Os opostos se atraem: mito ou realidade?
Segundo um novo estudo da Universidade Columbia (EUA), casais que são muito próximos, tanto fisicamente quanto em personalidade, têm menos probabilidade de ter uma relação de longa duração do que os com uma certa distância entre eles.
Os pesquisadores sugerem que o segredo não é ser muito parecido com o seu parceiro, mas ser o quão próximo você quer ser, mesmo que isso signifique ser muito diferente.
O estudo
Os cientistas analisaram três anos de coletas de dados feitas online com 732 homens e mulheres adultos nos EUA e Canadá. Os participantes foram questionados sobre seus relacionamentos, níveis de intimidade, satisfação geral, proximidade com o seu parceiro, quantas vezes eles pensaram em se separar, compromisso e depressão.
O quão próximos eles realmente eram de seu parceiro foi medido em um teste muito utilizado por psicólogos, chamado de “Inclusion of Other in Self” (algo como “inclusão de outros no seu eu”). O teste expõe a semelhança entre traços de personalidade, valores de identidade e pontos de vista entre um casal, entre outros aspectos de sua vida juntos.
Com essas informações, os pesquisadores afirmaram poder comparar a proximidade dos casais contra a sua felicidade e a força de seu relacionamento.
Mais de metade dos participantes (57%) relataram sentir muita distância entre si e o seu parceiro. 37% estavam satisfeitos com o nível de proximidade no relacionamento deles, e uma pequena minoria (5%) relatou ser muito próximo.
Quando o que eles responderam diferiu muito da realidade (“discrepância de proximidade”), o relacionamento era de pior qualidade e foram vistos mais sintomas de depressão.
O efeito foi o mesmo, não importando se o entrevistado relatasse sentir-se “muito próximo” ou “não próximo o suficiente” de seu parceiro – o que importava era a discrepância, não a proximidade. Conclusão: os casais com relacionamentos mais fortes foram aqueles que não eram nem mais próximos, nem mais distantes, mas em algum lugar no meio disso.
Surpreendentemente, esses casais sabiam que não eram tão próximos quanto poderiam ser, mas eram mais felizes desta forma.
“Não é o quão próximo você sente que mais importa, é se você está tão próximo quanto você quer estar”, explicou o autor do estudo, o psicólogo David Frost. “As pessoas que anseiam por uma relação mais íntima e as pessoas que anseiam por mais distância estão igualmente em risco de ter um relacionamento problemático”.
Aqueles que cada vez mais se sentiam “muito próximos” ou “não próximos o suficiente” foram mais propensos, ao longo do tempo, a ficarem infelizes em seus relacionamentos, e romperem com seus parceiros.
Ou seja, disse Frost, se você quiser ter um relacionamento saudável e gratificante, é importante que você encontre uma maneira de atingir o seu nível ideal de proximidade com o seu parceiro, seja qual for.
Os cientistas dizem ainda que esse conceito pode ser estendido para além das relações românticas, por exemplo, para a intimidade nos relacionamentos entre pais e filhos, colegas de trabalho ou simplesmente amigos.
Frost acredita que discrepâncias de proximidade poderiam moldar novas abordagens para a psicoterapia, tanto para casais quanto para indivíduos, porque leva a sério as diferenças reais na intimidade que as pessoas querem em seus relacionamentos.[DailyMail, FridayLetter, EurekaAlert]