Medo de aranhas: por que nós temos? Clique e descubra!

Por , em 13.05.2014

Eu não sei você, mas eu, só de pensar em aranhas, já tenho vontade de sair correndo. Antes de você achar que é frescura minha, tenho números que mostram que eu não estou sozinha. De acordo com a Associação Americana de Psiquiatria, fobias afetam mais de uma em cada dez pessoas nos EUA. E, entre esses indivíduos, até 40% das fobias estão relacionadas a aranhas, ratos, cobras e morcegos.

Particularmente interessado em aranhas, o especialista em aracnídeos Chris Buddler resolveu pesquisar de onde vem a aracnofobia e porque temos tanto medo de aranhas.

Uma picada multiplica o medo de aranhas?

Os psicólogos acreditavam que uma das razões pelas quais as pessoas temem aranhas é por causa de alguma experiência direta que já tiveram com elas, alguma vez na vida. Isso é conhecido como ponto de vista do “condicionamento” da aracnofobia.

Em 1991, Davey, da City University London, publicou um estudo para entender mais sobre este ponto de vista. Ele entrevistou 118 estudantes de graduação sobre os seus medos de aranhas. O resultado foi que cerca de 75% das pessoas da amostra tinham medo moderado ou severo de aranhas. Dentre este percentual, a maioria era do sexo feminino.

Davey também constatou um efeito familiar. Aquelas pessoas com medo de aranhas relataram ter um membro da família com temores semelhantes, mas o estudo foi incapaz de separar os fatores genéticos dos ambientais. O que foi realmente surpreendente é que Davey descobriu que a aracnofobia não é resultado de um “trauma específico” com aranhas – o que significa que o ponto de vista do “condicionamento” não tem fundamento algum. Ou seja: não estamos condicionados a sentir medo de aranhas, nem se elas já nos picaram algum dia.

Então o que faz aranhas serem assim tão temidas?

A ameaça que representam, talvez?

Davey pesquisou a fundo essa questão também, e descobriu que o que nos apavora não é tanto o medo de sermos mordidos, mas o movimento das aranhas – aquele jeitinho todo especial que elas andam. Segundo Davey, medo de animais podem representar um conjunto de respostas adaptativas que foram selecionadas durante nosso processo de evolução.

Uma crítica que esse trabalho de pesquisa de Davey geralmente recebe é que talvez o “condicionamento” não possa ser descartado com tanta facilidade, porque um trauma relacionado a uma aranha pode ocorrer durante a infância, e ser profundamente enterrado na memória, fugindo do nosso controle consciente. Tanto que, em 1997, Peter Muris e seus colegas da Universidade de Maastricht (Holanda) fizeram um experimento para analisar essa questão mais a fundo e constataram que se você der às crianças uma lista de coisas que poderiam ser assustadoras para elas, a grande maioria marca alternativas como “não respirar”, “ser atropelado por um carro”, “bombas”, “incêndios” ou “assaltantes”.

Curiosamente, se você deixar uma opção em branco para elas dizerem o que mais temem, tanto meninos quanto meninas marcam “aranhas” como seu principal medo. Ser sequestrado, predadores e o escuro aparecem em segundo, terceiro e quarto lugar, respectivamente.

Não é estranho? De todas as coisas que as crianças poderiam marcar na opção aberta, a mais relacionada foram justamente as aranhas. Em contraste com o trabalho de Davey, Muris descobriu, então, que as crianças que têm medo de aranhas podem relacioná-las a acontecimentos específicos – que talvez nem elas se lembrem quais são. Ou seja: talvez o “condicionamento” seja a resposta para aracnofobia.

Genes vs. Ambiente

Mas antes de estabelecer que a hipótese do “condicionamento” é a razão principal para o medo que sentimos de aranhas, era preciso garantir que fatores genéticos não estavam envolvidos na questão também. Por isso, John Hettema e sua equipe – ambos do Instituto Virgínia de Psiquiatria e Genética Comportamental, nos Estados Unidos – conduziram estudos idênticos em DNA de gêmeos, para desmembrar os fatores genéticos relacionados ao medo.

Irmãos gêmeos têm exatamente o mesmo DNA, mas tendem a viver em ambientes diferentes na vida adulta – o que permite aos pesquisadores descobrirem como os genes afetam seu comportamento. Hettema, então, gravou as respostas dos gêmeos de “medo relevante” (onde mostrou imagens de aranhas e cobras para eles) e comparou com respostas de “medo irrelevante” (quando os gêmeos foram expostos a imagens de círculos e triângulos).

A análise dos resultados revelaram que as influências genéticas são “substanciais”, o que significa que a aracnofobia também pode ser hereditária, e que você não precisa necessariamente ter uma experiência ruim com aranhas para ter medo delas.

Técnicas de intimidação

Tudo leva a crer que, para a infelicidade geral de todas as nações, a aracnofobia veio para ficar. No entanto, podem existir algumas técnicas simples para reduzir o medo que sentimos de aranhas, como a desenvolvida por Paul Singer, da Universidade de Nova York (EUA), em 2013. De acordo com seu estudo, expor pessoas a imagens de aranhas por um curtíssimo período tempo pode ajudá-las a lidar melhor com o problema. A ideia é que a pessoa não tenha tempo de conscientemente reconhecer a imagem, mas essa exposição seria suficiente para ter um efeito em seu subconsciente – onde está uma parcela de culpa do problema.

Enquanto outras conclusões a respeito da aracnofobia não aparecem, esse pode ser um bom começo para lidar com o medo.[phys]

4 comentários

  • Vera Lúcia Chiaratti:

    Caraca, eu lendo a matéria e meu celular vibrou no bolso… quase morri de susto!

  • Pedro Halicki:

    Mas a foto é de um amblipígio. O que não deixa de ser um aracnídeo, mas não uma aranha.

    • Matheus Soares:

      Cara, dane-se a foto, quase todo mundo conhece um amblipígio (eu falei quase). Você leu o artigo? Pois é, isso era o importante.

    • Cesar Grossmann:

      Verdade, Pedro, e é um animal assustador, o amblipígio. Mas totalmente inofensivo.

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