Biólogos encontram peixe de grande profundidade vivendo onde quase não há oxigênio

Por , em 20.01.2019

Oxigênio é uma necessidade básica para a vida animal. Mas biólogos encontraram recentemente grandes cardumes que vivem nas profundezas do Golfo da Califórnia (México) onde quase não há oxigênio. Usando um robô submarino, os cientistas observaram que esses peixes vivem em condições de baixo oxigênio que seriam mortais para a maioria dos outros peixes.

Essa descoberta poderia ajudar cientistas a prever como outros animais marinhos podem lidar com as mudanças de nível oxigênio nos oceanos conforme a temperatura vai aumentando.

A descoberta dos pesquisadores foi publicada na revista Ecology pela pesquisadora principal Natalya Gallo.

Em 2015, Gallo e nove outros pesquisadores conduziram uma série de mergulhos com Doc Ricketts, robôs top de linha operados remotamente. Gallo se interessou por esta área porque a tese de doutorado dela estudou animais que vivem em ambientes com pouco oxigênio, e o Golfo da Califórnia é um dos habitats com menos oxigênio do mundo.

Matalya Gallo segura um dos peixes que preferem ambientes com menos oxigênio

“Eu mal podia acreditar nos meus olhos. Observamos Ophidiidae, Macrouridae e Cephalurus cephalus nadando ativamente em áreas onde a concentração de oxigênio era menos do que 1% do que a concentração típica da superfície. Nós estávamos em um habitat tóxico que deveria excluir peixes, mas ao invés disso havia centenas de peixes. Eu sabia imediatamente que aquilo era algo especial que desafiava nossa compreensão existente dos limites de tolerância hipóxia [baixo oxigênio]”, escreveu ela no blog que relatava a pesquisa.

Ophidiidae, Macrouridae e Cephalurus cephalus

Medidores nos veículos operados remotamente mostraram que esses peixes estavam vivendo em um ambiente onde a concentração de oxigênio era entre 0,1 e 0,025 menor do que aquelas toleradas por outros peixes de baixo oxigênio. Duas das espécies encontradas pareciam preferir as regiões com menos oxigênio do que as com mais.

Os pesquisadores ainda não sabem exatamente como esses peixes conseguem sobreviver em condições tão extremas. Tanto os Ophidiidae quanto os Cephalurus cephalus têm cabeças grandes com guelras vermelhas vibrantes, que podem ser particularmente boas para absorver oxigênio da água. Esses peixes também são pequenos, com menos de 30 cm de comprimento, com corpos macios e ossos pequenos. Todas essas características ajudam na conservação da energia.

Mas por que esses peixes estão neste local? Os pesquisadores acreditam que eles podem estar encontrando alimento ou fugindo de predadores. Lesmas marinhas, estrelas e corais Pennatulacea vivem em outras regiões de baixo oxigênio, mas nenhum foi observado no local do estudo.

“Esperamos voltar ao Golfo logo para tentar resolver essas questões”, diz o biólogo Jim Barry, que liderou a embarcação dos pesquisadores. [Phys.org]

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