Cientistas criaram um raio trator que pode arrastar objetos a distâncias de até 20 centímetros. Você pode pensar: “Mas, poxa, 20 cm não é nada”.
Contudo, para esse tipo de equipamento, essa distância não só é enorme como ultrapassou todas as fronteiras estabelecidas em experiências anteriores, já que o recorde era cerca de 100 vezes menor.
O laser, que tem forma de uma rosquinha gigante – formato que estamos acostumados a ver em filmes de ficção científica -, também é reversível, o que significa que pode repelir ou atrair objetos.
O que é um raio trator?
Não é só o formato do raio trator que é inspirado nos filmes de ficção científica. Seu princípio é muito semelhante. Nos filmes, podemos ver naves como a Enterprise utilizando o raio trator para sugar objetos no espaço. O raio trator usado pelos cientistas faz mais ou menos a mesma coisa.
Ele utiliza espécies de pinças ópticas que agarram moléculas no ar e as suspendem em uma armadilha, capturando-as. Essa tecnologia também permite que os cientistas manipulem com precisão e movam essas moléculas.
E mover uma molécula a uma distância de 20 cm é algo realmente incrível.
Outras aplicações do raio trator
No futuro, estes feixes do raio trator podem ser usados para estudar os poluentes atmosféricos, por exemplo, ou para recuperar partículas de um material delicado para análises em laboratório. O que significa que essa tecnologia abre um mundo de novas possibilidades para diversas áreas de pesquisa.
Raios tratores anteriores já eram capazes de fazer experiências utilizado o impulso de partículas de luz (chamados de fótons) para transmitir movimento. Mas o último dispositivo criado é diferente. Ele usa a energia do laser para aquecer as partículas e o ar à sua volta.
A construção do novo raio trator
Para criar esse novo dispositivo, os pesquisadores usaram um feixe de laser oco em um laboratório da Universidade Nacional Australiana (ANU), em Canberra. O laser é brilhante em torno das arestas e escuro no seu centro. Eles então usaram esse laser para manipular esferas de vidro ocas com cerca de um quinto de milímetro de diâmetro.
As partículas ficam presas no centro do feixe de escuro. Então a energia do laser atinge a partícula e percorre ao longo da sua superfície, onde é absorvida e cria pontos quentes. Depois, partículas de ar que colidem com esses pontos quentes consequentemente se aquecem e são atiradas para fora da superfície, o que faz com que a partícula recue na direção oposta.
Mudando a polarização do feixe de laser (a direção em que as ondas de luz vibram), eles foram capazes de mover a posição do ponto de acesso para manipular as esferas de vidro.
“Podemos passar suavemente de uma polarização para outra e, assim, parar a partícula ou anular a sua direção à vontade”, disse o Dr. Cyril Hnatovsky da ANU, o co-autor do projeto.
A técnica utilizada pelos pesquisadores é versátil, pois requer apenas um único feixe para empurrar ou puxar os objetos. A ideia dos cientistas agora é encontrar maneiras de ampliar esse efeito, porque como lasers mantêm a qualidade de seus feixes a longas distâncias, isso poderia funcionar a mais metros.
A única coisa que impede esse próximo passo, segundo o também coautor do projeto, Dr. Vladlen Shvedov, da ANU, é que o laboratório deles não é grande o suficiente. [BBC]