Se você está ou já esteve em um relacionamento sério, sabe que existem momentos em que é inevitável ter o pensamento de acabar com tudo. O que nos leva a pensar assim? E quando saber se devemos mesmo terminar tudo, ou se ainda vale a pena investir na relação?
Pesquisadores da Universidade de Utah (EUA) e da Universidade de Toronto (Canadá) decidiram analisar os motivos pelos quais as pessoas escolhem terminar um relacionamento. As conclusões podem te ajudar a resolver o seu próprio dilema.
Prós e contras
Segundo o novo estudo, pode até parecer bobo, mas fazer uma simples lista de prós e contras pode te ajudar a decidir.
Baseados em informações concedidas por 447 participantes, os pesquisadores descobriram 27 razões pelas quais as pessoas ficam em ou abandonam relacionamentos.
Os principais “prós” eram:
- Satisfação da intimidade emocional e física;
- Deveres familiares;
- Benefícios financeiros de permanecer juntos.
Os principais “contras” eram:
- Falta de confiança;
- Vida sexual insatisfatória;
- Muitas brigas;
- Incompatibilidade;
- Não gostar da personalidade do parceiro;
- Encontrar alguém novo.
Mas o que decide a balança para um lado ou outro?
O modelo do investimento
Uma das teorias que os cientistas usaram para tentar entender o processo de decisão dos participantes se chama “modelo do investimento”. Nele, três fatores contribuem igualmente para a decisão de permanecer junto: satisfação no relacionamento, investimentos conjuntos e qualidade das alternativas.
A satisfação no relacionamento depende das experiências positivas (se são mais numerosas do que as negativas) que os parceiros têm juntos. Quando a satisfação é alta, as pessoas sentem que suas necessidades estão sendo atendidas.
Os investimentos conjuntos podem ser financeiros, como casa e conta bancária, ou emocionais, como filhos, amigos e parentes. Já a qualidade das alternativas inclui novos parceiros românticos, mas também amigos, família e até mesmo hobbies, ou seja, fontes de satisfação que provêm de fora do relacionamento.
Os dois primeiros fatores trabalham a favor do relacionamento, enquanto o terceiro trabalha contra. Em um cenário ideal, as pessoas estariam satisfeitas em seu relacionamento, teriam investido muito nele e acreditariam que as alternativas não são melhores do que ele.
Os problemas
Aqui entram os problemas: enquanto esse modelo é interessante para fazer um balanço do seu relacionamento, nossa vida pessoal não é nada como a matemática e as chances de errarmos nos cálculos são grandes.
Por exemplo, as pessoas podem pensar que terão muito tempo para se dedicar aos seus hobbies e que será fácil encontrar um novo parceiro romântico, mas depois se decepcionar com a realidade.
Outro grande problema é um dos principais motivos pelos quais os indivíduos permanecem em relacionamentos: medo de machucar ao outro ou a si mesmo. De fato, a ciência já mostrou que terminar uma relação de longo prazo vem acompanhado de certo estresse e até mesmo doenças, bem como uma sensação de perda de identidade.
E não podemos deixar de mencionar o estigma social de ser solteiro – mesmo que você goste de ficar sozinho, a sociedade pode te ver como solitário ou menos “adequado” do que as pessoas que estão em relacionamentos.
Por fim, há o medo do arrependimento, que cria nas pessoas um viés em direção ao status quo – isso significa que preferimos deixar as coisas como estão, mesmo que não estejamos felizes, do que descobrir como seria a alternativa.
O que fazer, então?
Caso você esteja seriamente pensando em terminar um relacionamento, esforce-se para refletir objetivamente sobre o que é bom ou ruim nele, o que você tem investido nele e quais alternativas realistas você tem.
Também considere se o medo é um fator – não é justo permanecer em um relacionamento só por medo de magoar a outra pessoa ou de ficar sozinho.
Se sua decisão for de fato colocar um fim na relação, procure suporte e consolo junto à família e aos amigos. Também pense sobre tudo que você aprendeu enquanto esteve com a outra pessoa, porque esse tempo não foi perdido.
Finalmente, foque em você mesmo, sem a preocupação de começar um novo relacionamento. Como o próximo ano que está chegando, esse pode ser o momento de você se tornar uma pessoa nova.
Um artigo sobre a pesquisa foi publicado na revista científica Social Psychological and Personality Science. [ScienceAlert]