Tratamento com dispositivos intra-uterinos podem ajudar mulheres com câncer

Por , em 30.09.2010

Uma nova pesquisa demonstrou que os dispositivos intra-uterinos, chamados DIU, podem funcionar como tratamento para mulheres que estão nos estágios iniciais do câncer de endométrio, um câncer do útero.

O estudo foi o primeiro a testar o DIU como um tratamento para câncer de endométrio em um ensaio clínico. Os resultados são promissores, mas, segundo os cientistas, os estudos precisam ser replicados em um grupo maior de mulheres antes do tratamento ser disponibilizado às pacientes.

Os pesquisadores testaram o tratamento em mulheres de 40 anos na Itália entre 1996 e 2006. 20 delas tinham uma doença pré-cancerosa do endométrio, e 14 tinham estágios iniciais de câncer de endométrio, que estava presente apenas na camada interna do útero ou do endométrio.

Todas receberam injeções hormonais para bloquear o desenvolvimento do câncer. Os dispositivos intra-uterinos liberaram o hormônio para inibir o crescimento de uma determinada camada do útero. O tratamento foi eficaz, e em alguns casos fez com que o câncer desaparecesse completamente.

Após um ano de tratamento, 19 das pacientes (95%) com o pré-câncer não mostraram sinais da doença, mas quatro precisaram ser tratadas novamente mais tarde. Oito pessoas com câncer de endométrio (57%) viram seu câncer desaparecer em seis meses, mas duas tiveram que fazer novamente o tratamento.

Segundo os pesquisadores, o DIU, muito utilizado na contracepção, também permite que a mulher preserve sua fertilidade.

O câncer endometrial é o câncer mais comum do sistema reprodutivo feminino. Nos Estados Unidos, ele afeta mais de 40.000 mulheres a cada ano. O tratamento usual é a histerectomia, que remove o útero e os ovários, e assim impede as mulheres de terem filhos após o tratamento.

A maioria das mulheres desenvolve câncer de endométrio após 40 anos de idade, mas cerca de 3 a 5% dos casos ocorrem em mulheres mais jovens. Às vezes, para as mulheres que ainda querem ter filhos, são prescritos medicamentos orais, para que elas não precisem fazer uma histerectomia imediatamente.

No entanto, esses medicamentos podem ter efeitos colaterais, incluindo dores de cabeça, náuseas, vômitos, erupções na pele e sangramento uterino anormal. O tratamento com o DIU evita esses efeitos colaterais, pois o dispositivo fica perto do local do câncer, então pode oferecer doses menores de hormônios.

As mulheres que responderam bem ao tratamento, ou seja, o câncer não voltou ou cresceu, foram autorizadas a remover o DIU após um ano e puderam planejar uma gravidez. 9 das 34 mulheres conseguiram engravidar, algumas mais de uma vez. Todas as participantes ainda estavam vivas no final do estudo, 10 anos depois.

Os pesquisadores agora querem saber porque o tratamento funciona melhor para algumas pessoas. Marcadores genéticos podem ser capazes de identificar quais pacientes respondem bem ao tratamento do DIU.

Os pesquisadores acreditam que as pacientes que não apresentaram resposta completa ao tratamento provavelmente têm alguma mutação genética específica do câncer, e é por isso que não respondem ao tratamento hormonal.

Em última análise, eles pensam que as pacientes devem ser avaliadas para este tratamento, e selecionadas somente se os médicos estiverem certos de que elas vão se beneficiar dele. [LiveScience]

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