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Síndrome Truman: Pessoas acham que vivem dentro de um reality show

Um homem apareceu em um prédio Federal nos EUA pedindo para que fosse libertado do reality show que estava sendo feito sobre sua vida.

Outro acreditava que todos os seus movimentos estavam sendo secretamente filmados para um concurso de TV. Um terceiro acreditava que tudo na sua vida (os noticiários, seu psiquiatra, etc.) eram parte de uma farsa e ele era o astro involuntário de um programa como no filme o Show de Truman, de 1998.

A síndrome de Truman está sendo documentada há alguns anos e algumas dezenas de pacientes já foram diagnosticados. Mas os especialistas ainda discutem se ela seria uma doença nova e distinta — causada pelo alto valor que a cultura popular coloca na fama — ou apenas uma faceta de um dlírio paranóico, como as que podem ser causadas pela esquizofrenia e algumas demências, por exemplo.

Grande parte dos pacientes diagnosticados pelo Dr. Joel Gold, dos EUA, com a síndrome fizeram referência direta ao filme “The Truman Show” (título em inglês), protagonizado por Jim Carey. Joel começou a apresentar suas descobertas em 2006 e desde então descobriu cerca de 50 pacientes com sintomas similares.

No filme de 1998, Jim Carey representa Truman Burbank, que desde recém nascido vive em um grande cenário, representando involuntária e inconscientemente o protagonista de um reality show. A luta do protagonista no filme para se libertar do mundo da ficção é emocionante, mas para os pacientes com a síndrome de Truman é terrível.

Poucos dos pacientes se orgulham da sua celebridade ilusória e muitos se sentem com a sua privacidade invadida. Um dos pacientes foi diagnosticado com esquizofrenia e não pode trabalhar, outro pensava em tirar a própria vida caso não conseguisse libertar-se de seu big brother.

Não é incomum os psiquiatras observarem um indivíduo que pensa que seus pais foram substituídos por impostores. Mas, diferente de outras doenças psiquiátricas, a síndrome de Truman é bem mais envolvente, pois não inclui apenas indivíduos, mas sim a sociedade em geral.

Existem muitas categorias de delírios e pesquisas descobriram que tecnologia e cultura podem afetá-las. Muitas pesquisas recentes relataram delírios ligados à internet como a de uma paciente austríaca que acreditava que era uma webcam ambulante. Segundo os psiquiatras, que realizaram o estudo publicado em 2004, os programas reality show ajudaram a convencer a paciente que delírios eram plausíveis.

Especialistas afirmam que a habilidade da internet em transformar estranhos em pessoas íntimas, unido com os reality shows pode compor uma pressão psicológica em pessoas que já tinham problemas em lidar com os demais. Segundo eles as pessoas que tinham predisposição em ficarem doentes estão, no mínimo, ficando doentes com mais rapidez.

Outros pesquisadores não estão convencidos, mesmo assim consideram a “síndrome Truman” uma interessante ligação entre a cultura popular e saúde mental. [CNN]

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