Aviões costumavam ser veículos luxuosos, cheios de porcelana fina e requinte. Ao longo dos anos, a glória de voar sumiu e deu lugar aos terríveis voos econômicos. Filas enormes, comida porcaria (ou nenhum alimento, o que às vezes pode ser até melhor) e os malditos assentos do meio. Mas as coisas podem sempre piorar, graças às companhias aéreas desesperadas para ter mais lucros amontando o maior número possível de pessoas dentro da cabine.
Normalmente, isso significa tirar o espaço (já restrito) para as nossas pernas e ombros. Mais de uma companhia aérea já chegou a explorar opções de passageiros ficarem em pé durante voos curtos.
Um dos poucos confortos que nós, passageiros da classe econômica, temos é o nosso direito enfiar fones de ouvido para abafar os ruídos, encarar a parte de trás do assento na frente de nós, rezar para a pessoa ao lado não querer puxar papo e fingir que estamos em uma praia ou em casa ou em uma jaula com um tamanho bacana – sério, qualquer outro lugar.
Mas agora até mesmo essa mínima faísca de alegria está em risco.
Sempre dá para piorar
A empresa Zodiac Seats France, um fornecedor da indústria, patenteou uma nova configuração de assentos que arranca o (horrível) assento do meio em favor de um que fica de frente para os passageiros de trás. Na “Economy Class Cabin Hexagon” (“Cabine Hexágono da Classe Econômica”, em tradução livre) você ganha mais vizinhos do que nunca e eles ficam bem na sua cara.
O objetivo do projeto é “aumentar a densidade cabine além de criar unidades de assento que aumentam o espaço disponível na área do ombro e braço”. Sendo justa, realmente parece que estes assentos fazem isso – já que você não está mais virada para a mesma direção do seu vizinho imediato, há mais espaço para os ombros. E se você estiver viajando com seu filho ou cônjuge, estar cara-a-cara pode até não ser terrível.
Mas se você estiver perto do tipo de pessoas que normalmente se senta ao seu lado em aviões, seria, no mínimo, horrível. Pelo menos se todos estão na mesma direção, você pode fingir que todos aqueles protótipos de humanos enlatados não existem. Mas no caso dessa novidade, não há a menor chance de isso acontecer com tanto sucesso.
Longe da realidade
Em agosto do ano passado, uma patente da Airbus de um capacete de realidade virtual para mascarar a dor de ser transportado por via aérea econômica deixou muita gente horrorizada. Agora, ela chega a soar como uma ideia decente.
A boa notícia é que o “hexágono” é apenas uma patente, e a Zodiac não tem planos públicos para torná-lo realidade. Se isso acontecer, teria de passar por uma bateria de testes, incluindo a capacidade dos passageiros serem evacuados rapidamente e dos assentos de suportar forças intensas em caso de um acidente.
Então, aproveita que ainda dá tempo de fazer uma poupança para comprar seu jatinho particular ou, pelo menos, um assento da classe executiva. [Gizmodo, Wired]