Escova progressiva e tinta permanente são ligadas a câncer de mama em estudo

Por , em 6.12.2019

Um novo estudo do Instituto Nacional de Ciências da Saúde Ambiental dos EUA descobriu uma associação entre escovas progressivas e tinturas permanentes com o câncer de mama.

Os pesquisadores deixaram claro que essa ligação não é necessariamente causal, ou seja, ainda não podemos dizer se as substâncias químicas nos alisadores e nas tintas de fato causam câncer de mama.

No entanto, esses produtos foram ligados a um aumento de 30% (para os alisadores) e 9% (para as tintas) no risco de desenvolver a doença.

Metodologia

Os cientistas analisaram dados de cerca de 47 mil mulheres que foram acompanhadas por mais de oito anos em um estudo chamado de “Sisters Study”. Todas tinham uma irmã diagnosticada com câncer de mama, mas não possuíam a doença no início do estudo.

As mulheres que usavam tinta permanente regularmente um ano antes do estudo tinham uma probabilidade, em média, 9% maior de desenvolver câncer de mama. O mesmo risco não foi encontrado com tinta semipermanente ou temporária.

A associação foi muito maior em mulheres negras – as que usavam tinta permanente tinham um risco 60% maior de ter a doença, comparado com 8% em mulheres brancas.

Já as mulheres que usavam alisadores de cabelo tinham um risco, no geral, 30% maior de desenvolver a doença, independente da cor. Porém, os cientistas observaram que mulheres negras utilizavam alisadores com mais frequência.

Ressalvas

Esses resultados são preliminares e ainda precisam ser replicados em outros estudos para entendermos a ligação desses produtos com a doença.

“Estamos expostos a muitas coisas que podem contribuir potencialmente para o câncer de mama, e é improvável que qualquer fator explique sozinho o risco de uma mulher. Embora seja muito cedo para fazer uma recomendação, evitar esses produtos químicos pode ser mais uma coisa que as mulheres podem fazer para reduzir o risco de câncer de mama”, disse Dale Sandler, chefe do Setor de Epidemiologia do Instituto Nacional de Ciências da Saúde Ambiental dos EUA, em um comunicado à imprensa.

Por outro lado, uma especialista em câncer de mama disse que haviam problemas com a metodologia e os resultados do estudo. Por exemplo, a população analisada não é representativa das mulheres como um todo.

“Todas essas mulheres corriam riscos variados, com base no fato de terem pelo menos um parente de primeiro grau [uma irmã] com histórico de câncer de mama e talvez mais”, observou Lauren Cassell, chefe de cirurgia de mama do Hospital Lenox Hill em Nova York (EUA).

Além disso, Cassell considera o período de um ano de uso de tintura ou alisador de cabelo insuficiente para impactar o risco de câncer de mama. “Todos esses produtos químicos provavelmente não são bons para você, mas se houvesse uma conexão direta, poderíamos pensar que veríamos muito mais mulheres desenvolvendo câncer de mama, porque muitas mulheres usam esses produtos em seus cabelos”, concluiu.

Um artigo sobre o estudo foi publicado na revista científica International Journal of Cancer. [WebMD]

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