Nosso kit detector de baboseira – Parte 2

Por , em 29.03.2015

Vamos à segunda parte do nosso artigo Detector de Baboseiras que Inspirado nos trabalhos de Carl Sagan e no vídeo de Michael Shermer produzido pela RDF TV traz alguns convites à reflexão.

Então, antes de nos indignarmos frente às notícias alarmistas e/ou reenviar um texto pela internet que pode ter embutido um discurso de ódio,  que tal realizarmos primeiramente essas perguntinhas?

  1. Para onde as evidências da notícia apontam de forma preponderante?

Existe uma tendência muito grande em aceitar como verdadeiro aquilo que está de acordo com nossas crenças e com nossos preconceitos.  E descartar como falso aquilo que os contraria.

Por isso muito cuidado antes de embarcar nessa.

Que tal uma rápida pesquisa antes de fechar a questão?

  1. A informação veiculada na notícia é fundamentada nas mesmas regras que são aplicadas à ciência?

Nas avaliações ditadas pelo método científico busca-se a objetividade, a universalidade e a liberdade de contestação e refutação. Vale-se da razão, da lógica e fundamenta-se muitas vezes em testes e experimentos.

Quando a informação está apoiada em dogmas admitidos como verdadeiros e em argumentos de autoridade o alarme deve soar bem alto.

Reiteramos a importância de filtrar as notícias movidas pelas baixas paixões, por exemplo.  O mesmo deve-se aplicar a carência de objetividade nas evidências apontadas.

  1. A fonte da notícia fornece evidências positivas?

Um dos métodos mais utilizados para a disseminação de baboseiras e a carência de evidências positivas.

Nesse caso cabe o questionamento:

A fonte da informação apresenta dados que confirmam suas ideias ou apenas fornecem dados que refutam as ideias contrárias?

Esse expediente pode ser encontrado facilmente no campo político onde determinada facção tende a apresentar “provas” comprometedoras do mau comportamento da facção rival, confiando na tendência que a notícia negativa possui em se difundir mais rapidamente. Cuidado. Desse jeito, muitas vezes, se caminha pela trilha pantanosa da difamação e calúnia. Ambas previstas pelo código penal.

  1. A informação possui abrangência enquanto explicação de fenômenos?

É muito comum, infelizmente, a tendência de se descartar um gigantesco rol de dados e aceitar apenas uns poucos que confirmem as ideias defendidas dentro de uma notícia.

E também quando se pretende uma explicação inovadora e revolucionária de determinado tipo de observação cabe o questionamento:

Será que a nova explicação dos fatos engloba maior número de fenômenos do que a antiga?  Mais uma alarme soando.

  1. A informação é guiada por crenças e ideologias?

Essa é a pergunta definitiva.

É preciso desconfiar quando a informação é tendenciosa, quando estiver inclinada na direção de alguma crença, paixão ou preconceito.

Discursos de ódio são exemplos claro desse tipo de prática.

– O mote principal é invariavelmente o preconceito ou a crença de que o objeto do ódio é o único ou o principal motor do problema apontado.

De acordo com Winfried Brugger são qualificados como discurso de ódio:

“Palavras que tendem a insultar, intimidar ou assediar pessoas em virtude de sua raça, cor, etnicidade, nacionalidade, sexo ou religião, ou que têm a capacidade de instigar violência, ódio ou discriminação contra tais pessoas”.

Ante o exposto, o importante é selecionar os melhores dados, oriundos das melhores fontes,  antes de fechar a questão sobre determinado assunto.

O fundamental, a meu ver, é questionar sempre se as palavras e as ações se apoiam em crenças, paixões e/ou preconceitos.

Coisas que geralmente surgem como constatações incontestáveis, talvez sejam ideias importadas de algum discurso de ódio e que querem se transvestir de verdade pela simples convicção de que seja verdade.

Uma das maiores máximas de Nietzsche nos serve sempre de alerta para constatações incontestáveis.

É preciso ter em mente que a convicção, muitas vezes, é a inimiga mais poderosa da verdade do que a mentira.

Vamos pensar?

Artigo de Mustafá Ali Kanso 

[Fontes: O Mundo Assombrado pelos Demônios de Carl Sagan e o video de Michael Shermer: Baloney Detection Kit]

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[Leia os outros artigos  de Mustafá Ali Kanso  publicado semanalmente aqui no Hypescience. Comente também no FACEBOOK – Mustafá Ibn Ali Kanso ]

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LEIA A SINOPSE DO LIVRO A COR DA TEMPESTADE DE Mustafá Ali Kanso

[O LIVRO ENCONTRA-SE À VENDA NAS LIVRARIAS CURITIBA E SPACE CASTLE BOOKSTORE].

Ciência, ficção científica, valores morais, história e uma dose generosa de romantismo – eis a receita de sucesso de A Cor da Tempestade.

Trata-se de uma coletânea de contos do escritor e professor paranaense Mustafá Ali Kanso (premiado em 2004 com o primeiro lugar pelo conto “Propriedade Intelectual” e o sexto lugar pelo conto “A Teoria” (Singularis Verita) no II Concurso Nacional de Contos promovido pela revista Scarium).

Publicado em 2011 pela Editora Multifoco, A Cor da Tempestade já está em sua 2ª edição – tendo sido a obra mais vendida no MEGACON 2014 (encontro da comunidade nerd, geek, otaku, de ficção científica, fantasia e terror fantástico) ocorrido em 5 de julho, na cidade de Curitiba.

Entre os contos publicados nessa coletânea destacam-se: “Herdeiro dos Ventos” e “Uma carta para Guinevere” que juntamente com obras de Clarice Lispector foram, em 2010, tópicos de abordagem literária do tema “Love and its Disorders” no “4th International Congress of Fundamental Psychopathology.”

Prefaciada pelo renomado escritor e cineasta brasileiro André Carneiro, esta obra não é apenas fruto da imaginação fértil do autor, trata-se também de uma mostra do ser humano em suas várias faces; uma viagem que permeia dois mundos surreais e desconhecidos – aquele que há dentro e o que há fora de nós.

Em sua obra, Mustafá Ali Kanso contempla o leitor com uma literatura de linguagem simples e acessível a todos os públicos.

É possível sentir-se como um espectador numa sala reservada, testemunha ocular de algo maravilhoso e até mesmo uma personagem parte do enredo.

A ficção mistura-se com a realidade rotineira de modo que o improvável parece perfeitamente possível.

Ao leitor um conselho: ao abrir as páginas deste livro, esteja atento a todo e qualquer detalhe; você irá se surpreender ao descobrir o significado da cor da tempestade.

[Sinopse escrita por Núrya Ramos  em seu blogue Oráculo de Cassandra]

1 comentário

  • Cesar Grossmann:

    Uma providência importante é ver se a notícia aparece no Weekly World News. Se aparece, é por que muito provavelmente é falsa.

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