habitats todos os dias, estes são números absolutamente devastadores para a saúde do nosso planeta, e simplesmente não podem continuar”, define o BP. [Bored Panda]