Porque o bronzeado demora para aparecer na pele: cientistas finalmente descobriram

Por , em 21.08.2023

A resposta do corpo à luz solar pode parecer atrasada, mas os pesquisadores identificaram uma explicação lógica para esse fenômeno. Uma equipe de cientistas, liderada por Nadav Elkoshi, um biólogo molecular da Universidade de Tel Aviv em Israel, conduziu experimentos em pele humana e de camundongo. Eles determinaram que o processo de bronzeamento só se inicia depois que a pele concluiu a reparação urgente do DNA.

Elkoshi detalhou os mecanismos de proteção contra a radiação UV prejudicial, afirmando: “Existem dois mecanismos em ação para proteger a pele da radiação UV perigosa.” Ele esclareceu, “O mecanismo inicial envolve a reparação dos danos no DNA das células da pele causados pela radiação. O segundo mecanismo desencadeia uma produção elevada de melanina, que escurece a pele, oferecendo proteção contra exposições futuras à radiação.”

Elkoshi e sua equipe propuseram que o atraso no bronzeamento resulta da alocação de recursos. Essencialmente, as células da pele priorizam a reparação expedita dos danos causados pela radiação. Uma vez concluída essa tarefa, as células podem então direcionar recursos para gerar melanina.

Para testar sua hipótese, os cientistas expuseram amostras de pele humana – obtidas com consentimento de pacientes cirúrgicos e cultivadas em placas de Petri – à radiação UVB. Isso permitiu analisar as respostas celulares aos danos causados pela radiação.

Suas investigações confirmaram que uma proteína quinase chamada ATM, vital para a reparação celular e ativada pelo dano ao DNA, se torna ativa logo após a exposição ao UVB. Embora esse achado fosse intrigante, os pesquisadores buscaram insights adicionais.

Posteriormente, induziram a ativação do ATM na ausência de exposição ao UVB. Esse experimento foi conduzido usando modelos de camundongo e amostras adicionais de pele humana em placas de Petri. Curiosamente, tanto na pele humana quanto na de camundongo, uma resposta de bronzeamento se desenvolveu após um intervalo de tempo, mesmo sem exposição à radiação prejudicial.

Uma análise mais detalhada dos processos celulares revelou que a ativação do ATM inibe a ativação da proteína MITF, responsável por desencadear a produção de melanina. Isso permite que a reparação do DNA tenha prioridade.

Elkoshi explicou: “O processo de reparação do DNA basicamente sinaliza a outros mecanismos celulares para pausar e permitir que a reparação prossiga sem interrupções. Um mecanismo essencialmente suplanta o outro até que a reparação do DNA atinja seu pico, geralmente algumas horas após a exposição ao UV.”

Os pesquisadores especulam que a reparação do DNA pode aproveitar componentes do processo de pigmentação para aumentar a sobrevivência celular e minimizar o risco de mutações.

As implicações dessa descoberta são abrangentes e devem contribuir com o entendimento das interações solares com o nosso corpo. A equipe acredita que ela poderia abrir caminho para pesquisas visando entender, prevenir e tratar danos na pele causados pela radiação. Elkoshi observou: “Essa descoberta científica revela um mecanismo molecular que pode servir como base para estudos futuros que levem a tratamentos inovadores projetados para oferecer proteção ótima contra danos à pele causados pela radiação.” Ele acrescentou: “A longo prazo, isso pode até contribuir para a prevenção do câncer de pele.” [ScienceAlert]

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