Descoberto texto antigo do “pai da medicina” em monastério egípcio

Por , em 12.07.2017

Talvez não haja na história um médico mais famoso do que Hipócrates. Muitos estudantes de medicina de hoje ainda proferem o juramento dessa antiga personalidade, que promete aderir a princípios médicos éticos. Enquanto os detalhes de sua vida permanecem na obscuridade (ainda se debate se ele de fato escreveu o juramento, ou mesmo alguns dos outros manuscritos que carregam seu nome), Hipócrates é amplamente considerado como o “pai da medicina ocidental”.

Agora, arqueólogos acreditam ter encontrado uma das receitas médicas do médico preservadas por estudiosos do século passado durante a renovação da biblioteca mais antiga do mundo, que continua ativa.

Ao realizar restaurações no Mosteiro de Santa Catarina, em Sinai do Sul – uma região remota em uma península no nordeste do Egito – as monges afirmam ter encontrado uma receita do século VI formulada pelo médico. A descoberta foi anunciada por funcionários dos governos egípcio e grego, que trabalharam com pesquisadores da Grécia.

O manuscrito contém uma receita médica que os pesquisadores atribuem ao trabalho de Hipócrates, durante os séculos IV e IV aC. O texto também traz três receitas com imagens de ervas que foram criadas por um escriba anônimo.

O manuscrito era um dos notáveis ​​Palimpsestes do Sinai da biblioteca. Os palimpsestes foram elaborados a partir de couro curtido, cuja produção, para a época, teria sido cara e laboriosa. Como resultado, o conteúdo original de muitos pergaminhos desses documentos foi apagado ou reeescrito para permitir que a produção de um novo manuscrito.

No caso da receita medicinal hipocrática encontrada recentemente, uma segunda camada de texto da Bíblia, conhecida como “Manuscrito Sinaitic”, foi escrita sobre a cópia inicial.

O texto foi examinado por pesquisadores da Biblioteca Eletrônica de Manuscritos Antigos (a Early Manuscripts Electronic Library, ou EMEL), que mantém uma parceria contínua com o Mosteiro de Santa Catarina.

A EMEL usa imagens espectrais para ler os palimpsestes. A técnica é capaz de revelar o texto escondido sob a segunda camada do conteúdo manuscrito, revelando assim o que não pode ser visto a olho nu.

Em entrevista ao jornal egípcio Asharq Al-Aswat, Michael Phelps, pesquisador da EMEL, declarou: “O documento, que contém três textos médicos, será alistado entre os manuscritos mais antigos e os mais importantes do mundo”.

Cerca de 130 palimpsestes conhecidos estão no Mosteiro de Santa Catarina e o conteúdo da escrita apagada, que fica abaixo do texto visível, é amplamente desconhecido em muitos dos documentos.

A região, que se localiza em uma parte relativamente remota do deserto, foi usada pela primeira vez nos séculos III e IV por eremitas e eruditos religiosos. Uma vez que as muralhas e a igreja que cercam a localização histórica foram construídas no século VI, o mosteiro tem sido habitado por monges desde então. Um pequeno número deles ainda vivem e trabalham no mosteiro até hoje, onde observam práticas inalteradas nos últimos séculos.

A própria biblioteca contém cerca de 3.300 manuscritos, escritos principalmente em grego; no entanto, textos escritos em aramaico, georgiano, árabe e latim também foram recuperados. [NationalGeographic]

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