Estranha vida encontrada presa dentro de cristais gigantes


Cientistas extraíram micróbios dormentes de dentro dos cristais gigantes das cavernas da montanha de Naica, no México – e os reviveram.
Os organismos provavelmente ficaram presos por pelo menos 10 mil anos, e possivelmente até 50 mil anos.
Essas formas de vida microbiana são provavelmente novas para a ciência, e se os pesquisadores estiverem corretos, ainda estão ativas.
“Outros já fizeram reivindicações de organismos mais antigos que foram encontrados ainda vivos, mas neste caso estes organismos são muito extraordinários – não são estreitamente relacionados a qualquer coisa nas bases de dados genéticos conhecidas”, disse a Dra. Penelope Boston, diretora do Instituto de Astrobiologia da NASA.
Amostras
Descoberta por mineiros à procura de prata e outros metais há cem anos, as cavernas profundamente enterradas de Naica são de interesse fundamental para os cientistas fascinados por extremófilos – micróbios que podem prosperar em condições aparentemente impossíveis.
O ambiente é quente (40 a 60° C), úmido e ácido. Sem luz, qualquer forma de vida deve fazer quimiossíntese para sobreviver. Ou seja, deve derivar a energia necessária para sustentar-se através do processamento de minerais de rochas.
Os pesquisadores identificaram micróbios vivendo nas paredes das cavernas, mas isolá-los do interior dos cristais foi uma surpresa.
Em 2008 e 2009, usando ferramentas estéreis, a Dra. Boston e seus colegas estudaram o labirinto de enormes cristais branco-leitosos, alguns com mais de 10 metros de comprimento, perfurando pequenos bolsões com fluido preso dentro, e amostrando seus conteúdos.

Organismos ativos
Os pesquisadores não só detectaram a presença de bactérias e arqueias, como também foram capazes de reanimar esses organismos no laboratório. A equipe conseguiu inclusive crescer culturas.
Há uma preocupação de que esses organismos poderiam ser simplesmente o resultado de contaminação, seja introduzida por equipes de pesquisa ou mineradores. Mas a Dra. Boston disse que os protocolos necessários foram seguidos.
Além disso, o que lhe dá confiança no status das cavernas mexicanas é a grande diversidade de vida que parece existir lá.
“Outros grupos têm mostrado que há muitos vírus nessas cavernas e o que me diz é que estas são comunidades microbianas de pleno direito. Então, esse é outro aspecto que argumenta contra casual contaminação”, explicou.
Pesquisa espacial
A astrobióloga ainda destacou a relevância de tais achados no que diz respeito à busca pela vida além da Terra.
“Qualquer sistema extremófilo que estudemos nos permite adicioná-lo a esse atlas de possibilidades que podemos aplicar a diferentes configurações planetárias”, afirmou.
Muitos cientistas suspeitam que, se a vida existe em outras partes do sistema solar, é mais provável que seja subterrânea, realizando quimiossíntese como os micróbios de Naica.
Dificuldades
Os pesquisadores ainda estão escrevendo um artigo para publicação em revista científica, o que significa que o estudo ainda não passou pelo processo de revisão por pares, o padrão de qualidade na verificação de um achado científico.
Isso torna difícil para outros especialistas dizer muito sobre a reivindicação por enquanto, mas a comunidade bióloga parece entusiasmada com as possibilidades.
Infelizmente, voltar para a caverna para coletar mais amostras seria uma tarefa complicada. A mina parou de ser lucrativa e as operações em Naica cessaram, de forma que a caverna agora está inundada com água subterrânea.
Apesar disso, a Dra. Boston observa que as culturas que sua equipe coletou ainda estão crescendo ativamente, de forma que ela e outros cientistas podem continuar a estudar as criaturas. [BBC, NatGeo]
2 comentários
não abriu este post 🙁
Muito lindo e interessante.