Você já tentou cortar uma uva no meio e colocá-la no micro-ondas por 15 segundos para assisti-la pegando fogo em uma bola de plasma?
A internet já, diversas vezes.
Agora, o pesquisador Aaron Slepkova da Universidade Trent (Canadá) e seus colegas decidiram estudar o fenômeno usando imagens térmicas e simulações de computador para tentar entender o que está acontecendo.
Plasma incendiário
Plasmas são formados quando um gás é aquecido e ionizado, liberando elétrons.
Explicações prévias para o “truque da uva no micro-ondas” sugeriam que o pequeno pedaço de pele deixado segurando as duas metades da fruta funcionava como um condutor de elétrons para fazer o show pirotécnico acontecer.
Não é isso. Ao observar as imagens térmicas do fenômeno, os cientistas descobriram que a energia estava concentrada em pontos quentes no centro da uva cortada. Isso sugere que as micro-ondas estavam presas dentro das “cavidades” da fruta.
Em outras palavras, quando as metades das uvas estão quase tocando, elas podem trocar energia. Esses pontos quentes começam a se acumular, e as micro-ondas interferem umas nas outras para formar um ponto muito mais quente e denso em energia do que se formariam independentemente.
Essa concentração de energia em um ponto muito pequeno é suficiente para ionizar sódio e potássio dentro das uvas, e inflamar o plasma.
Aplicações
Sei o que você está pensando: por que os cientistas quiseram estudar um truque “bobo” de internet?
Aparentemente, esse achado pode ter aplicações além do divertimento, como no projeto de uma antena de micro-ondas omnidirecional. Compreender como focar a energia das ondas pode ajudar a nos detectar sinais mais fracos, por exemplo, explica Thomas Volz, da Universidade Macquarie (Austrália), que não participou da pesquisa.
Volz também afirma que observar o que as micro-ondas fazem em estruturas como essa pode ajudar os pesquisadores a entender o que a luz, que é muito mais difícil de observar, pode fazer por analogia.
Os detalhes do estudo foram publicados em um artigo na revista científica PNAS. [NewScientist]