Um sorriso vale mais que mil palavras. Mas quais palavras, exatamente? Palavras sinceras, palavras falsas? Um sorriso pode significar apenas um “sim”, ou pode parecer um “sim” e significar um nervoso “apenas pare de falar”.
Usamos um sorriso para esconder o nosso desconforto, para reagir à dor, à tristeza ou ao desgosto, ou às vezes para mostrar que estamos tristes ou decepcionados. Contudo, há apenas um tipo de sorriso que é usado para transmitir felicidade genuína. É o que os cientistas chamam “O sorriso de Duchenne”, nomeado assim em homenagem ao cientista francês Guillaume Duchenne, que fez a primeira pesquisa (embora bastante questionável) sobre o ato de sorrir.
Sorriso verdadeiro X sorriso falso
Não preciso contar para ninguém aqui que algumas pessoas são melhores do que outras na arte de forçar sorrisos. Porém, de acordo com uma pesquisa científica, ainda há uma clara diferença entre um sorriso verdadeiro e um falso.
Tudo tem a ver com a interação dos músculos ao redor da boca e as bochechas com os músculos dos olhos, e só há uma única combinação desses movimentos musculares que resulta em um sorriso que significa felicidade ou contentamento. Todos os outros tipos de sorrisos, incluindo aquele que você dá quando ouve uma piada horrível, pode significar qualquer coisa que vai de tristeza a irritação mal disfarçada.
O experimento de Duchenne
Famoso experimento de Duchenne, o primeiro a respeito desse assunto, envolveu a aplicação de uma corrente elétrica em diferentes áreas do rosto, estimulando os músculos para observar a origem das expressões faciais. Em última análise, ele descobriu que o sorriso que usamos para transmitir felicidade é expressado por meio dos principais músculos zigomáticos nas bochechas, e o músculo orbicular dos olhos e ao redor dos olhos. E é apenas essa combinação de movimentos que fazem a boca e os olhos trabalharem juntos para formar o sorriso mais reconhecível do que conhecemos como felicidade.
Duchenne fez o seu trabalho em 1862. No entanto, todo ele foi desmentido em 1924, com o ainda mais discutível experimento de Carney Landis. O cientista pediu aos voluntários de seu estudo que assistissem a todo tipo de coisa: de pornografia a decapitação de ratos. Enquanto eles assistiam, fotografou suas expressões e, em seguida, partiu para uma análise detalhada de cada uma delas. Assim, ele determinou que havia apenas um tipo de sorriso, e esse seria o sorriso que todos nós usamos, independentemente do que estamos sentindo. Não faz muito sentido, não é?
Mesmo assim, foi somente na década de 1970 que sua teoria foi desmascarada, e pesquisadores da Universidade da Califórnia em San Francisco (Estados Unidos) provaram que Duchenne estava certo desde sempre. Eles mapearam os músculos exatos que foram envolvidos em milhares de expressões diferentes, e descobriram que diferentes músculos formam diferentes tipos de sorrisos. De acordo com esses pesquisadores, existem 17 tipos de sorrisos diferentes, alguns dos quais podem ser identificados por uma inclinação da cabeça ou um olhar para baixo, além de movimentos da boca.
Como identificar um sorriso falso
Algumas das pesquisas mais recentes descobriram que os sorrisos de felicidade genuína e outros tipos de sorrisos começam em diferentes áreas do cérebro. Essa descoberta foi feita ao se estudar os sorrisos de pessoas que tiveram danos no lado esquerdo do seus cérebros. Os resultados indicam que os verdadeiros sorrisos felizes são controlados pela parte do cérebro que regula a emoção, enquanto sorrisos falsos e forçados vêm da mesma parte do cérebro que é responsável por movimentos planejados e que não têm relação com respostas emocionais.
Então, o que tudo isso significa para dizer a diferença entre um sorriso de felicidade e aquele que não é tão verdadeiro assim?
Um sorriso genuinamente feliz é normalmente aquele que envolve não apenas os olhos, mas a pele ao redor dos olhos – aquela pele que a gente costuma chamar de “pés de galinha”. Quando alguém está lhe dando um sorriso falso, muitas vezes a pessoa se concentra mais do que deveria no que a boca está fazendo e, sendo assim, você consegue ver mais dentes que veria caso estivesse recebendo um sorriso real.
Enquanto não há, obviamente, uma razão prática para ser capaz de dizer se uma pessoa está ou não oferecendo um sorriso verdadeiro a você, há também uma correlação entre a felicidade futura, saúde e longevidade. Os mesmos pesquisadores da Universidade da Califórnia coletaram algumas fotos antigas de anuários, de mais de 30 anos atrás, e identificaram sorrisos reais e sorrisos falsos.
Estatisticamente falando, segundo eles, os sorrisos reais se tornaram pessoas mais propensas a serem felizes em seus casamentos e na vida em geral. Essas pessoas também se mostraram mais propensas a serem mais saudáveis e menos propensas a morrer.
Viu só? Um sorriso vale mesmo mais que mil palavras. :)[knowledgenuts]