10 líderes esquecidos que salvaram nações inteiras

Por , em 9.08.2014

Alguns heróis de guerra são lembrados até hoje, mas muitos líderes que sangraram e até morreram por suas nações ou seus ideais foram condenados ao esquecimento. Para corrigir isso, confira a história de dez heróis esquecidos:

10. Lúcio Quíncio Cincinato

lideres esquecidos (10)
Lúcio Quíncio Cincinato, general romano, se aposentou da política em uma idade avançada, depois de ter servido como cônsul. Em 458 aC, Roma foi assolada por uma ameaça de tribos vizinhas. A tribo de Aequi capturou um exército romano nas montanhas, ameaçando a própria cidade também. O Senado, ao saber da situação do exército, pediu a ajuda de Cincinato, efetivamente tornando-o ditador de Roma. Ao chegar à cidade, ele imediatamente deu ordens sobre a melhor forma de lidar com a situação, armou seus homens e liderou um ataque, recuperando o exército romano das tribos rebeldes. Ele também impediu a incursão das tribos rivais na cidade.

Cincinato recebeu um desfile de vitória para honrar sua conquista. Apesar de poder continuar no poder se quisesse, ele optou por abandonar sua posição como ditador e voltou para sua fazenda. Cincinato é hoje mais lembrado como uma cidade em Ohio (Cincinnati), em homenagem a uma sociedade fundada por americanos durante a revolução.

9. Rei David IV da Geórgia

lideres esquecidos (9)
Após a vitória seljúcida contra o Império Bizantino em Manzikert em 1071, os turcos tentaram conquistar terras georgianas. Milhares de civis turcos e outras pessoas dentro do domínio do Império Seljúcida rapidamente se estabeleceram no território, trazendo o caos para a população local. Em 1089, com 16 anos de idade, David, descendente da Casa de Bagrationi, substituiu seu pai recentemente abdicado. Como Rei David IV, ele iniciou uma campanha para retomar as terras perdidas da Geórgia. Sua missão de décadas para restaurar a glória do reino culminou na Batalha de Didgori, em 12 de agosto de 1121. Maciçamente em desvantagem, o exército georgiano obliterou os turcos seljúcidas. Logo, o reino tornou-se o mais poderoso do Cáucaso. Por sua preservação e restauração do reino, ele foi canonizado pela Igreja Ortodoxa da Geórgia, e até hoje é amplamente conhecido em seu país como o maior dos seus reis, ganhando o epíteto de “O Construtor”.

8. Tran Hung Dao

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Como comandante das forças vietnamitas, Tran Hung Dao foi creditado com não uma, mas duas vitórias contra massivas invasões mongóis ordenadas por Kublai Khan. O senhor da guerra mongol que controlava a China planejava subverter Dai Viet (o atual Vietnã) no sul. Tran usou táticas de guerrilha para derrotar um exército muito maior.

Uma de suas façanhas mais famosas foi a Batalha de Bach Dang River. Os vietnamitas levaram estacas com ponta de ferro para o leito do rio, e atraíram uma frota mongol de 400 navios. Conforme a maré subiu, a frota mongol ficou presa nas estacas e foi facilmente anulada pela emboscada vietnamita.

Enquanto Dai Viet pagou os mongóis para evitar conflitos futuros depois disso, o reino foi amplamente capaz de manter suas terras e população fora das mãos dos rivais. Tran tornou-se um símbolo de resistência contra a opressão estrangeira, e ruas vietnamitas levam seu nome em provavelmente todas as cidades do país hoje. Também, muitas ruas paralelas a rios são chamadas de “Bach Dang” em homenagem a sua grande vitória.

7. Jan Zizka

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Quase um século antes de Martinho Lutero, o monge agostiniano, pregar suas 95 teses na porta da igreja, Jan Hus da Boêmia (a moderna República Checa) tornou-se um adversário da Igreja Católica. Esta, cansada do antagonismo de Hus, o condenou por heresia e o queimou na fogueira em 1417. Os hussitas, seus seguidores, logo se tornaram uma pedra no sapato da Igreja e do Sacro Império Romano. O Papa ordenou várias cruzadas e invasões contra o movimento, e teria conseguido acabar com eles se não fosse por Jan Zizka.

Zizka conduziu com sucesso os hussitas contra os exércitos cruzados da Europa em várias ocasiões por meio do uso de armamento inovador, como pequenos canhões, colubrinas de mão e um vagão-forte. As táticas de Zizka eram uma versão medieval da artilharia móvel de hoje.

Zizka, que já era cego de um olho devido à idade avançada, perdeu a visão do olho remanescente depois de ter sido atingido por uma flecha. Ele lutou e venceu suas batalhas restantes completamente cego. Em 1424, Zizka sofreu e morreu de peste. Conflitos internos levaram ao colapso dos hussitas uma década após sua morte, mas suas vitórias e defesa do movimento tornaram-se um dos primeiros passos para o período da Reforma.

6. Muhammad Dipatuan Kudarat

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Nos anos 1600, a Espanha chegou aos quatro cantos do globo. As Filipinas, com uma demografia animista e islâmica, logo se converteu ao catolicismo. Dois terços do país estavam efetivamente sob o domínio espanhol, e o sultanato de Lanao, região ao sul da ilha de Mindanao, era o mais forte bastião islã do país. O sultão Kudarat, que governava estas terras, sabia desde o início que tinha que unir as várias tribos da região, uma tarefa difícil devido a rixas familiares e chefes rivais. Ele também desempenhou um jogo político, aliando-se com os holandeses contra os espanhóis, e vice-versa. Isso impediu uma guerra simultânea contra duas potências estrangeiras, o que teria sido uma sentença de morte para qualquer nação tecnologicamente inferior.

Quando a Espanha finalmente conquistou partes de seu território, Kudarat escapou e continuou a lutar no interior de Mindanao. Incapaz de desalojar o sultão, a Espanha concedeu um tratado reconhecendo seu domínio sobre metade da grande ilha. Com isso, Kudarat continuou a governar, mas suas ações e a preservação do islã na região também podem ter sido a causa da tragédia e dos conflitos que têm assolado as Filipinas até os dias de hoje.

5. Casimir Pulaski

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O oficial militar polonês Casimir Pulaski teve uma carreira animada no serviço de seu país. Ele e seu pai se juntaram a Confederação de Bar, que tinha como objetivo derrubar a invasão da Rússia Imperial na Polônia. Pulaski travou numerosas batalhas, incluindo o cerco do mosteiro de Jasna Gora, onde protegeu um dos mais sagrados ícones da Polônia, a Madona Negra. As façanhas de Pulaski foram bem elogiadas, até que ele foi injustamente acusado de regicídio.

Exilado, Pulaski viajou para a França, quando ouviu falar de outra nação tentando levantar-se contra a tirania imperial – a América. Sob recomendação de Benjamin Franklin, George Washington aceitou Pulaski em seu serviço como comandante de seus guarda-costas. Em 11 de setembro de 1777, Pulaski se deparou com um grande exército britânico em Brandywine Creek, na Pensilvânia. Pulaski advertiu Washington, e o Exército Continental recuou. O polonês então enfrentou as linhas britânicas com sua cavalaria. O ato salvou todo o exército americano e o próprio Washington da destruição total. Por isso, ele foi promovido a brigadeiro general. Pulaski e sua cavalaria continuaram a servir como parte das forças revolucionárias até sua morte em combate, dois anos depois. Ele ganhou o título de “pai da cavalaria americana”, embora tenha recebido uma cidadania americana honorária somente em 2009. Os EUA comemoram o dia de Casimir Pulaski todo 11 de outubro desde 1929, mas a ocasião tem sido largamente ignorada, apesar de homenagear o cara que manteve o sonho da independência americana vivo.

4. Kamehameha

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Lendas havaianas falam de Kokoika, uma estrela brilhante que prenunciou um conquistador que iria derrotar seus rivais e unir a terra. Quando videntes místicos observaram o cometa Haley em 1758, parecia que a profecia estava próxima. O preocupado Rei Alapai ordenou que seu filho recém-nascido fosse morto, mas foi desobedecido. A criança foi criada secretamente e recebeu o nome de Kamehameha, que significava “Aquele Muito Solitário” ou “Aquele que Foi Separado”.

Conforme Kamehameha cresceu, consolidou seu poder, derrotando seu primo e outros rivais em guerras civis com armas ocidentais, e impedindo a aquisição definitiva do Havaí por poderes coloniais hostis. Ganhando o apelido de “Napoleão do Pacífico”, Kamehameha introduziu reformas como uma lei que protegia os direitos das crianças, idosos e dos sem-teto. O preceito ainda é usado mesmo nas modernas leis havaianas. Apesar de seus sucessores não terem sido capazes de segurar a independência das ilhas, suas contribuições culturais e sociais vivem até hoje. No entanto, quando os jovens atuais ouvem o seu nome, provavelmente só lembram de uma bola de fogo de desenho animado que leva seu nome.

3. William Sidney Smith

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Enquanto Kamehameha pode ter sido chamado de “Napoleão do Pacífico”, o verdadeiro Napoleão enfrentou um problema em 1799. O brilhante Bonaparte sabia que invadir a Grã-Bretanha diretamente seria desastroso; o melhor curso de ação era enfraquecer os aliados da Grã-Bretanha e ameaçar o comércio e a hegemonia britânica em várias regiões.

Sua incursão no Egito causou pânico no país e seus aliados otomanos. O Egito era reduto otomano, e a alma da economia britânica na Índia. Em 20 de março de 1799, Napoleão fez o seu caminho até a fortaleza em Acre. Ele planejou fazer dali uma base segura para sua futura expansão para o leste, e poderia ter conseguido já em 1799, se não fosse por William Sidney Smith. O almirante britânico corajosamente capturou a artilharia francesa, carregado com nove barcos de transporte. Napoleão, privado de seus preciosos canhões, ordenou vários assaltos à fortaleza, todos sem sucesso, até que a doença o forçou a recuar. A rota comercial vital para a Índia ficou segura.

2. Jozef Pilsudski

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Um ano após o fim da Primeira Guerra Mundial, os bolcheviques tinham como objetivo apreender a Ucrânia e talvez expandir sua influência até a Europa Ocidental. Jozef Pilsudski, chefe-de-estado da Polônia e comandante de suas forças militares, aliou-se à nação sitiada. Em 1920, os exércitos soviéticos, inspirados por Lênin e Trotsky, forçaram para oeste na Polônia. Nos arredores de Varsóvia em 16 de agosto de 1920, Pilsudski concebeu um contra-ataque contra os russos numericamente superiores. Durante este “Milagre no Vístula”, também conhecida como Batalha de Varsóvia, os generais bolcheviques Tukhachevsky, Yegorov e até mesmo Stalin enfrentaram uma grande derrota. A ofensiva bolchevique foi anulada, e Pilsudski ganhou honras na sua Polônia natal.

Com a Europa ainda se recuperando da devastação da Primeira Guerra Mundial, quem sabe até onde o Exército Vermelho poderia ter marchado? Quem sabe o quão diferente o mundo poderia ter sido se este “quase ataque” tivesse acontecido, e o comunismo tivesse tomado conta do continente já em 1920?

1. Carl Gustaf Emil Mannerheim

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A Guerra de Inverno foi uma invasão soviética desastrosa da Finlândia, país que esteve envolvido em três conflitos separados durante a Segunda Guerra Mundial. Felizmente, o marechal Carl Gustaf Emil Mannerheim estava no comando.

Mannerheim tinha 72 anos e planejava renunciar seu cargo quando os soviéticos bateram a sua porta. Os bravos finlandeses aguentaram por muitos meses a Guerra de Inverno (1939-1940), até que finalmente se renderam à União Soviética. Quando a Alemanha ofereceu assistência, Mannerheim viu uma oportunidade de contra-atacar os comunistas, mas isso poderia colocar seu país em grave perigo. Ele ordenou que os soldados finlandeses não avançassem em Leningrado ou mesmo a bombardeassem, apesar das exigências alemãs.

Isso colocou a Finlândia em situação precária. A Grã-Bretanha e outras nações que apoiaram a Finlândia antes contra a Rússia agora condenavam sua tentativa de recuperar suas terras perdidas e declararam guerra. No entanto, Mannerheim conseguiu garantir sua separação da União Soviética em paz, com os finlandeses lutando para expulsar seus antigos aliados alemães na chamada Guerra de Lapland.

Conforme a Segunda Guerra Mundial se aproximava do fim, os tanques do Exército Vermelho rolavam pelas ruas de Budapeste e Bucareste. Berlim e Varsóvia foram reduzidas a escombros, mas a Finlândia ficou inteira – e independente. Apesar de uma breve aliança com a Alemanha nazista, os judeus mantiveram-se relativamente a salvo do Holocausto por lá, e, apesar de terem estado em guerra com os aliados ocidentais, ainda se mantiveram em alta estima como uma democracia. Tudo isso graças, em parte, a um velho soldado que, como Cincinato de Roma, voltou para a guerra para liderar e servir seu país quando ele mais precisava de um salvador. [Listverse]

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