Não é de hoje que ouvimos lendas urbanas sobre inventores que veem suas criações serem usadas para fins que não concordam e ficam bastante tristes com o mostro que criaram. Não há muitas dúvidas de que os anúncios pop-up (aqueles que insistem em pular na sua tela em praticamente qualquer site) estão no top 5 de coisas mais odiadas do mundo digital, ao lado do Internet Explorer e de propagandas no meio de playlists. Agora, o inventor deste mal quer se desculpar.
Ethan Zuckerman, o chefe do Centro de Mídia Cívica do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (EUA), diz que não sabia o que estava trazendo para o mundo quando escreveu o código para o primeiro anúncio pop-up, mais de duas décadas atrás, nos idos dos anos 90, enquanto trabalhava para o Tripod.com.
Em um longo ensaio publicado no site da revista “The Atlantic”, ele fala sobre seus motivos para acreditar que a internet precisa abrir mão de uma vez do seu modo de produção baseado na publicidade. “No final das contas, o modelo de negócio que financiava era a publicidade”, escreve. “O modelo que nos foi adquirido consistia em analisar páginas pessoais dos usuários para que pudéssemos melhor direcionar os anúncios para eles. Ao longo do caminho, acabamos criando uma das ferramentas mais odiadas do arsenal do anunciante: o anúncio pop-up”.
Zuckerman explica que aquela era uma maneira de associar um anúncio com página de um usuário sem colocá-lo diretamente na página, já que os anunciantes temiam que isso implicaria uma associação entre a sua marca e conteúdo da página. “Especificamente, nós concebemos a ideia [do pop-up] quando uma grande empresa de automóveis ficou apavorada porque tinha comprado um banner em uma página que celebrava o sexo anal”, conta. “Eu escrevi o código para ativar a janela e executar um anúncio nela. Sinto muito. Nossas intenções eram boas”, desculpa-se, bem-humorado. [Gizmodo, The Atlantic]