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“Cavalo de Tróia” é usado para matar células cancerosas

Um grupo de cientistas australianos desenvolveu uma terapia do tipo “cavalo de Tróia” para combater o câncer. Ela utiliza uma nano célula derivada de bactérias que penetra e neutraliza o câncer, que depois é atacado com drogas quimioterápicas. O nome “cavalo de Tróia” vem da lenda da guerra grega de Tróia, quando um cavalo de madeira foi deixado na entrada da cidade como sinal de trégua – porém, estava cheio de soldados dentro dele.

A nova terapia tem o potencial de fazer com que a quimioterapia ataque apenas as células cancerosas, ao contrário das terapias atuais, que atacam também as células saudáveis. Os cientistas Jennifer MacDiarmid e Himanshu Brahmbhatt, que participaram do estudo, afirmam ter obtido uma taxa de sobrevivência de 100% nos ratos estudados pelos últimos dois anos. Eles planejam começar a realizar testes em humanos nos próximos meses.

A terapia “cavalo de Tróia” envia mini células chamadas EDV para se ligarem e entrarem nas células cancerosas. A primeira leva das células libera moléculas de ácido ribonucléico, chamadas de siRNA, que “desligam” a produção de proteínas que fazem as células cancerosas resistentes à quimioterapia.

A segunda leva das células EDV é então aceita com facilidade pelas células doentes, e libera drogas quimioterápicas, matando a célula cancerosa. “O melhor é que as EDV agem como cavalos de Tróia”, diz MacDiarmid. “Elas chegam nos portões das células afetadas e sempre conseguem entrar”, completa.

Desarmando tumores

O RNA de interferência, conhecido como RNAi, tem a capacidade de silenciar genes responsáveis pela produção de genes que causam doenças, e por isso é uma das áreas mais importantes da biotecnologia atualmente.

Brahmbhatt afirma que, depois do tratamento convencional, um grande número de células cancerosas são mortas, mas, uma pequena porcentagem destas células pode produzir proteínas que tornam as células doentes resistentes à quimioterapia. “Consequentemente, tratamentos futuros podem falhar. Os tumores se tornam intratáveis e continuam a surgir, matando o paciente”, diz Brahmbhatt.

“Queremos participar deste movimento em direção a uma época em que o câncer possa ser tratado como uma doença crônica, e não considerado uma sentença de morte”, afirma o pesquisador. As células utilizadas no estudo foram bem toleradas e não tiveram efeitos colaterais ou morte em nenhum dos animais tratados. “Nossa metodologia não prejudica células normais e é aplicável a vários tipos de câncer”, afirma Brahmbhatt. [Reuters]

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