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Vida agitada de embrião: cérebro desperta antes do nascimento

Um novo estudo descobriu que os bebês das aves ficam acordados e com cérebros ativos antes mesmo de eclodirem dos ovos.

Para descobrir isso, os pesquisadores usaram uma técnica de escaneamento do cérebro capaz de detectar pequenas mudanças nos níveis de moléculas de açúcar. No geral, áreas com mais açúcar são mais ativas. Com essa técnica, eles analisaram os cérebros de embriões de galinha nos últimos 30% do tempo que eles passaram em seus ovos.

O resultado foi incrível: quando os bebês já estavam 80% formados (já haviam passado 80% do seu tempo total no ovo), eles passaram a ter períodos de atividade cerebral, às vezes em um padrão de sono, às vezes em um padrão de vigília (acordados).

Antes disso, era como se os embriões estivessem em “coma”, fazendo alguns movimentos espontâneos. Depois disso, eles passaram a “dormir”, e acordavam e se mexiam de acordo com sons relevantes (como barulho feito por outras galinhas).

A marca de 80% no desenvolvimento corresponde ao começo da atividade de regiões do cérebro responsáveis por processos complicados de aprendizagem, o que significa que os filhotes podem até começar a aprender, e são “acordados” por sons de outros da sua espécie, antes de nascer.

“Mostramos que os cérebros de embriões podem funcionar de uma forma ‘acordada’ mais cedo do que se pensava anteriormente – bem antes do nascimento. Como os cérebros adultos, os cérebros de embriões também possuem um circuito neural que monitora o ambiente para seletivamente ativar o cérebro durante eventos importantes”, explicou o pesquisador do estudo, Evan Balaban, da Universidade McGill, no Canadá.

No entanto, os pesquisadores ainda não entendem direito esse processo e não sabem qual a vantagem dele. De qualquer forma, eles dizem que é muito provável que os fetos humanos também desenvolvam essas funções cerebrais integradas antes do nascimento, e por isso uma melhor compreensão do fenômeno pode ajudar os cientistas a detectar problemas com bebês prematuros.

Se uma certa atividade cerebral realmente ocorre antes do nascimento nos seres humanos, isso pode ter consequências para bebês prematuros, que nascem muitas vezes antes de completarem 80% de desenvolvimento (marca de cerca de 30 semanas de gestação).

Aliás, existem suspeitas de que os seres humanos poderiam até mesmo usar mais tempo no útero de suas mamães, mas porque elas não conseguiram “expelir” crianças tão grandes, nós terminamos nosso desenvolvimento no “lado de fora” mesmo.

Especialistas dizem que o cérebro dos recém-nascidos humanos (assim como de macacos e de Neandertais) crescem muito rapidamente, mais do que duplicando até atingir 60% do seu tamanho adulto no momento em que assopra sua primeira vela de aniversário.

Segundo Balaban, se um bebê nasce cedo demais e seu cérebro fica ativo antes de estar preparado, isso pode gerar problemas a longo prazo.

Por exemplo, um estudo com 1,7 milhões de crianças norueguesas descobriu que bebês nascidos fora do tempo normal (adiantados ou atrasados) têm um risco maior (embora ainda baixo) de paralisia cerebral, termo coletivo para várias doenças que envolvem o cérebro e o sistema nervoso.

Outra pesquisa da Universidade de Helsinki, na Finlândia, com mais de 200 bebês prematuros que nasceram com menos de 1,5 quilos, concluiu que nascer antes do tempo não causa sérias deficiências cerebrais, mas tende a reduzir a capacidade mental das pessoas.[LiveScience, LiveScience2, Compuland]

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