Um asteroide colidiu com uma estrela morta e liberou uma das explosões mais poderosas do universo
Novas pesquisas sugerem que as explosões mais breves e brilhantes do universo podem ser desencadeadas quando asteroides azarados colidem com estrelas colapsadas. Há anos, os astrônomos têm ficado intrigados por um tipo de explosão extremamente poderosa conhecida como explosão de rádio rápida (FRB, na sigla em inglês). Essas explosões ocorrem aleatoriamente por todo o céu, duram apenas alguns milissegundos e representam algumas das explosões mais poderosas do universo.
Mas em 2020, os astrônomos tiveram uma sorte grande quando descobriram um FRB em nossa própria galáxia. Observações subsequentes localizaram a fonte do FRB: um magnetar. Magnetars são um tipo especial de estrela de nêutrons (um remanescente ultradenso de uma estrela gigantesca explodida) e possuem os campos magnéticos mais fortes do universo. Os magnetars mais fortes têm campos magnéticos quadrilhões de vezes mais fortes que o da Terra.
Pouco antes do surgimento do FRB, os astrônomos viram algo estranho acontecer com o magnetar: ele teve um soluço. Magnetars, assim como todas as estrelas de nêutrons, giram incrivelmente rápido e com precisão. Esse magnetar em particular tinha um período de rotação de apenas 3,9 segundos, o que é impressionante considerando que ele pesa mais que o sol, mas está compactado em uma esfera com apenas alguns quilômetros de diâmetro. Quando os magnetars têm soluços, eles mudam repentinamente sua velocidade de rotação. Isso naturalmente libera uma quantidade enorme de energia que poderia potencialmente gerar uma explosão de rádio rápida.
Apesar de evidências observacionais de que soluços de magnetars levam ao surgimento de FRBs, os cientistas ainda não conseguiram descobrir o mecanismo preciso por trás desse fenômeno, embora várias ideias tenham sido propostas. Em um artigo publicado em 25 de maio na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, uma equipe de pesquisadores sugeriu um cenário surpreendente: eles acreditam que quando um magnetar libera um FRB, estamos presenciando os últimos suspiros de um asteroide sendo despedaçado.
O cenário é o seguinte. Um asteroide rico em ferro aleatório acaba se aproximando demais de um magnetar. A intensa gravidade do magnetar então dilacera o asteroide em milhares de fragmentos. Alguns desses fragmentos entram em órbita ao redor do magnetar, o que afeta o momento angular da estrela morta, alterando sua velocidade de rotação e levando a um soluço.
Os fragmentos restantes do asteroide caem de sua órbita e começam a se dirigir para a superfície do magnetar. À medida que isso ocorre, eles atravessam a região dos campos magnéticos mais intensos do magnetar. Por serem ricos em ferro, eles possuem muitas cargas elétricas. A interação das cargas elétricas se movendo em alta velocidade por meio desses campos magnéticos incrivelmente fortes leva à formação de radiação. É essa radiação que vemos como uma explosão de rádio rápida.
Esse cenário é interessante porque os astrônomos também observaram FRBs associadas a antissoluços, que ocorrem quando a rotação de um magnetar diminui repentinamente. Esse novo cenário proposto também pode explicar o antissoluço. Basta que o asteroide esteja se movendo na direção oposta à rotação do magnetar quando ele é despedaçado.
É claro que essa é apenas uma explicação possível para um tipo de FRB. Pesquisas recentes sugerem que pode haver mais de um mecanismo por trás dos FRBs, alguns dos quais se repetem em intervalos regulares e outros que piscam apenas uma vez antes de desaparecerem para sempre. Mais pesquisas são necessárias para entender completamente esses sinais misteriosos do espaço profundo. [LiveScience]