A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a epidemia chinesa de coronavírus uma emergência global na última quinta-feira (30).
De acordo com a instituição, uma vez que o número de casos aumentou em dez vezes em uma semana, esse “evento extraordinário” representa um perigo para outros países além da China e exige uma resposta internacional coordenada.
Segundo o UOL, desde que o sistema foi criado em 2009, a OMS decretou cinco emergências globais, sendo uma delas por conta do zika vírus brasileiro em 2016.
Número de casos e mortes
Segundo o portal Wired, o vírus 2019-nCoV infectou mais de 7.800 pessoas na China, matando 170, e casos da doença foram confirmados em 18 outros países.
Já o mapa criado por pesquisadores da Universidade John Hopkins (EUA), que utiliza dados médicos para atualizar o número de casos confirmados do coronavírus em tempo real, mostrava até a publicação deste artigo 9.776 pessoas infectadas, 213 mortes e 22 países afetados, incluindo Tailândia, Japão, EUA, Alemanha, Itália, França, Canadá e Índia.
Controlar epicentros da doença fora da China
O aumento rápido de infecções levantou o receio de que as autoridades de saúde do mundo todo não estejam preparadas para combater a epidemia.
Um problema em especial é como países com infraestrutura menos estabelecida irão lidar com o surto de 2019-nCoV.
“O principal motivo desta declaração não é o que aconteceu na China, mas o que está acontecendo em outros países. Nossa maior preocupação é o potencial para que o vírus se espalhe para países com sistemas de saúde mais fracos e mal preparados para lidar com isso”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, em uma entrevista coletiva.
O objetivo da declaração da OMS é, entre outras, gerar uma mobilização global para impedir novos epicentros do surto, além de permitir que recursos sejam destinados para enfrentar a emergência, inclusive para preparar países mais pobres e financiar uma vacina.
Na China, os profissionais de saúde estão passando por uma escassez de equipamentos de proteção individual, como máscaras, roupas e luvas. A maioria da produção em massa desses suprimentos é fabricada no próprio país, o que significa que a cadeia mundial de suprimentos médicos pode estar vulnerável.
Restrições
Enquanto a OMS garantiu que ainda não há necessidade de restrições de viagens ou comércio com a China, a nova declaração deve levar a limitações.
Por exemplo, algumas empresas já fecharam as portas de suas filiais chinesas e alguns países estão pedindo que seus cidadãos atualmente no país asiático retornem ao solo nativo.
201 americanos foram evacuados de Wuhan esta semana, embora permaneçam em quarentena em uma base militar na Califórnia, nos EUA.
Uma vez que as condições de contágio da doença não são claras, muitas pessoas podem estar espalhando a doença sem se dar conta disso. “Se você é exposto hoje e não apresenta sintomas por 14 dias, e é contagioso por sete, então você é um ‘espalhador’ [do vírus] por sete dias e não sabe que precisa usar máscara”, explicou David Marcozzi, que gerenciou a resposta a doenças de emergência no Conselho de Segurança Nacional do governo Obama. [Wired, UOL]