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Coração continua batendo em uma caixa até ser transplantado

Um dispositivo que reanima órgãos retirados de pacientes mortos tem se mostrado promissor em cirurgias de transplante de coração, embora ele esteja levantando algumas preocupações éticas, também.

Como funciona?

O chamado “coração em caixa” utiliza uma tubulação de oxigênio para bombear o sangue e eletrólitos em corações de pacientes recentemente falecidos, permitindo que o órgão continue a funcionar dentro de uma câmara.

O sistema, desenvolvido por uma empresa com sede em Massachusetts, nos Estados Unidos, foi usado com sucesso em pelo menos 15 transplantes no Reino Unido e na Austrália, e está aguardando aprovação regulatória para ser utilizado também nos EUA.

O que muda?

Até agora, os corações utilizados para transplantes eram apenas extraídos de pacientes com morte encefálica; os de pacientes mortos eram considerados danificados demais para o processo.

Uma vez removido, o coração também é armazenado e transportado em temperaturas frias para evitar uma deterioração rápida, embora os cientistas também usem este novo dispositivo para manter os órgãos como o coração quente e funcionando a todo vapor.

Isso, dizem os médicos, poderia aumentar o volume de corações doados em algo em torno de 15 e 30%.

A questão é saber se os corações estarão sendo prejudicados ou não.

Os desenvolvedores da nova tecnologia dizem que não.

O que falta para colocá-lo em prática, então?

Alguns afirmam que o dispositivo de quase um milhão de reais ainda é muito caro para ser implantado amplamente, e que precisa de uma maior automatização. Para especialistas em ética médica, a questão é quanto tempo os cirurgiões devem esperar antes de retirar um coração que parou.

E como um médico pode dizer que o dano é irreversível, quando a função circulatória é restaurada em um corpo diferente?

O transplante de coração ainda não é uma decisão médica

E nem deve ser.

Para alguns especialistas, a tendência é que a gente esqueça o porquê de querermos estar transplantando esses órgãos. Os pacientes potenciais doadores podem ser considerados mortos pela equipe médica, mas a decisão de doar seus órgãos é, em última instância, uma decisão dos membros da família. [theverge]

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