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5 fósseis bizarros que deixaram cientistas perplexos

De trilobites a tiranossauros, a maioria dos fósseis são de criaturas com cascas duras ou ossos. Estes materiais não são facilmente biodegradáveis ​​e os sedimentos têm tempo para se fixar ao redor deles, transformando-os em um registro da criatura que permanece conosco milhões de anos depois de ela ter morrido. Organismos de corpo mole como vermes, por outro lado, se deterioram rapidamente e seu registro fóssil é decididamente desigual.

Em circunstâncias excepcionais, no entanto, seus restos são preservados, às vezes nos lugares mais inusitados. Com as habilidades certas, paleontólogos podem usar essas descobertas para abrir novas janelas na história da vida na Terra.

Abaixo estão algumas dessas situações que nos lembram de que há fósseis muitos mais estranhos lá do que ossos de dinossauros.

1. Esperma milenar


Uma descoberta recente encontrou algo surpreendente em rochas de 50 milhões de anos de idade da Antártida: esperma de verme fossilizado. Este notável achado contém espermatozoides de um verme clitelado – ou de “colarinho” – e representa o mais antigo esperma animal já descoberto, batendo o recorde anterior, que era do esperma de um artrópode da ordem Collembola encontrado em âmbar Báltico, por pelo menos dez milhões de anos.

A preservação do esperma foi possível porque esses vermes se reproduzem liberando seus óvulos e espermatozoides em casulos protetores. Mesmo assim, foi preciso fazer uma análise microscópica de alta potência para o esperma ser localizado. Os pesquisadores acreditam que a técnica pode ser aplicada a outros fósseis de casulo, nos ajudando a aprender mais sobre criaturas antes enigmáticas.

O esperma é mais parecido com o de um grupo de sanguessugas semelhantes a vermes que se prendem a lagostas, embora hoje elas vivam apenas no hemisfério norte.

2. Um camarão siluriano bem-dotado


Se espermatozoides de 50 milhões de anos de idade são surpreendentes, o que dizer de um pênis de 425 milhões de anos de idade? Descoberto em uma vala perto da fronteira anglo-galesa no início de 2000, um pequeno ostracode mostrou-se muito claramente masculino. Conservado em três dimensões, o enorme pênis tinha todos os seus tecidos moles cristalizados.

Durante o período Siluriano (entre 443 e 419 milhões anos atrás), as fronteiras galesas ficavam na plataforma continental de um mar tropical. Animais marinhos foram ocasionalmente sufocados, sepultados e petrificados pelas cinzas de vulcões distantes. O ostracodes – e inúmeros outros fósseis pequenos – não podem ser vistos usando microscópios, no entanto: seu túmulo mineral tem de ser gradualmente desgastado e o fóssil recriado com imagem digital 3D.

3. Fezes e vômito de um réptil antigo


Esterco petrificado pode ser encontrado em muitos sítios paleontológicos. Estes espécimes são “vestígios fósseis” de grande valor histórico, podendo dizer aos cientistas precisamente o que uma criatura extinta comia.

Esses coprólitos são apenas um elemento de um grupo maior, chamado de bromalites ou “pedras fedidas”. O termo foi cunhado no início da década de 1990 para abranger todos os dejetos preservados petrificados. Nos últimos anos, bromalites foram surgindo em toda parte.

Na Austrália, elas mostram que plesiossauros do Cretáceo se alimentavam do que ficava no fundo de um corpo de água. Na Polônia, os jantares regurgitados de peixes que esmagavam conchas nos ajudaram a descobrir como a vida se recuperou da maior extinção em massa na história da Terra. E no xisto fino do Jurássico, encontrado nas cidades inglesas de Peterborough e Whitby, restos de lulas belemnites foram interpretadas como vômitos de ictiossauros.

4. Caverna Kirkdale


Uma descoberta fóssil muito estranha foi feita na caverna Kirkdale, perto de Kirkbymoorside, na Inglaterra, em 1821. Trabalhadores de pedreiras encontraram um rochedo oco cheio de grandes ossos de animais. Primeiramente, eles acharam que seria de gado, mas um naturalista local viu que tinham uma aparência mais exótica e os restos acabaram chegando às mãos do professor William Buckland, da Universidade de Oxford.

Um homem que alega ter estudado os mais diversos aspectos de todo o reino animal, Buckland foi um renomado cientista experimental. Ele reconheceu que os ossos eram principalmente de grandes herbívoros, como elefantes e rinocerontes. Eles mostravam sinais de terem sido roídos e as fezes fossilizadas encontradas no chão da caverna se assemelhavam às de hienas.

Convenientemente, o professor tinha uma como animal de estimação, e provou que a caverna Kirkdale tinha sido um ninho de hienas, fundando a ciência da paleoecologia. Quase 200 anos depois, sabemos que a megafauna “africana” se espalhou pelo Vale de Pickering cerca de 125 mil anos atrás, em uma fase quente entre eras glaciais.

5. O monstro misterioso


Os fósseis de Mazon Creek em Illinois, nos EUA, foram encontrados pela primeira vez durante a mineração de carvão no século XIX. Mas não foi até 1950 que o local se tornou realmente famoso, graças à descoberta de Francis Tully de uma criatura excepcionalmente estranha: um animal de corpo mole maravilhosamente preservado em um nódulo mineral naturalmente dividido.

Os espécimes acabaram sendo bastante numerosos, mas exclusivos de Mazon Creek, e o animal recebeu o nome de Tullimonstrum gregarium. Agora, ele é o fóssil do estado de Illinois. O problema é que ninguém sabe o que o Monstro de Tully realmente é. Com alguns centímetros de comprimento, tem um focinho longo com pinças parecidas com garras de caranguejo no final, dois olhos em hastes, um corpo segmentado e uma cauda com barbatanas. Ele provavelmente era um predador e as rochas no qual foi encontrado sugerem que vivia em mares tropicais e rasos.

Depois de mais de meio século, não sabemos muito mais. Ele não pode ser propriamente encaixado em qualquer outro grupo de invertebrados, vivos ou extintos. Mesmo excepcionalmente preservado, registros fósseis têm sempre a capacidade de surpreender. [The Conversation]

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