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Descoberto o mais antigo fóssil humano com 2,8 milhões de anos

O registro mais antigo conhecido do gênero Homo – o do ser humano – representado por uma mandíbula inferior com dentes, foi encontrado recentemente na região de Afar, na Etiópia, e data de 2,8 a 2,75 milhões de anos atrás, de acordo com uma equipe internacional de geocientistas e antropólogos.

Eles também dataram outros fósseis entre 2,84 e 2,58 milhões de anos atrás, o que ajudou a reconstruir o ambiente em que este indivíduo primitivo viveu.

Segundo a pesquisadora associada do Departamento de Geociências da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos Estados Unidos, Erin N. DiMaggio, o registro da evolução dos hominídeos de 3 a 2,5 milhões de anos é pouco conhecida em sítios superficiais, particularmente na região onde foram encontrados. Hominídeos são o grupo de primatas que incluem o Homo sapiens – humanos modernos, vulgo “nós” – e seus ancestrais. O termo é usado para o ramo da linha evolutiva humana que existe depois da separação dos chimpanzés.

Datar diretamente fósseis tão velhos é impossível, então geólogos usam uma variedade de métodos para descobrir a idade das camadas de rocha em que os fósseis são encontrados.

Os pesquisadores dataram a recentemente descoberta mandíbula fóssil de Ledi-Geraru, conhecida por seu número de catálogo LD 350-1, datando várias camadas de cinzas vulcânicas ou tufo usando argônio 40 e argônio 39, um método que mede os diferentes isótopos de argônio e determina a idade da erupção que criou a amostra. Seus resultados foram publicados na edição online da revista “Science Express”.

“Estamos confiantes”, garantiu DiMaggio, autora principal do artigo. “Nós usamos vários métodos de datação radiométrica, incluindo a análise de camadas de cinzas vulcânicas, e todos mostram que o fóssil hominídeo tem entre 2,8 e 2,75 milhões de anos de idade”.

A área da Etiópia onde a LD 350-1 foi encontrada é parte do Sistema Rift do Leste Africano, uma área que sofre extensão tectônica, o que permitiu que as rochas de 2,8 milhões fosses depositadas e depois expostas pela erosão. Na maioria das áreas em Afar, rochas que datam entre 3 e 2,5 milhões de anos estão incompletas ou foram erodidas, de modo que datar essas camadas e os fósseis que elas abrigam é impossível. Na área de Ledi-Geraru, essas camadas de rochas estão expostas, pois a área é dividida por falhas que ocorreram após as rochas sedimentares terem sido depositadas.

Ao datar camadas de cinzas vulcânicas abaixo dos fósseis e, em seguida, acima dos fósseis, os geólogos podem determinar as datas mais antigas e as mais novas nas quais o animal que se tornou o fóssil poderia ter vivido.

Outros fósseis encontrados nesta área incluem os de antílope pré-histórico, herbívoros dependentes de água, elefantes pré-históricos, um tipo de hipopótamo, crocodilos e peixes. Estes fósseis estão no intervalo de tempo entre 2,84 e 2,54 milhões de anos.

A professora universitária e integrante do Instituto de Origens Humanas da Universidade do Estado do Arizona, Kaye E. Reed, analisou o aglomerado de fósseis para tentar aprender sobre a comunidade ecológica em que o Homo primitivo LD 350-1 viveu.

Os fósseis sugerem que a área era um habitat mais aberto de pastagens mistas e terras arbustivas com uma floresta de galeria – árvores ao redor de rios ou zonas úmidas. A paisagem foi provavelmente semelhante a locais africanos como as planícies do Serengeti ou o Kalahari. Alguns pesquisadores sugerem que a mudança climática global que se intensifica a cerca de 2,8 milhões de anos resultou na variabilidade climática e aridez africanas, e isso estimulou mudanças evolutivas em muitas linhas de mamíferos.

“Podemos ver sinais de aridez de 2,8 milhões de anos de idade na comunidade faunística Ledi-Geraru”, disse Reed. “Mas ainda é muito cedo para dizer que isso significa que a mudança climática é responsável pela origem do Homo. Precisamos de uma amostra maior de fósseis de hominídeos e é por isso que continuamos a vir para a área de pesquisa de Ledi-Geraru”. [Phys.org, National Geographic, Live Science]

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