“Amou” é uma palavra em farsi usada especialmente por crianças para demonstrar afeição pelo mais velhos. Aos 80 anos de idade, Amou Haji acredita que “a limpeza traz doenças”. É por isso que ele não tomou nenhum banho nos últimos 60 anos. Ele vive em isolamento na aldeia Dejgah, na província sul iraniana de Fars. O último recorde de maior tempo sem tomar banho, 38 anos, pertencia a Kailash Singh, um indiano de 66 anos.
Haji odeia o contato com a água. Mesmo a sugestão de um banho o deixa muito irritado. Porém, todos esses anos de fuga do chuveiro trouxeram consequências – Haji é quase da cor da terra. Ele conseguiu se camuflar completamente com o ambiente. Na verdade, se ele fica muito quieto, é fácil confundi-lo com uma estátua.
Não é só de banho que Haji não gosta. Sua aversão por alimentos frescos e água potável é inconfundível. Em vez disso, ele prefere uma farta porção de carne de porco-espinho podre. Ele bebe 5 litros de água por dia para fins de saúde, mas somente aquela que vem de uma grande lata de óleo enferrujado. Ele gosta de encher seu cachimbo com fezes de animais, ao invés de tabaco. Para cortar o cabelo, ele não usa tesoura ou uma navalha: ele simplesmente o queima com uma chama. Um capacete de guerra velho mantém sua cabeça quente durante o inverno.
Haji não tem uma casa, mas também não tem um problema com isso – a Terra é sua casa. Ele vive em um buraco no chão, semelhante a um túmulo, para mantê-lo em contato com a realidade da vida. Às vezes, ele dorme em um barraco aberto de tijolo que os aldeões construíram para ele como um gesto de gentileza.
O estilo de vida escolhido por Haji é muito original. Os moradores dizem que ele sofreu muitas decepções emocionais graves em sua juventude, o que o levou a fazer essas escolhas extremas. Mesmo assim, ele parece muito mais feliz do que algumas pessoas que vivem em casas grandes com todos os confortos e conveniências – Haji não parece ter com o que se preocupar. Ele não tem nada a perder, nada a temer. Nos faz pensar sobre o que é realmente importante na vida, não é mesmo? [Oddity Central, The Nation, The Roosevelts]