Nas profundezas da Amazônia, vive a tribo mais ameaçada do mundo: Awá, hoje com apenas 400 indivíduos, de acordo com a Fundação Nacional do Índio (Funai).
A ONG inglesa Survival International afirma que o povo Awá está em perigo de extinção por várias causas, incluindo o fato de que são nômades e não conseguimos acompanhá-los direito, além do grande desmatamento da Floresta Amazônica.
Os Awá estão espalhados por quatro terras indígenas: Alto Turiaçu, Awá, Caru e Araribóia. A mais devastada, a Awá, perdeu mais de 35% do território de 2010 a 2013.
A tribo vem sofrendo pressão desde que os colonizadores europeus chegaram ao Brasil, e pecuaristas passaram a roubar a terra que eles precisavam para sobreviver. Agora, enfrentam a presença de madeireiros que invadem seu território, assassinam seus membros e derrubando as árvores que ajudam no seu sustento.
Isolados
Longe do mundo moderno, o povo Awá não entende muitos conceitos da sociedade de hoje, como o uso de roupas. Muitas poucas pessoas já tiveram contato com a tribo. O fotógrafo Domenico Pugliese foi uma delas, e fez os registros incríveis que você confere neste artigo.
Pugliese visitou os Awá pela primeira vez em 2009, depois que um amigo jornalista sugeriu que ele acompanhasse um antropólogo na viagem de dois dias até o então desprotegido pedaço de floresta tropical que eles chamavam de casa.
Apesar de assustados no início, os índios logo passaram a se divertir com a “estranheza” dos visitantes.
“Eles não entendem o que um homem adulto está fazendo solteiro, sem família. Eles olham para mim e tentam me dar conselhos. Eles não sabem de onde eu venho. Eles não têm um conceito do mundo. Para eles, é inacreditável eu ser um homem que não tem uma família”, contou Pugliese sobre sua experiência.
Harmonia com a natureza
Família é muito importante para os Awá, e esta não se limita a seres humanos. Os representantes restantes da tribo ainda vivem em completa harmonia com a selva. A maioria das famílias adota vários animais silvestres de estimação, e as mulheres podem amamentá-los até que eles estejam totalmente crescidos.
Esses animais, em contrapartida, muitas vezes ajudam os índios com as tarefas diárias, tais como quebrar nozes, coletar frutos de árvores altas e mesmo vigiá-los enquanto eles dormem. Logo, são considerados parte da tribo.
Os Awá criam porcos selvagens, esquilos, periquitos e cutias, mas os seus animais preferidos são os macacos. Os primatas são uma importante fonte de alimento para o grupo, mas, uma vez que um bebê foi amamentado por uma família, nunca será comido. Mesmo que retornar para a floresta, será sempre reconhecido como “hanima”, ou parte da família.
“Eles alimentam os esquilos e macacos como alimentam seus filhos”, comenta Pugliese, destacando o quão próximos eles estão da natureza. Ou melhor, “eles são parte da natureza”.
A triste história do fim da tribo Awá
Das dezenas de milhares de nativos que viviam em assentamentos por todo o Maranhão quando os colonos portugueses chegaram há 500 anos, apenas 400 permanecem até hoje. Cerca de 60 nunca tiveram qualquer contato com o mundo exterior.
Quase todos foram dizimados por doenças, incluindo varíola, sarampo e gripe, “importadas” pelos colonos. Os índios que sobreviveram foram escravizados e colocados para trabalhar nas plantações de borracha e de cana-de-açúcar.
Em 1835, depois de séculos de opressão, as tribos do Maranhão se revoltaram contra os europeus, no que terminou com o extermínio em massa de cerca de 100 mil indígenas em todo o estado.
Os Awá foram então forçados a adotar um estilo de vida nômade para escapar do genocídio. Ao longo dos próximos 200 anos, tornaram-se hábeis caçadores e aprenderam a construir abrigos em poucas horas, apenas para abandoná-los dias depois. Com esse novo estilo de vida, eles perderam o conhecimento de agricultura ou até mesmo como acender uma fogueira.
Em 1982, o Banco Mundial e a União Europeia deram ao Brasil um empréstimo milionário para proteger as terras de seus povos indígenas, mas madeireiros ilegais continuaram a ameaçar gravemente a sua existência por mais 30 anos – e, infelizmente, ainda o fazem até hoje. [DailyMail, G1]