10 costumes culturais muito esquisitos (pelo menos para nós)
O nosso planeta é, sempre foi e sempre será um lugar absolutamente fascinante. Por mais que esteja cada vez menor, pelo menos no quesito “distâncias”, há espaço de sobra para uma variedade incrível e apaixonante de culturas. Se a gente não precisa ir muito longe para conhecer pessoas diferentes, imagine só o que podemos encontrar em comunidades que vivem isoladas lá do outro lado do mundo.
Essa é uma pequena amostra de costumes de culturas bastante específicas que, para nós, podem ser estranhos, mas são encarados com a maior naturalidade por quem aprendeu a viver com eles:
10. Taarof
O Taarof é uma prática típica do Irã que consiste em realizar um gesto de respeito e deferência, embora seja geralmente entendido que tal gesto deva ser recusado. Por exemplo, em alguns estabelecimentos, é considerado educado para o lojista recusar o pagamento de um cliente de uma posição social mais elevada. O cliente entende, porém, que a resposta correta é insistir para pagar. O lojista pode recusar o pagamento várias vezes antes de permitir que o cliente o convença a aceitar. Minha nossa! É quase um “deixa que eu deixo”.
Essa prática é muito confusa para turistas de países estrangeiros. Aliás, com não seria!?
O Taarof também pode se estender a convites sociais. Mas, de acordo com a cultura iraniana, entende-se que um convite para visitar um lar de família, não importa o quão entusiasmado seja esse convite, é uma mera formalidade. Caso a pessoa aceitar, o convidado – que não é desejado – pode acabar em uma situação bastante desconfortável.
Daí eu te pergunto, caro leitor: qual é a necessidade de tudo isso? Só quem nasceu nessa cultura pode entender.
9. Pagmamano
O Pagmamano é um gesto que simboliza respeito pelos mais velhos. É semelhante a curvar-se, só que pegando a mão de uma pessoa idosa e pressionando-a contra sua própria testa. A prática faz partes dos costumes culturais nas Filipinas e também em algumas partes da Malásia e da Indonésia. Alguns dizem que esse hábito foi emprestado dos chineses séculos atrás, quando os filipinos começaram a se aclimatar à cultura de viajantes e mercadores. É muito comum em reuniões de família, para ensinar as crianças a pedirem uma bênção aos parentes mais velhos.
Outro costume parecido com este, de respeito com os mais velhos, é o de abordá-los com palavras “po” e “opo”. Por exemplo, “Ano yun?”, que significa “O que é isso?”, é uma frase comum. No entanto, a adição de “po” (“Ano po yun?”) já significa o respeito à pessoa a que você está se dirigindo. É algo como “senhor” e “senhora” da nossa cultura.
8. Bayanihan
Outro costume singular da cultura filipina é o bayanihan, que consiste na prática de literalmente mover uma casa inteira para um novo local. Sim, no melhor estilo de Up – Altas Aventuras. Só que talvez sem os balões.
Os moradores se reúnem para erguer as estruturas, levantando tudo do chão a uma boa altura. Em alguns casos, esse procedimento é feito para evitar danos à construção em caso de inundações ou deslizamentos de terra, mas em outras vezes é feito simplesmente para ter um vizinho melhor. Bayanihan ocorre principalmente em províncias rurais, uma vez que os domicílios encontrados nessas áreas são feitos de materiais mais leves como bambu e madeira. Todo um novo conceito em se mudar de “mala e cuia”.
7. Pinturas corporais de henna em casamentos e o “enegrecimento”
É apenas impossível falar de costumes culturais exóticos para o ocidente sem mencionar o islã. Ao mesmo tempo em que os hábitos praticados por lá são um tanto estranhos para nós, são também muito fascinantes. Como os casamentos!
Os casamentos islâmicos estão mergulhados até o pescoço em tradições seculares e rituais. Por um lado, acredita-se que o melhor dia para a cerimônia acontecer é na quinta-feira, já que sexta-feira é o dia sagrado dos muçulmanos.
Outra tradição é a noite de mehndi, ou “henna”. Funciona assim: duas noites antes do casamento, a noiva é cercada por mulheres do seu lado da família, que se juntam para pintar desenhos em suas mãos, braços e pés. Isso acontece para simbolizar a entrada da noiva para a vida adulta. Alguns símbolos também são destinados a dar sorte e fertilidade.
Mas enquanto a noite de henna é praticamente uma exposição artística banhada em beleza, o mesmo não pode ser dito para um costume praticado em partes da Escócia chamado de “enegrecimento”. Trata-se de um dia em que amigos da noiva e noivo amarram os dois juntos atrás de picapes antes de desfilar com eles pelas ruas para serem bombardeados com uma variedade de coisas nojentas pelos pedestres. Penas, fuligem, ovos podres e lama são apenas alguns dos horrores de que o casal pode esperar ser coberto. É quase que como um trote.
Esta tradição, que é mais divertida para quem não está se casando, é feita para afastar os maus espíritos, e também oferece um momento de conexão para o casal que simboliza as dificuldades que estão a enfrentar (e superar) juntos.
6. Mudras
Os mudras são selos, marcas ou gestos únicos para o hinduísmo e para o budismo – culturas muito fortes principalmente na Índia. Nada menos que 500 significados diferentes podem ser expressos pela maneira como uma pessoa move suas mãos e dedos. Acredita-se que esses movimentos permitam que o indivíduo possa controlar a energia vital e centrar sua atenção em direção a um determinado objetivo.
Os uidras podem ser vistos em estátuas, pinturas, danças, peças de teatro, yoga e meditação. O mudra Gyana, em que os dedos polegar e indicador se tocam enquanto os outros dedos se estendem para longe da palma da mão, é considerado um gesto que promove a clareza mental e a calma, fazendo com que seja o mais popular para fins de meditação.
O mudra Abhaya, que consiste em simplesmente levantar a mão direita com a palma da mão aberta e os dedos estendidos para cima, compartilha um sentido quase que universal com outros gestos simbólicos de várias religiões e culturas. Ele é relacionado com o chakra do coração e comunica a intenção honesta.
O mudra Agni, que consiste em fazer o polegar tocar o dedo do meio enquanto o resto dos dedos se estendem para longe da palma, simboliza o fogo e acredita-se que fazê-lo pode ajudar no processo digestivo.
5. Chegar depois do horário marcado
Em muitas partes do mundo, chegar tarde a um encontro social é algo considerado bastante rude, mas esse não é o caso no Chile. Se o anfitrião diz que o jantar será servido às 20:00, os convidados são esperados em torno de 20:15 ou até 20:30. Chegar na hora ou mais cedo pode significar pegar o anfitrião despreparado, e o convidado será considerado “muito ansioso”. No Equador, chegar com 15-20 minutos de atraso também é considerado ser “no tempo”, e de nós brasileiros não preciso nem comentar. Quem nunca marcou um compromisso para “mais ou menos” uma determinada hora? Nossa agenda também costuma ter uma margem de erro de alguns minutos, para mais ou para menos (ainda que essa última opção seja mais rara).
4. O álcool e o demônio
A Rússia é um dos países que mais consome álcool no mundo. O problema é que todo esse amor por vodca traz alguns problemas. Por exemplo, o álcool é a principal causa de morte por lá, tanto por conta de doença hepática e intoxicação, quanto por acidentes fatais causados por motoristas bêbados.
Como o álcool é uma parte integrante da cultura russa, e esse é um traço mais marcado lá do que em outros países bebuns, há muitas regras de etiqueta para beber na Rússia.
Por exemplo, você não pode colocar um copo de álcool de volta na mesa depois de um brinde, a não ser que ele esteja devidamente esvaziado e com o fundo para cima. Outra coisa: chegar atrasado para o jantar significa que você tem que beber um copo cheio de vodca sem fazer muitas perguntas, até alcançar as pessoas que chegaram no horário. Entre a primeira e a segunda rodada, não deve haver interrupções de qualquer natureza. É pra virar sem medo.
Por último, você nunca deve cometer o erro de oferecer um brinde com um copo vazio. Se você fizer isso, você tem que beber toda a garrafa.
Os russos também gostam de juramentos, mas o costume é mera superstição. Dizem que quando você amaldiçoar a saúde de outra pessoa de uma maneira sem maldade, você deve cuspir três vezes por cima do ombro esquerdo. Este, simbolicamente, é um cuspe no olho do demônio, para evitar maus presságios.
3. Dentes de leite e a Fada do Dente
Existem diversas variações do conto da Fada do Dente. Na Dinamarca, a Fada do Dente é chamada de “Tann Feen”. Em muitas culturas, a figura mítica na verdade é um rato, conhecido na França como “La Petite Souris”, na Espanha como “Ratoncito Perez”, e na Colômbia, como “El Raton Miguelito”. Na Grécia e da Mauritânia, a criança não deixa o dente debaixo do travesseiro. Em vez disso, elas o jogam no telhado da casa. Na Grécia, as pessoas acreditam que isso dá boa sorte e dentes fortes. Na Mauritânia, se há um galo cantando ao amanhecer, ele poderia ficar com o dente. Já na Jamaica, as crianças ouvem histórias horríveis sobre um bezerro que irá levá-las se elas não colocarem seu dente perdido em uma lata e a agitá-la vigorosamente. Dizem que o barulho que o dentinho faz ali afasta o bezerro malvado.
Enquanto isso, as crianças malaias têm uma visão mais espiritual de seus dentes. Quando elas perdem algum, têm o costume de enterrá-lo no chão, pois acredita-se que o que já foi parte do corpo deve ser devolvido à Terra. Na Turquia, os dentes perdidos podem ser usados para transmitir as expectativas dos pais para com seus filhos. Por exemplo, se eles querem que seus filhos sejam um médico, eles podem enterrar os dentes perto de um hospital.
2. Bushido e Seppuku
Bushido, o código de guerreiro do Japão, enfatiza valores de força, lealdade e integridade. Alguns analistas e acadêmicos têm recomendado a sua aplicação no mundo dos negócios, pois práticas inspiradas pelo bushido prezam por trabalhar de forma eficaz e honesta, com os melhores interesses em mente.
Já o Seppuku, ou ritual de suicídio, é tido como uma alternativa para derrotar um adversário introduzido pelo samurai. Ele foi particularmente difamado durante a Segunda Guerra Mundial, quando milhares de soldados japoneses realizaram a prática, optando por tirar suas próprias vidas ao invés de se renderem, mas continua até hoje em muitas partes da Ásia. Exemplos notáveis incluem o suicídio de Yukio Mishima durante manifestações políticas e militares do Japão, em 1970, e o suicídio de Masaharu Nonaka, depois que ele foi demitido de seu emprego em 1999.
1. O Haka
O haka é uma tradição do povo Maori, da Nova Zelândia. O espetáculo envolve expressões faciais ameaçadoras, grunhindo, um uivo gutural, canto alto a todos os pulmões batendo forte no peito, tudo para passar uma sensação ameaçadora para possíveis oponentes. Esse ritual é tão forte que hoje extravasou as fronteiras da tribo e é performada por atletas de várias equipes nacionais da Nova Zelândia.
O haka feito pela equipe de rugby do país, conhecida como All Blacks, é um dos mais famosos do mundo.
Esse vídeo que você pode ver acima mostra uma compilação dos melhores hakas já feitos pela equipe de rugby. O primeiro que aparece é um dos meus preferidos e um dos primeiros que eu vi desse ritual. A emoção e a intensidade com que a coreografia é feita é de arrepiar!
O haka também foi feito no torneio FIFA de Basquete de 2014 (abaixo), quando o time de basquete da Nova Zelândia, apelidado de “Tall Blacks” (“negros altos”, em tradução livre), realizou o ritual e pegou o time adversário, dos Estados Unidos, de surpresa.
O haka também pode invocar a poesia e a arte que detalha a história e a tradição da tribo, ou ser usado para comunicar a paz, uma saudação de boas-vindas ou uma demonstração de respeito. Um exemplo é um momento que ocorreu após as filmagens da trilogia “O Senhor dos Anéis”, gravada na Nova Zelândia, que incluiu muitos atores locais, como Viggo Mortensen. Ele ficou conhecido por realizar diversas acrobacias que desafiavam a morte e, com isso, ganhou o respeito da equipe. Então, em seu último dia de filmagens, o elenco nativo da ilha realizou um haka para ele e para um outro membro do grupo. [Listverse]
1 comentário
Pelo pouco que sei da cultura japonesa, o suicídio ritual é uma maneira de apagar a vergonha que alguém traz à família ou ao grupo social a que pertence.
Sociologicamente, o controle moral é feito ou através da culpa (culturas ocidentais) ou através da vergonha (culturas orientais). O Japão pertence ao último destes tipos.
http://cyberdemocracia.blogspot.com/2012/03/culturas-de-vergonha-culturas-de-culpa.html