Os arqueólogos se debruçam sobre mapas e manuscritos antigos para fazer descobertas históricas. Outros contam com picaretas, pás e outras ferramentas, como um… Texugo?
Um grupo de arqueólogos da Alemanha recorreu aos texugos para descobrirem novos fósseis medievais. Esses mamíferos escavam muito bem e são o pesadelo de qualquer pessoa com um jardim bem cuidado, mas foram extremamente úteis nesse contexto. Para essa missão, um texugo em especial foi recurtado. Ele era habitante dos campos próximos à cidade de Stolpe, na Alemanha, e descobriu recentemente um local surpreendente: um cemitério do século 12, onde oito pessoas haviam sido enterradas. Aparentemente, os fósseis medievais são de dois dos mortos eram senhores da guerra eslavos.
Texugos desenterram fósseis medievais
Dois escultores que vivem na área estava assistindo ao texugo cavar uma região grande de terra para formar sua toca. Após uma observação mais atenta, eles notaram um osso pélvico no interior da futura toca do animal. “Nós introduzimos uma câmera no local e tiramos fotos por controle remoto”, conta Hendrikje Ring, um dos escultores. “Encontramos peças de joias, as retiramos do lugar e contactamos as autoridades.”
Um dos senhores da guerra foi enterrado com uma espada de dois gumes e uma grande tigela de bronze a seus pés. “Na época, essas tigelas eram usadas para lavar as mãos antes de comer”, informa o arqueólogo Felix Biermann, da Universidade Georg-August, de Göttingen, Alemanha. “As tigelas são um sinal de que o homem pertencia às classes mais altas”.
O mesmo guerreiro também usava um cinto de fivela de bronze elegante na forma de um omega, com a cabeça de uma cobra estilizada em cada extremidade. “Ele era um guerreiro bem equipado”, afirma Biermann, que lidera a equipe de escavação no local. “As cicatrizes e alguns ossos quebrados mostram que ele tinha sido atingido por lanças e espadas, e também tinha caído de um cavalo”.
Em outra sepultura estava o esqueleto de uma mulher com uma moeda na boca. De acordo com as antigas crenças religiosas, as pessoas muitas vezes eram enterradas junto de alguma moedas para pagar um barqueiro que as transportassem através do rio que separava o mundo dos vivos do reino dos mortos.
Este importante descoberta arqueológica feita por um texugo não foi tão surpreendente: não é a primeira vez que artefatos históricos são encontrados de formas inusitadas. Manuscritos do Mar Morto foram achados em 1947 por um jovem pastor beduíno que buscava uma ovelha que se desviou de seu rebanho. Ele jogou uma pedra em uma caverna e, em vez do som característico de um carneiro, ele ouviu o barulho de um objeto de cerâmica se quebrando – o que levou à descoberta dos pergaminhos.
No início deste mês, os restos mortais enterrados dos moradores de Bedlam, o mais antigo manicômio da Europa, foram descobertos durante a construção da linha de metrô Crossrail em Londres.
A descoberta arqueológica na Alemanha é importante porque o material encontrado corresponde ao local e ao período do conflito entre pagãos e cristãos tribos eslavas, explica Thomas Kersting, arqueólogo do Departamento de Proteção de Monumentos de Brandenburg.
Segundo ele, parece que alguém roubou uma das sepulturas dos guerreiros e levou a espada do morto. “Se alguém se dirigiu até esta sepultura, a abriu em plena vista do castelo local e tirou a espada, isto é um sinal de que algo não estava mais dando certo”, relata Kersting. “Isso quer dizer que o momento de turbulência em que a região era dominada pelas tribos eslavas estava chegando ao fim”. [Live Science]