Quão forte é a força de vontade?

Por , em 14.06.2011

Em 1982, a estadunidense Angela Cavallo levantou um Chevrolet Impala para resgatar seu filho que havia ficado preso embaixo do veículo. Ou seja, uma mulher de tamanho médio segurou um carro de 1.350 quilos durante cinco minutos enquanto vizinhos puxavam o corpo ferido de seu filho para fora.

Todos nós já ouvimos histórias como essa antes, mas o que há de científico por trás delas? Como pode uma situação-limite, como o caso de Angela Cavallo, realmente transformar sua força de vontade em força física?

Os cientistas não são capazes de quantificar o ganho repentino de força, apesar de ser clara a mudança em uma pessoa que normalmente poderia no máximo levantar poucas dezenas de quilos para de repente conseguir suportar centenas.

“O pico de adrenalina é muito conhecido em situações como essas, mas ninguém nunca a analisou com números”, conta Bob Girandola, cinesiologista (profisisonal da ciência que estuda os movimentos).

A grande barreira para se intensificarem estudos nessa área é que situações de vida ou morte não podem ser reproduzidas em laboratório. E quando surge uma – quando o filho fica preso embaixo de um carro – nenhum cientista está perto para tomar notas.

Apesar disso, os cientistas possuem uma compreensão bastante sólida de como o cérebro aciona os “músculos instantâneos”.

Picos de força sobre-humana aparentemente fazem parte da chamada “resposta de lutar ou fugir”. Quando confrontado com uma situação de vida ou morte (ou de “lutar ou fugir”), você precisa que todos os seus sentidos, reflexos e músculos executem o seu melhor, ou até mesmo supere o que você é normalmente capaz de fazer. E a evolução é a responsável por criar um mecanismo para assegurar que isso aconteça.

Girandola compara o desempenho do corpo humano com o tacômetro (ou conta-giros) – o indicador de velocidade no painel de um carro. “Sobre o conta-giros, há uma linha vermelha acima do qual o veículo não deve, normalmente, ir, porque isso estragaria o motor”, diz Girandola. “Conosco, também existe um tipo similar de pseudolimite que você normalmente não ultrapassa. Se você desrespeitá-lo, você pode quebrar seus ossos, romper seus músculos etc”.

No entanto, em momentos de estresse extremo ou perigo, a adrenalina, também conhecida como epinefrina, jorra de suas glândulas suprarrenais. “E é a adrenalina que pode fazer você ultrapassar a linha vermelha do conta-giros”, compara Girandola.

“É possível que durante situações de estresse extremo e perigo, a adrenalina nos permita desbloquear o potencial verdadeiro de um músculo que não seria alcançado de forma voluntária”, explica Gordon Lynch, fisiologista da Universidade de Melbourne, Austrália, que estuda a forma como hormônios influenciam no trabalho dos músculos.

A adrenalina convoca mais “unidades motoras” – os nervos e as fibras musculares que controlam os movimentos – do que aquelas que são normalmente utilizadas no dia a dia. “Em muitos casos, nós podemos passar nossa vida inteira sem nunca realmente recrutar todas as unidades motoras disponíveis, a menos que sejamos colocados em situações raras de ‘luta ou fuga’”, conta Lynch.

No cérebro, a adrenalina diminui o medo. “Você faz coisas que normalmente não faria parte porque você esquece o medo envolvido”, comenta Girandola. Os kamikazes, homens-bomba suicidas japoneses que lutaram na Segunda Guerra Mundial, tomavam anfetaminas, drogas que são quimicamente semelhante à adrenalina, a fim de perder o medo para executar suas missões fatais. Em suma, a adrenalina nos tolhe o receio para que possamos fazer o possível (e o impossível, se considerarmos Angela Cavello) para superar a situação complicada em que estamos.[LifesLittleMysteries]

17 comentários

  • Caio Moreira Ferreira:

    eu acho que o ser humano tem muitas capacidades desconhecidas como essa ai e eu acho que se você se desconcentrar muito de algo mas não pensar nada mesmo acontece certas coisas por exemplo eu estava com um grande dor mas então comecei a mecher na internet e estava tão interessado no que estava vendo que esqueci da dor e quando parei para ir ao banheiro eu nem conseguia levantar da cadeira de dor se estava com tanta dor como não percebi acho que essa história conta

  • Alexsandro:

    Tive uma experiencia com isso, fui com minha familia a um rio que ne certo ponto tinha uma leve correnteza, meu sobrinho foi arrastado, como fui o primeiro a ver gritei por ajuda e saí correndo para socorre-lo e conseguir salvá-lo o que me entriga até hoje foi o fato de que não me recordo como cheguei lá primeiro ja que estava mais distante e caminho era repleto de espinhos, sendo que estava descalso não tinha como passar por lá sem me ferir, e não me recordo de forma alguma de como cheguei a beira do barrando de onde pulei para salvá-lo.
    MUITO ESTRANHO….

  • Vanderlei:

    Interessante esta matéria. Deveria existir mais documentários e pesquisas sobre isto.

  • incrivel:

    o Hulk esta muito parecido com um sapo-boi nervoso!!!

  • Felipe:

    Exemplo disso é o jogo Left 4 Dead 2, em que o jogador pode usar seringas de adrenalina. O personagem corre o dobro, deixando os outros para trás, além de atirar com mais precisão e rapidez.

    • Carlos Machado:

      hehehehehehehehehe, bem pensado, ruim é quando a adrenalina acaba e o tank ainda esta vivo!!! hahuahehehehe

  • Paulo:

    Eu já vivi situações assim: certa vez, estava no trabalho, os meus colegas estavam a uns armários para a sala ao lado. Entretanto, o patrão irritou-me e para evitar chatear-me, fui ajudar os meus colegas. Quando cheguei lá, estavam 3 indivíduos a tentar mover um armário metálico, também cheio de objectos, era tão pesado que não se movia. Eu cheguei de repente, pedi para afastarem-se e surpresa das surpresas, eu empurrei o armário, como se fosse feito de cartão.
    Ora, eu não sabia que o armário era tão pesado e também não necessitei de me esforçar muito, é como se tivesse super-poderes. No dia seguinte, fui lá de novo para ver se dava…mas já não consegui.
    Eu penso que não está relacionado com adrenalina ou coisa parecida, a receita é muito antiga: FÉ! Sim, aquela que move montanhas, também move armários super-pesados.
    Esta, prova que Jesus Cristo tinha razão. Temos tudo o que é necessário para conceber milagres, mas falta a Fé.
    Já me aconteceram coisas ainda mais surpreendentes, mas fica para a próxima.

    • Raul:

      Cara, mas nesse exemplo você não moveu o armário por força da fé, moveu porque estava com raiva! Você não teve fé que moveria o armário porque nem sabia que ele era pesado! Na verdade, o que se tira do seu exemplo é “raiva e adrenalina movem montanhas”.

  • Pedro Vaz_De_Angola:

    O mesmo acontece nos Clássicos e Derby de futebol, por mais que uma das equipas esteja abaixo da forma, quando se encontram, são iguais uma a outra, porque os jogadores mentalizam que o esforço deverá ser maior.

  • Marc4 all:

    ta mas qlqr um erraria , o cara me escreve CAVALLO, por duas vezes e no fim da materia ele me muda pow…

  • eduardo:

    Vi um documentário no History channel mostrando uma incursão simulada de um grupo de marinas americanos… eles fizeram um teste de antes e depois da injeção de adrenalina no líder da equipe… e o resultado foi como o esperado… depois da injeção de adrenalina o cara ficou muito mais concentrado… apurou mais os reflexos e terminou a prova bem antes em comparação com a simulação sem a substância…

  • Espectro:

    É importante salientar que, eventualmente, este esforço extra custa caro. Já li sobre casos semelhantes onde posteriormente o preço foi pago. Em um caso, após um naufrágio, o marido nadou por horas em busca de socorro para a esposa e 1 semana depois teve um infarto devido ao esforço excessivo. É claro que, para um pai, não existe preço para salvar a vida de um filho.

    • Guilherme Euripedes:

      Assim como não há preço para um marido que ama sua esposa.

      Aqui no Brasil também houve um caso de uma mulher que levantou uma viga pra tirar o filho, não?

  • Cesar:

    Muito boa materia, gostei!

    Lembro de uma vez que o menor menino da rua correu mais que todos os outros meninos grandes pq tinha um cachorro atras dele. Foi até engraçada a cena.. hahahaha

    ———–
    Coloquem da onde são os melhores comentarios da tabela ao lado, nao tem graça ler os melhores comentarios sem saber de onde são.. ;D

    • Cesar:

      Xará, é só clicar no nome do autor que você vai direto para o comentário.

  • Sandro Wosniak:

    Angela fez jus ao sobrenome!!!

    • André:

      É Cavello, não cavalo…

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