A primeira vez é sempre pior. Você ouve sua voz gravada e no primeiro segundo tem vontade de cair na gargalhada, com vergonha alheia da pessoa que está falando e sofrendo por ela ter aquela voz e não poder fazer nada para mudá-la. Aí passa aquele momento e você começa a perceber que, puxa, na verdade você conhece aquele som de algum lugar.
E no segundo seguinte, lá está a verdade gritando nos seus ouvidos, em um agudo terrível e claro como esse fato: aquela voz é sua!
Você ouviu sua voz a vida inteira e deveria saber exatamente como ela é. Até o dia que você dá uma entrevista e corre para casa para se ver na televisão. Ou sintoniza na estação de rádio e fica com um minuto de raiva achando que substituíram você por uma pessoa que falou exatamente as mesmas palavras. Você acha que conhece a verdade sobre a sua voz até o momento que fica com dó de todas as pessoas que estão a sua volta e cogita seriamente a possibilidade de fazer um voto de silêncio.
“Desde quando minha voz é tão aguda? Eu realmente soo assim para os outros?” são perguntas que costumam vagar em gravidade zero pela sua cabeça. Mas sim: você soa assim. Esse é o verdadeiro som da sua voz. Então por que ouvir sua voz gravada é tão estranho?
A resposta
A resposta para esse verdadeiro mistério do dia a dia corresponde diretamente aos diferentes caminhos que o som leva para chegar ao ouvido interno. A maioria do som é ouvido como vibrações que viajam através do ar até chegarem aos nossos ouvidos. Quando você fala, essas vibrações viajam até lá não só a partir do ar, mas também através dos ossos da cabeça, como o maxilar. Então, a maneira como você percebe a sua própria voz é uma combinação dessas duas vias, que, graças às ressonâncias da sua cabeça, é muitas vezes mais profunda do que uma gravação.
E quando você ouve a sua voz gravada, em sua mensagem de correio de voz ou em uma entrevista, você está ouvindo a sua voz apenas a partir de vibrações que viajam através do ar. Daí a diferença. [bhphotovideo]