Quando se trata de combater bactérias que são resistentes a antibióticos, a colistina era a solução até bem pouco tempo. Apesar de existirem bactérias resistentes a ela, esta resistência não era passada para outras bactérias (ou seja, o código genético responsável por esta resistência não era transferido).
No final de 2015, no entanto, os alarmes soaram na comunidade de microbiologistas quando o primeiro gene transferível para a resistência à colistina foi identificado na China. Desde que o relatório da descoberta foi publicado, a comunidade internacional de saúde o tem monitorado, em busca da ocorrência deste gene nos alimentos e em humanos.
Até agora, o gene havia sido identificado na Europa e no Canadá. Os Estados Unidos acabam de entrar nessa lista. Uma amostra clínica de uma infecção urinária, coletada de uma paciente de 49 anos em uma clínica na Pensilvânia, foi testada para suscetibilidade à colistina, e o resultado foi que não havia dose segura de colistina que seria efetiva para tratar aquela infecção bacteriana.
Assim que foi identificada a resistência, amostras da bactéria foram sequenciadas, e o gene responsável pela resistência à colistina, mcr-1, foi identificado. A mesma bactéria foi encontrado em casos na Europa, Canadá e China.
“A colistina é um dos últimos antibióticos ainda eficazes para o tratamento de bactérias resistentes. O surgimento de um gene transferível que dá a resistência a este antibiótico é extremamente perturbador. A descoberta deste gene nos Estados Unidos é igualmente preocupante, e a vigilância contínua para identificar reservatórios deste gene na comunidade militar e outras é crítica, para impedir sua propagação.”
Uma das fontes encontradas para o gene até o momento é uma infecção intestinal em suínos, que contém uma cepa de E. coli que reagiu positivamente para o mcr-1. Ainda não há evidência que conecte estas duas descobertas, mas elas foram suficientes para preocupar as autoridades de saúde.
Por enquanto, os sistemas de saúde estão tratando de tentar conter e evitar mais propagação do gene mcr-1. O assunto é sério – em outro relatório, os pesquisadores sugerem que, em casos de infecção com este tipo de bactéria, metade dos pacientes pode morrer.
Anualmente, segundo o centro de controle de doenças americano, o CDC, pelo menos 2 milhões de pessoas acabam infectadas com outros tipos de bactérias resistentes a boa parte dos antibióticos, e destes, 23.000 morrem a cada ano como resultado destas infecções. [ScienceDaily, CNN, Reuters]