Neuromarketing: a propaganda que lê nossos desejos

Por , em 21.12.2011

Entrar na mente inconsciente dos consumidores pode ajudar nas vendas de festividades. O que chamamos de “compras de Natal” está longe de ser apenas um exercício de adquirir presentes para nossos amigos e familiares. É, na verdade, um comportamento complexo que envolve leis e rituais sociais e psicológicos, com origem em um passado remoto.

Por exemplo, os psicólogos evolucionistas debatem se as mulheres compram mais do que os homens por causa de nossos ancestrais – a colheita e o armazenamento eram feitos mais por mulheres.

Antropologistas já observaram nosso instinto quase primitivo de personalizar cada presente embalando-os. Os psicólogos também veem os presentes festivos como uma forma de manter e prender relações.

“Comprar” é um comportamento complexo que pode ser usado para manipular os consumidores. Cientistas apontam para as lojas que usam aromas como canela para atrair as carteiras. Cores e música de acordo com o momento do ano também ajudam.

Mas agora as lojas querem dar um passo a mais para conquistar clientes: usar “neuromarketing” – máquinas que leem sua mente enquanto você escolhe um presente. A companhia californiana NeuroFocus desenvolveu um fone de ouvido que consegue calcular a atividade eletroquímica do cérebro de um consumidor andando pelo shopping.

Isso oferece “conhecimento e ideias sobre como os consumidores percebem as marcas, produtos, embalagens, marketing e propaganda, no nível subconsciente e em tempo real”, comenta A. K. Pradeep, chefe da empresa.

A companhia argumenta que o marketing tradicional é fraco. Perguntas e respostas deixam de lado nossas preferências inconscientes. Por exemplo, muitas pessoas que preferem o gosto da Pepsi escolhem Coca-Cola – e os donos das empresas de refrigerante iriam adorar saber por quê.

Espiar a mente inconsciente nos dá dicas de como capturar a atenção e ligar emoções com os sentidos. E isso pode ser usado de várias maneiras: do jornalismo a um trailer de filme.

Mas nem todos estão convencidos da efetividade do processo. O cientista Mike Page, da Universidade de Hertfordshire, comenta que o neuromarketing nos mostra onde a atividade acontece, mas não o conteúdo associado a ela.

“A sondagem cerebral não consegue distinguir entre emoções diferentes, como amor e nojo. Isso seria uma restrição chave para definir as intenções de um consumidor. No fim, a ciência da compra é comportamental e não neural: ações falam mais alto do que imagens cerebrais”.

Uma coisa é certa: o frenesi de comprar no fim de ano é um caso de comportamento humano tão marcável quanto os rituais indígenas, por exemplo. Só os ingleses vão gastar cerca de 36 bilhões de reais em compras online apenas no Natal, e muito mais nas ruas. Desse jeito nem precisamos de neuromaketing, não é?[Telegraph]

9 comentários

  • Bruno:

    Eita, isso se chama consumismo desenfreado!

  • Cristiano M. G.:

    Esta parte da reportagem, sobre a preferência entre Pepsi e Coca é bem interessante.
    Há alguns anos, em um shopping na minha cidade, a Pepsi fez um desafio: oferecia Coca e Pepsi em embalagem oculta, e pedia para o consumidor escolher qual era o melhor. O placar ficava exposto e era atualizado em tempo real. Mais de 70% dos consumidores preferiam o sabor da Pepsi, mas, como se sabe, na prática a Coca-Cola vende muito mais…

  • SILVIO SILVA PEREIRA:

    “Eu sou” o marketing nerocerebral,digo, o NEURO MARKETING e assim como essa tecnologia e usada para acesso ao consumidor enquanto transita pelo SHOPPING, ELE PODE SER USAR DE MANEIRA REVERSA PARA CONTROLAR INTENÇÕES DE LADROES E VÂNDALOS NESSES AMBIENTES PELOS SEUS DIFERENCIAS CEREBRAIS, NO IS REALITY?

    • Rafael:

      Excluídas as falhas gramaticais, a sua ideia faz sentido de um lado do assunto do artigo que não pode ser ignorado. A tecnologia reversa pode, sim, identificar atividade cerebral intensa do indivíduo, como possível indicativo de sua ansiedade em comprar. Ao passo que o outro indivíduo com baixa atividade cerebral tem maior probabilidade de estar apenas passeando.

  • Elizana:

    Como se já não bastasse as Propagandas tentando fazer lavagem Cerebral o Tempo todo…

  • André:

    No japão já tem alguma coisa assim que captura o nome e idade da pessoa. Considero um ESTUPRO MENTAL, uma violação de prioridade que deveria ser ABSOLUTAMENTE PROIBIDO no mundo inteiro. Ninguém tem direito de invadir sua mente, muito menos esse comércio pior que urubú na carniça, mais do que eles já tentam fazer lavagem cerebral. Além disso, se eles tiveram permissão pra usar tal coisa, ninguém tem como provar que eles não estão pegando informação de dezenas de outras partes do cérebro, por exemplo, senhas de banco, segredos empresariais ou particulares, ou o que quer que seja “interessante”.
    Para finalizar, se já era irritante no filme Minority Report, imagina como seria insuportável na realidade! Só na vontade de dar um pontapé na bagaça!

    • SILVIO SILVA PEREIRA:

      adorei sua opnião gostaria de lhe adcionar no face book, acesso sem permissão ou consetimento e violação, não é

  • AgoraQueSouRica:

    Meu Deus , como esse povo complica tudo !!!??!!!
    Até o simples ato de comprar ja conta com estudos de psicologos , antropologos e agora ainda inventam uma maquina para ler a mente do consumidor??? Queridos pra que maquina ??? Quer saber o que ele quer ??? Pergunte ….

    aff…quanto estudo inutil..

    • André:

      Até não é inútil, porque eles estão utilizando esta tecnologia pra fazer por exemplo próteses de braço/perna para paraplégico movidos por ondas cerebrais, cadeiras de rodas movidas por onda cerebrais, etc. Mas como tudo – lembra da história de quando inventaram o avião? – eles também usam para fins imorais. Tecnologia nuclear também pode gerar energia e fazer bomba atômica.

Deixe seu comentário!