Estudo de Tapa na Cara revela que 78% dos competidores sofrem dano cerebral
Um esporte inusitado e preocupante, o Tapa na Cara vem crescendo em popularidade, mas também levanta questões graves sobre os riscos de lesões cerebrais. Neurologistas dos EUA analisaram as filmagens da primeira competição profissional televisionada de Tapa na Cara e descobriram que o risco de concussão entre os competidores é alarmante.
No Tapa na Cara, dois participantes se revezam dando tapas no rosto um do outro com força total. O competidor que recebe o tapa não pode se defender ou desviar, e o uso de capacetes é proibido. A Power Slap, empresa que organiza essas competições, pertence ao CEO do UFC, Dana White, e o esporte já está em sua terceira temporada.
A análise feita por neurologistas da Universidade de Pittsburgh e do VA Pittsburgh Healthcare System identificou sinais de concussão em 30% dos tapas observados. Dos 56 competidores avaliados, 44 apresentaram ao menos um sinal de concussão, como olhares vazios, dificuldade para se levantar, problemas de coordenação, vômito ou convulsões após o impacto. Em 75% dos casos, os competidores com sinais de lesão cerebral perderam a sequência. Além disso, 20 competidores sofreram uma segunda concussão durante o jogo.
Os médicos usaram critérios semelhantes aos aplicados no futebol americano, e mesmo sem um diagnóstico médico completo, sugerem que o Tapa na Cara pode causar lesões cerebrais traumáticas com consequências a longo prazo.
Christopher Nowinski, neurocientista e ex-lutador, chamou a atenção para o perigo do esporte após observar sinais claros de lesão cerebral em um competidor que adotou a chamada “postura de esgrima”, um reflexo involuntário típico de traumas graves. Ele criticou a falta de medidas de segurança no esporte, enquanto outros especialistas, como o neurologista Nikolas Evangelou, alertaram que o esporte é uma “receita para desastre”.
Raj Swaroop Lavadi, neurologista que liderou o estudo, afirmou que o objetivo é aumentar a segurança dos esportes profissionais e conscientizar o público sobre os danos neurológicos. Sua equipe está desenvolvendo uma pesquisa com sensores em protetores bucais para medir o impacto dos golpes e, assim, estabelecer padrões de segurança mais rigorosos para o Tapa na Cara. O estudo foi publicado na JAMA Surgery.