O aumento alarmante dos microplásticos no Oceano Ártico
Esses pesquisadores realizaram uma análise da água do mar e do sedimento na região oeste do Oceano Ártico, que representa 13% de sua área total. Eles descobriram uma significativa acumulação de microplásticos, totalizando 210.000 toneladas métricas (ou 463 milhões de libras) na água, no gelo marinho e nas camadas de sedimento formadas desde a década de 1930. O estudo, recentemente publicado na revista Science Advances, identificou 19 tipos de polímeros sintéticos na forma de fragmentos, fibras e folhas. Diversas fontes contribuem para essa poluição por microplásticos, incluindo garrafas e sacolas quebradas, e microfibras de roupas sintéticas.
A equipe de pesquisa observou que os níveis de microplásticos nos sedimentos do Oceano Ártico dobram aproximadamente a cada 23 anos, uma tendência semelhante a descobertas em sedimentos oceânicos ao largo da costa sul da Califórnia, onde as concentrações dobram a cada 15 anos. Além disso, a contaminação em sedimentos de lagos urbanos tem mostrado um aumento exponencial.
O autor principal, Seung-Kyu Kim, um cientista marinho da Universidade Nacional de Incheon, alertou que o problema tende a piorar. A entrada de microplásticos no Ártico tem aumentado exponencialmente devido a uma taxa de crescimento anual de 3%. Esse aumento é atribuído à produção em massa de plástico com uma taxa anual de 8,4%, combinada com sistemas ineficientes de gestão de resíduos, levando a um aumento proporcional de plástico entrando no Ártico nas próximas décadas.
A atmosfera também está se tornando cada vez mais contaminada com microplásticos, com uma quantidade considerável caindo potencialmente apenas nos Estados Unidos. Estudos mostram um aumento significativo de microplásticos atmosféricos em diferentes regiões.
Os microplásticos têm a capacidade de se deslocar entre vários ambientes. A neve no Ártico foi encontrada contendo milhares de partículas de microplásticos por litro, originárias de fontes em cidades europeias. As correntes marinhas transportam microplásticos para o Ártico, onde eles se depositam nos sedimentos. As instalações de reciclagem também contribuem significativamente para as emissões de microplásticos, com uma única planta emitindo milhões de libras anualmente.
Os pesquisadores observaram níveis mais altos de microplásticos ao redor da linha de recuo do gelo marinho de verão, potencialmente devido à presença da alga Melosira arctica, que cresce na parte inferior do gelo marinho do Ártico. Quando o gelo derrete, as algas afundam para o fundo do mar, levando consigo as partículas sintéticas.
Esse ciclo de microplásticos pelo Oceano Ártico pode ter implicações ecológicas, já que zooplâncton e organismos que habitam o fundo do mar acabam consumindo as partículas, levando a possíveis interrupções na cadeia alimentar.
Dada a carga ambiental dos microplásticos, especialistas estão instando o tratado de plásticos das Nações Unidas, atualmente em negociação, a incluir limites significativos de produção. O estudo fornece mais evidências da necessidade urgente de ação global para reduzir a poluição por plástico nos oceanos, especialmente para proteger o meio ambiente do Ártico.
A poluição por microplásticos no Oceano Ártico é uma questão de crescente preocupação ambiental. Esse estudo revelou que quantidades alarmantes dessas partículas sintéticas têm se acumulado na água, no gelo marinho e nos sedimentos desde a década de 1930. Esse aumento contínuo pode afetar a vida marinha e toda a cadeia alimentar, além de representar um desafio para a proteção desse ecossistema frágil. Medidas globais de redução na produção e gestão adequada de resíduos são essenciais para conter essa ameaça aos ambientes árticos e seus habitantes. [Wired]